DIAMANTE ENERGIA ESPERA CONCLUIR NO SEGUNDO SEMESTRE OS ESTUDOS SOBRE INSTALAÇÃO DE REATOR MODULAR NO COMPLEXO JORGE LACERDA

pedro-litsekConforme noticiamos no início da semana, as empresas Diamante Energia e Amazul assinaram um memorando de entendimento que pode ser o pontapé inicial do primeiro projeto de pequeno reator modular (SMR) no Brasil. Pelo acordo, as duas empresas vão começar agora a estudar a viabilidade de implantar um SMR no Complexo Termelétrico Jorge Lacerda, em Santa Catarina. O presidente da Diamante Energia, Pedro Litsek, afirmou que os estudos para avaliar as condições do terreno do complexo deverão ser concluídos dentro de três meses. “A tecnologia SMR está sendo amplamente estudada em todo o mundo, com algumas unidades já em operação em alguns países. Acredito que o terreno onde está localizada a usina a carvão Jorge Lacerda seja adequado para esse tipo de atividade”, declarou. O executivo reconheceu que existem desafios para tirar esse plano do papel, mas vê potencial no SMR como alternativa à geração a carvão. “Contamos com 350 funcionários qualificados, muitos dos quais têm habilidades para operar e manter um ciclo a vapor. Diante desse contexto, consideramos que seria sensato estudar a implementação da tecnologia SMR em algum momento”, afirmou.

Como surgiu o interesse em apostar na tecnologia de SMR?

Complexo Jorge Lacerda

Complexo Jorge Lacerda

O Complexo Jorge Lacerda é objeto de um programa de transição energética justa, baseado em uma lei promulgada em janeiro de 2022. Essa legislação prevê um programa de transição energética até 2040, descontinuando a geração de energia a carvão convencional e garantindo o cuidado com as pessoas envolvidas nessa cadeia, que atualmente emprega 20 mil trabalhadores. Encerrar as operações de uma usina como a nossa sem considerar o impacto sobre essas pessoas não seria prudente, e essa é a premissa fundamental da lei.

Dentro do que a lei estabelece, estamos buscando alternativas para promover novas oportunidades de trabalho para esse grande contingente de pessoas. Temos projetos de geração a gás e planejamos participar de leilões de capacidade ainda este ano. No entanto, também estamos explorando outras possibilidades. O Complexo Jorge Lacerda possui um terreno de 3 milhões de metros quadrados, infraestrutura elétrica e acesso à água – elementos essenciais para a geração nuclear. Além disso, contamos com 350 funcionários qualificados, muitos dos quais têm habilidades para operar e manter um ciclo a vapor. Diante desse contexto, consideramos que seria sensato estudar a implementação da tecnologia SMR em algum momento.

Como está a perspectiva de implantar essa tecnologia no complexo termelétrico?

É claro que isso não ocorrerá no curto prazo. No entanto, a tecnologia SMR está sendo amplamente estudada em todo o mundo, com algumas unidades já em operação em alguns países. Acredito que o terreno onde está localizada a usina a carvão Jorge Lacerda seja adequado para esse tipo de atividade. Com o memorando que assinamos com a Amazul durante o Nuclear Summit, vamos investigar se o local é realmente viável para essa finalidade.

Quanto tempo será necessário para estudar a viabilidade do terreno?

westinghouse-smr

O memorando assinado nesta semana foi um ponto de partida. Prevemos concluir esses estudos em cerca de três meses. Acredito que até o segundo semestre deste ano teremos elaborado esse trabalho.

Após isso, será necessário avaliar o estado atual da tecnologia. Embora não haja muitos fabricantes de SMRs no mundo, os franceses, russos e americanos estão bastante avançados nesses estudos. O Canadá pode ser o primeiro país da América do Norte a implantar um SMR dentro de aproximadamente cinco anos. É fundamental que a tecnologia esteja bem consolidada. Nosso horizonte não é de curto prazo, mas está alinhado com o programa de transição energética justa, que prevê o encerramento das operações a carvão até 2040. Se isso ocorrer entre 2030 e 2035, estará perfeitamente dentro de nossos planos.

A tecnologia nuclear enfrenta muitos desafios no Brasil, como podemos ver no caso das obras de Angra 3. Como encaram esse desafio de instalar um SMR, uma tecnologia ainda muito nova, em um país como o nosso?

Certamente é um desafio, mas é importante destacar que uma apresentação recente da Fundação Getúlio Vargas revelou que as usinas nucleares emitem menos gases de efeito estufa do que as solares, por exemplo. O SMR é uma tecnologia que se mostra adequada para o futuro. Além disso, o Brasil possui reservas de urânio. Portanto, embora seja um caminho difícil, temos uma base sólida para explorá-lo. Em todo o mundo, vemos exemplos de indústrias de carvão considerando a substituição das caldeiras por SMRs, aproveitando o ciclo térmico existente. Por isso, acredito que estudar essa possibilidade seja sensato.

A empresa estaria disposta a algum tipo de associação com a Eletronuclear por conta do monopólio?

Estamos atualmente em uma fase de estudos e diálogo com diversos agentes. A Eletronuclear, em particular, é uma empresa que detém expertise no ciclo primário, uma área na qual a Diamante Energia não possui conhecimento. Nossa especialização se concentra no ciclo de vapor convencional. Reconhecemos a importância de empresas como a Eletronuclear nesse processo. Certamente desejamos contar com a proximidade e colaboração da Eletronuclear em nossos esforços.

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