DEZ ÁREAS DA MARGEM EQUATORIAL MAPEADAS PARA A 11ª RODADA DA ANP
A empresa OilFinder, que atualmente é residente na incubadora da Coppe/UFRJ, desenvolveu uma forma de encontrar a fonte das exsudações de petróleo na superfície do oceano a partir de uma modelagem inversa, que estuda os ventos e as correntes marítimas na data da imagem de satélite que apontou os vestígios de óleo. Um dos sócios da empresa, Manlio Mano, conversou com o repórter Daniel Fraiha e contou que já mapearam 10 áreas na margem equatorial para atuarem junto das companhias interessadas na 11ª rodada da ANP.
Como funciona o sistema de modelagem inversa?
São duas etapas. Primeiro utilizamos imagens de satélite para detectar manchas de óleo na superfície do mar, depois classificamos se é poluição, vazamento ou fonte natural – chamada de exsudação. Quando é classificada como exsudação, passamos à segunda etapa, em que é feita uma modelagem computacional, reconstruindo a circulação oceânica, os ventos e etc para aquela data da imagem do satélite e para os dias anteriores. Nesta modelagem há uma série de equações que descrevem o movimento do mar, a temperatura da água, dados de vento, tudo registrado por satélite.
O que vocês já mapearam?
Já fizemos um trabalho com a Petrobras que foi na verdade de validação. Ela já tinha os dados concretos, mas nós pegamos as imagens, fizemos a modelagem inversa de uma área da Bacia de Santos e depois comparamos com os dados dela. Os resultados mostraram que em 80% dos casos os dados estavam compatíveis com o nosso mapeamento. E agora fizemos uma nova série de mapeamentos, pensando na 11ª rodada da ANP. Estamos com 10 áreas da margem equatorial mapeadas, em que utilizamos 500 imagens de satélite e fizemos mais de 3 mil simulações.
Qual o impacto no processo de exploração?
O impacto pode chegar a dezenas de milhões de dólares. Quanto mais se utilizar a técnica no início, maior é o benefício ao longo da cadeia. Ela não veio para competir com nenhuma parte da cadeia, mas para aperfeiçoar. Não veio para competir com a sísmica, por exemplo, que vai continuar sendo necessária, mas se você diminui a área de exploração, você foca a sua análise, de forma que impacta ao longo de toda a cadeia. Para o BDEP (Banco de Dados de Exploração e Produção), em que estamos atuando junto à Petrobras, por exemplo, se for considerada a quantidade de poços perfurados com óleo em relação à área que indicamos, a taxa de sucesso é maior do que em relação à área total. Não podemos divulgar dados sobre isso ainda, mas o índice de sucesso exploratório com a nossa tecnologia é maior.
Já tem muitas parcerias em vista?
Continuamos com a parceria com a Coppe, para podermos usar os supercomputadores; estamos fechando uma parceria com uma empresa internacional de fornecimento de imagens de satélite, que vai minimizar muito os riscos dos estudos; temos o contrato indireto com a Petrobras, feito com a Coppe; e estamos com muitas coisas por vir. Antes de fazermos o planejamento para 2011-2012, o faturamento da empresa estava estimado em US$ 2 milhões, mas com as perspectivas criadas depois do mapeamento que fizemos para a 11ª rodada esses números vão subir. Já estamos em contato com mais de cinco empresas, sendo que três já estamos negociando e podemos fechar a qualquer momento. Além disso, nessas semanas temos mais quatro visitas agendadas.
E nos próximos anos…
Queremos levar isso para o mundo. Estamos fazendo um banco de dados mundial, e começamos a conversar com parceiras para levar o modelo para o resto do mundo. Já estamos fazendo uma análise de perspectiva sobre as áreas de maior interesse para as empresas no mundo para saber aonde vamos nos focar e o que o mercado vai querer de nós.
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