DIFICULDADE DA WESTINGHOUSE ABRE MERCADOS PARA RUSSOS E CHINESES DOMINAREM VENDA DE COMBUSTÍVEL NUCLEAR
As dificuldades enfrentadas pela empresa norte-americana Westinghouse, será um retrocesso geopolítico para os Estados Unidos. Vai de encontro ao que estava sendo feito há muito tempo para conseguir que os países da Europa Oriental comprassem combustível dos americanos ao invés dos russos. Agora, a Rússia e as empresas chinesas, serão fornecedores dominantes no enorme mercado global de tecnologia nuclear. A energia nuclear é a tecnologia neutra em carbono mais eficiente atualmente disponível. As usinas nucleares produzem energia em 31 países, fornecendo 11,5% das necessidades globais de eletricidade. Onze países dependem da energia nuclear para 30% por cento de sua eletricidade. Dez deles estão na Europa. A Bulgária, República Checa, Finlândia, Hungria e a Eslováquia utilizam reatores russos. Neste momento, Hungria e Eslováquia estão construindo mais uma usina nuclear cada um, também usando combustível russo, proporcionando uma receita considerável para a estatal russa Rosatom, maior exportadora mundial de tecnologia nuclear.
Um quilo de urânio enriquecido, suficiente para alimentar 33 casas americanas médias por um ano, custa cerca de US$ 1.900. Em 2000, a Westinghouse, foi comprada pela japonesa Toshiba. Seis anos depois, ofereceu combustível para os reatores russos, encontrando clientes na Finlândia e na Hungria. A Rosatom reagiu com preços mais baratos. A empresa norte-americana, teve apoio direto do governo para continuar as vendas, usando empréstimos baratos da US ExImBank para seus clientes. A União Européia, no entanto, defendeu um projeto financiado pela Rússia para construir dois novos reatores na Hungria, num acordo de fornecimento de combustíveis por 20 anos. Este mês, a União Européia aprovou o projeto Paks II da Hungria, mas com um contrato de fornecimento de 10 anos com a Rosatom. A Europa tem sido forçada a reconhecer uma realidade de mercado: as oportunidades de diversificação são limitadas. A Ucrânia, que abraça a Westinghouse como seu principal fornecedor de combustíveis – tem um contrato com a empresa dos EUA até 2020 – agora parece questionável. É Improvável que a empresa americana, neste momento, vá ter muitos contratos para construir novos reatores. A empresa luta com muitos problemas.
De acordo com seu relatório anual de 2015, o último disponível, A carteira da Rosatom aumentou para US$ 110,3 bilhões naquele ano. Em 2014 era de US$ 101,4 bilhões. A empresa tem contratos para fornecer 36 reatores nos próximos 10 anos. Para os países que estão interessados em usar a energia nuclear, as alternativas mais viáveis serão trabalhar com a Rússia ou a China. Empresas estatais chinesas adquiriram tecnologia da Rússia, permitindo-lhes fornecer combustível para reatores projetados pela própria Rússia, da Westinghouse – seu reator de terceira geração foi escolhido como base para novos desenvolvimentos pela State Nuclear Power Technology Corporation- e da Areva. Agora, o governo chinês não está determinado apenas em reduzir a poluição ambiental aumentando a participação nuclear no mix energético do país. Está empenhado em tornar a China um grande exportador de tecnologia nuclear. A central nuclear de Hinkley Point C do Reino Unido, na qual a primeira-ministra Theresa May permitiu recentemente investimentos chineses, é a primeira investida na Europa para a expansão chinesa. Se mais projetos forem aprovados e as empresas chinesas conseguirem um ponto de apoio na Europa, a Rosatom terá uma forte concorrência no mercado.
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