DEPOIS DA QUEBRA DO CONTEÚDO LOCAL, ONIP CORRE O RISCO DE ACABAR
A articulação pela quebra do conteúdo local parece não ter fim no Brasil e agora quem corre risco é a Organização Nacional da Indústria do Petróleo, que representa a cadeia de fornecedores de bens e serviços do setor, mas pode estar com seus dias contados. O Petronotícias teve uma informação de que a Petrobrás e o IBP estariam capitaneando a suspensão, como dois grandes apoiadores da entidade, de todo apoio financeiro à organização, que já estaria enfrentando dificuldade de recebimento das federações e associações que funcionam como mantenedoras.
Criada em 1999, como uma entidade privada sem fins lucrativos, a ONIP teve altos e baixos nos últimos anos, mas conta com profissionais de alto gabarito em seu quadro, como o superintendente Bruno Musso, entre outros, que trabalham fortemente em prol da indústria. Em sua gênese, a organização estabeleceu os seguintes objetivos estratégicos:
– Propor ações para a melhoria da política industrial e para o desenvolvimento e competitividade da indústria nacional.
– Propor ações e articular atores para a remoção de gargalos em fatores de competitividade da indústria nacional.
– Desenvolver e disseminar conhecimento setorial e inteligência dos mercados nacional e internacional.
– Promover interações e contribuir para o desenvolvimento de negócios em favor dos fornecedores nacionais.
– Propor ações com o objetivo de internacionalizar o fornecedor nacional.
Além disso, ela conta com diversos programas voltados ao desenvolvimento da cadeia de fornecedores do setor de óleo e gás, como o programa Multifor, que busca estruturar projetos de desenvolvimento produto/fornecedor sob bases competitivas; o projeto PLATEC – Plataformas Tecnológicas, que proporciona estrutura para interessados em pesquisa e desenvolvimento, identificando as demandas tecnológicas prioritárias nos setores de Navipeças, Campos Inteligentes e E&P Onshore, com o intuito de divulgar oportunidades de negócios e em planos de ação para a geração de produtos e serviços inovadores; e as próprias ações em prol do conteúdo local, que incluem o desenvolvimento de metodologias e suporte técnico ao processo de medição; dentre outras iniciativas.
Com o claro direcionamento para o fortalecimento da indústria brasileira, a entidade de classe congrega uma série de federações de indústrias, como Firjan, Fiesp, Fiemg, Findes, entre outras, e muitas associações, como Abemi, Abimaq, Abdib, ABCE e Abitam, entre outras, além de autarquias como a ANP e governos de 11 estados.
A Petrobrás e o IBP são apenas dois dos muitos associados, mas sem dúvida estão entre os com maior poder de influência, e a posição de ambos recentemente tem sido pelo enfraquecimento da indústria brasileira, o que pode se repetir caso seja confirmado o fim da ONIP. Sob o argumento de atrair investimentos para reaquecer a economia, o que propuseram em relação ao conteúdo local foi a facilidade de realizar os leilões engordando a arrecadação do governo no curto prazo, mas enviando as obras para o exterior, o que esvaziará fortemente o impacto desses projetos na economia nacional, que carece de encomendas e de horizonte para se planejar.
Na agenda do secretário de petróleo e gás do Ministério de Minas e Energia, Marcio Félix (foto), que entende do setor, está prevista para esta quarta-feira (12) uma reunião com o conselho deliberativo da ONIP, na Firjan, no Rio de Janeiro, e o Petronotícias recebeu informações de que esse será o tema principal da conversa.
[…] É como se a entidade respirasse por aparelhos. Conforme o Petronotícias já havia noticiado, a instituição corria o risco de acabar. No entanto, no bater do gongo, a organização foi salva na última reunião do seu conselho […]