DEPOIS DE A PETROBRÁS DESAFIAR A AUTORIDADE DE BOLSONARO, BENTO ALBUQUERQUE DEIXA O MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA
Uma notícia que pegou de surpresa o setor brasileiro de energia na manhã de hoje (11). Dois dias depois da Petrobrás desafiar a autoridade do presidente Jair Bolsonaro, o governo anunciou a saída de Bento Albuquerque do Ministério de Minas e Energia. Para seu lugar, o escolhido foi Adolfo Sachsida, que estava atuando como chefe da Assessoria Especial do Ministro da Economia, Paulo Guedes. A informação consta na edição de hoje do Diário Oficial da União. Não haverá cerimônia de posse do novo ministro.
A mudança no comando das Minas e Energia acontece dias após um novo atrito entre o presidente Bolsonaro e o comando da Petrobrás. O chefe do executivo fez apelos para que a estatal não promovesse um novo reajuste nos preços dos combustíveis. O pedido foi ignorado, já que na última segunda-feira a companhia anunciou uma alta de quase 9% no preço do diesel.
“Vocês não podem, ministro Bento Albuquerque e senhor José Mauro, da Petrobrás, não podem aumentar o preço do diesel. Não estou apelando, estou fazendo uma constatação levando-se em conta o lucro abusivo que vocês têm. Vocês não podem quebrar o Brasil. É um apelo agora: Petrobrás, não quebre o Brasil, não aumente o preço do petróleo. Eu não posso intervir. Vocês têm lucro, têm gordura e têm o papel social da Petrobrás definido na Constituição”, disse Bolsonaro durante sua última live, na quinta-feira passada.
A independência da Petrobrás, que mais pareceu um corpo estranho dentro do governo, que faz o que quer, derrubou o ministro. O novo presidente da estatal, José Mauro Coelho, preferiu seguir seu público interno e escolheu enfrentar as orientações do governo, apesar do expressivo lucro de R$ 43,8 bilhões em apenas três meses.
O NOVO MINISTRO: ADOLFO SACHSIDA
Sachsida, o novo escolhido para assumir o Ministério de Minas Energia, estava atuando até aqui na Assessoria Especial de Estudos Econômicos do Ministério da Economia. Doutor em Economia e advogado, ele é autor de vários livros e artigos técnicos sobre política econômica, política monetária, política fiscal, avaliação de políticas públicas, e tributação.
O novo ministro também trabalhou como professor em diversas universidades brasileiras, entre as quais a Universidade Católica de Brasília, onde foi diretor da graduação e do mestrado em economia. Também foi professor de economia da Universidade do Texas, nos Estados Unidos.
Sachsida já se manifestou após sua nomeação como ministro: “Agradeço ao Presidente Jair Bolsonaro pela confiança, ao ministro Guedes pela apoio e ao ministro Bento pelo trabalho em prol do país. Com muito trabalho e dedicação espero estar a altura desse que é o maior desafio profissional de minha carreira. Com a graça de Deus vamos ajudar o Brasil”, escreveu em uma rede social.
HISTÓRICO DE BENTO ALBUQUERQUE À FRENTE DAS MINAS E ENERGIA
O Almirante de Esquadra Bento Albuquerque era um dos poucos ministros que estavam no governo desde o início do mandato de Bolsonaro. O agora ex-ministro é pós-graduado em Ciências Políticas pela Universidade de Brasília; MBA em Gestão Pública pela Fundação Getúlio Vargas; e MBA em Gestão Internacional pela COPPEAD da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Antes de chegar ao comando do MME, Albuquerque chefiou a Diretoria-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha, ocasião em que esteve à frente do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB) e do Programa Nuclear da Marinha (PNM), os principais Programas Estratégicos da força naval.
Devido ao conhecimento que possui sobre a energia nuclear, sua gestão no Ministério de Minas e Energia foi marcada por uma valorização da fonte. O Plano Nacional de Energia 2050 incluiu a indicação de 8 GW a 10 GW de novas centrais nucleares no país durante os próximos 30 anos. Além disso, outra novidade importante com a assinatura de Albuquerque foi a inclusão da fonte nuclear nos planejamentos de 10 anos. O Plano Decenal de Energia 2031 indicou a construção de uma nova usina nuclear de 1 GW no Sudeste.
No setor elétrico, Bento teve de enfrentar a pior crise hídrica do século no país. Sob seu comando, a Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética (CREG) teve de tomar medidas para evitar o pior – um racionamento de energia no país. A volta da chuva e o acerto nas decisões garantiu o fornecimento de energia elétrica ao Brasil e o retorno do volume dos reservatórios a patamares mais elevados.
Já na indústria de óleo e gás, um dos destaques da gestão de Bento foi a realização dos dois leilões dos excedentes da Cessão Onerosa e o início do processo de abertura do setor de gás natural, com o Novo Mercado de Gás.
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