DELOITTE DIZ QUE TRANSFORMAÇÃO DIGITAL DA INDÚSTRIA DE ÓLEO E GÁS BRASILEIRA AVANÇOU, MAS AINDA ESTÁ LONGE DA MATURIDADE

avatar-eduardo-raffainiA transformação digital é um tema do dia a dia na indústria de óleo e gás, especialmente após o início da pandemia de covid-19. Contudo, apesar dos recentes investimentos anunciados pelas petroleiras em tecnologias digitais, essas empresas ainda estão com um grau relativamente baixo de maturidade na jornada de transformação digital em comparação com outros segmentos. Esse é o principal apontamento de uma nova pesquisa realizada pela Deloitte. O trabalho também traz conclusões sobre o Brasil, indicando que as empresas do país estão adotando muitas iniciativas de transformação, mas que ainda existe um longo caminho a ser percorrido em direção à maturidade digital. O sócio e líder de Capital Projects & Asset Transformation e de Óleo e Gás da Deloitte, Eduardo Raffaini (foto), vê uma série de pontos que precisam ser trabalhados pelas empresas de óleo e gás para, de fato, dar mais robustez a esse processo de digitalização.

Os maiores desafios se encontram em avançar na digitalização de processos, na extração de valores dos dados de forma mais eficiente, em modelos de colaboração, no maior estímulo à capacitação massiva em habilidades digitais, na estruturação de processo de inovação e na mudança cultural. Com esse raio-x que o relatório da Deloitte traz sobre o tema, as organizações do setor de óleo e gás poderão se conscientizar e focar na construção de iniciativas para avançar no desenvolvimento da transformação digital dessa importante indústria no Brasil”, analisou Raffaini.

img_keyvisual_post_kw46_DIGITAL_TWINA pesquisa revela que a maioria dos entrevistados entende de assuntos digitais. Esse número sobe para 100% entre as petroleiras participantes. Para 88% dos respondentes, suas organizações colocam ênfase significativa nas formas digitais de trabalho, e praticamente o total de participantes (98%) acredita que o digital tem a capacidade de causar um impacto positivo nas atividades das empresas e nas equipes. Contudo, 40% das petroleiras responderam que iniciativas digitais muitas vezes resultaram em aumento de trabalho e geraram pouco benefício, indicando um risco de que o desenho dessas iniciativas tenha sido insuficiente ou mesmo que sua completa implementação enfrente desafios para gerar o valor esperado.

O estudo revela ainda que 34% dos entrevistados afirmaram que sua empresa recém começou ou ainda está por começar sua jornada no digital. Essa própria autoavaliação é um bom indicativo de que a jornada de transformação digital no setor ainda é longa, e as demais análises no estudo reforçam essa visão. “A transformação pela qual estamos passando é disruptiva e requer estratégias arrojadas para maximizar os benefícios que ela pode trazer. O estudo da Deloitte mostra que há consciência dos desafios, mas que há ainda muito a ser feito para que estes benefícios se realizem”, analisou o secretário executivo da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Petróleo (ABESPetro), Telmo Ghiorzi (foto à esquerda). A Abespetro, o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) e a Agência Nacional do Petróleo (ANP) apoiaram a realização da pesquisa.

A maioria das empresas (72%) conta com uma estratégia digital em vigor, e 66% afirmam que apoiam o autoaprendizado e fornecem orientação em treinamento digital aos profissionais. Já 64% das organizações dizem ter funções digitais em toda a empresa, e não só na área de tecnologia da informação. Entretanto, apenas 52% têm programas de habilidades digitais e capacitação, e somente 44% ressaltam que mais de um terço da organização participou de algum treinamento digital no último ano. Esses dados ressaltam a importância de desenvolver habilidades do digital nas organizações em larga escala.

deloitteA pesquisa revela que 56% das organizações têm uma estratégia diversificada para o desenvolvimento de iniciativas digitais, combinando a compra de soluções prontas do mercado, soluções desenvolvidas sob medida e parceria com terceiros. 56% das organizações têm um processo estruturado para gerir a inovação de ponta a ponta, e pouco mais da metade (51%) tem um funil central para receber e incorporar ideias — o relatório indica que o ideal nessas duas variáveis seria de 70%, para indicar um processo de inovação mais maduro. Outro ponto que chamou atenção é que apenas 30% das organizações têm um orçamento central definido para inovação e mais de 20% não têm apoio financeiro disponível.

Entre as tecnologias mais utilizadas pelas empresas do setor, estão relatórios automatizados (66%), aplicativos nativos da nuvem (57%), dashboards (55%), nuvem/SaaS (software como serviço) (53%) e automação robótica de processos (53%). Todas essas tecnologias foram apontadas pelos entrevistados como implementação generalizada em andamento ou amplamente utilizada. Entre as tecnologias com mais ensaios e pilotos em andamento estão câmera de surveys (drones), sistemas autônomos (GRV, AUV, BVLOS) e fabricação aditiva/impressão 3D, sendo exploradas por aproximadamente 50% das organizações participantes. Por outro lado, em pelo menos três tecnologias, mais de 40% dos respondentes não souberam informar se estão sendo implantadas de forma generalizada ou ao menos exploradas. Ainda que uma parte dos respondentes não sejam os líderes de tecnologias de suas empresas, esse resultado indica que uma estratégia de adoção tecnológica descentralizada pode dificultar uma percepção integrada de uso na organização, de acordo com o relatório.

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