DASLIK QUER PROMOVER PARCERIAS ENTRE AS INDÚSTRIAS BRASILEIRA E HOLANDESA NO SETOR DE ÓLEO E GÁS
A expansão do mercado de óleo e gás, impulsionada pelo pré-sal, tem atraído muitas empresas estrangeiras para o Brasil, mas o movimento contrário também é forte, já que muitos dos investimentos que chegam surgem depois de buscas no exterior. A Daslik Consultancy & Trading BV surgiu na Holanda, no início do ano, para atuar nesse meio do caminho, com o intuito de ser um elo entre a indústria holandesa e a indústria brasileira. A presidente da empresa, Livia Folkerts, conversou com o repórter Daniel Fraiha e contou um pouco sobre os planos em andamento.
Como foi a decisão de montar a Daslik?
Na realidade, o processo foi o inverso. Primeiro decidi vir morar na Holanda. Uma vez estabelecida, decidi montar a empresa. Trabalhei quase 30 anos no segmento de óleo e gás no Brasil, então é a minha especialidade e a minha paixão.
Por que a escolha da Holanda para começar a atuar?
Sou descendente de holandês e tenho família na Holanda. Além disso, já trabalhei no Brasil com empresas holandesas, então conheço bem a cultura e o modo de atuar deles.
Que tipos de tecnologias você acredita que são mais interessantes para o Brasil no momento em óleo e gás?
A Daslik Consultancy & Trading BV tem duas vertentes. A primeira (consultancy) tem como objetivo identificar novas tecnologias na área de equipamentos assim como melhorias, otimização e racionalização de processos, visando o aumento de eficiência. Ou seja, como fazer melhor e mais rápido e assim aumentar a produtividade e consequentemente a lucratividade da empresa? Estamos buscando soluções inovadoras. Não pretendemos “chover no molhado”, levando equipamentos que já existem no Brasil. O foco é o segmento de óleo e gás, mas pretendemos atuar também no segmento de tratamento de água e efluentes, assim como em outros segmentos da indústria de energia. Similarmente, queremos atrair empresas brasileiras para cá.
E a segunda…
A segunda vertente (trade) tem como objetivo distribuir produtos brasileiros na Holanda e vice-versa. No caso dos produtos brasileiros, estamos pensando também em confecção, artigos de couro ou até mesmo artesanato. Queremos ser um agente facilitador entre os dois países. Uma referência. Temos parceiros diferentes cuidando de cada segmento dentro de cada vertente. Do segmento de óleo e gás, cuido eu.
O Brasil ainda carece de muitas tecnologias inovadoras em algum segmento de óleo e gás?
Não creio. Na minha opinião, a defasagem está na cadeia de equipamentos e serviços. Os processos poderiam ser melhorados e otimizados para aumentar a competividade das empresas. Refiro-me às pequenas e médias.
Você pretende concentrar a busca de tecnologias inovadoras em algum segmento específico da área de óleo e gás?
Sim. Equipamentos e serviços para exploração e produção. Porque, além de ser minha especialidade, a demanda para eles até 2020 é gigantesca.
Pode contar de alguma tecnologia nova que vem sendo testada na Europa e que você acredita ser interessante trazer ao Brasil no futuro?
Identificamos dois produtos inovadores, sendo que a utilização de um deles pode otimizar bastante um determinado tipo de processo. Ainda não podemos divulgar, pois estamos em fase de negociação para conseguir a exclusividade para atuação no Brasil.
Como é a relação da Holanda com a Pesquisa e Desenvolvimento?
A Holanda tem instituições de pesquisa governamentais, além das universidades. As empresas holandesas utilizam bastante estas entidades e firmam convênios para utilização dos seus serviços de pesquisa para desenvolvimento e aprimoramento de seus produtos. Contratam também as universidades para elaborarem estudos em mercados que pretendem penetrar. Eu mesma já ajudei três grupos de estudantes de três universidades diferentes, trabalhando em projetos para empresas diferentes, visando mapear o mercado brasileiro de óleo e gás.
A sua intenção é trazer as tecnologias para o país diretamente para comercializar ou há também um desejo de trazer a fabricação delas para cá, em casos mais significativos?
Depende da escala. O ideal é levar a fabricação para o Brasil através de parcerias ou joint ventures com empresas brasileiras já estabelecidas no mercado e, assim, criar mais empregos. Mas, como disse, depende da escala e dos interesses mútuos.
Como você vê a Pesquisa e Desenvolvimento em óleo e gás no Brasil hoje? As empresas poderiam fazer mais neste sentido? O que você apontaria como uma forma de melhorar esse quadro?
Acho que as empresas brasileiras deveriam utilizar mais as universidades, firmando convênios empresa-universidade para pesquisa, desenvolvimento e aprimoramento de seus produtos. Diria que este processo já começou e que o esforço de certos órgãos é grande para viabilizar isto. Ao meu ver, ainda é incipiente no Brasil, mas estamos na curva ascendente do aprendizado. As empresas precisam “comprar” mais esta ideia.
Como está sendo a rotina de trabalho inicial da Daslik? Quais são as expectativas a curto e médio prazo?
De muito aprendizado e trabalho. Existem programas de assistência gratuitos a novas empresas holandesas através do Ministério de Economia e da Câmara de Comércio que ensinam como exportar, como importar, terceirização, legislação fiscal e contábil, para citar alguns exemplos. Na língua holandesa, claro. Estou aprimorando a minha fluência para fazer negócios e conseguir acompanhar estes programas em holandês. A médio prazo, o nosso maior desafio é conseguir realizar tudo aquilo que estamos nos propondo a fazer.
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