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DIRETOR DA ABDAN REBATE ARGUMENTOS CONTRÁRIOS À CONTINUIDADE DA EXPANSÃO DO PARQUE DE GERAÇÃO NUCLEAR NO BRASIL

rewrewwerO debate sobre a energia nuclear é cercado de muitos mitos, o que acaba gerando ruídos e distorções sobre aspectos fundamentais dessa tecnologia. Nesta semana, o climatologista Carlos Nobre e o engenheiro mecânico Flaminio Levy Neto publicaram um artigo no portal “Uol”, trazendo uma série de alegações contra a expansão dos investimentos em energia nuclear no Brasil. Para esclarecer alguns dos pontos levantados por Nobre e Levy Neto, o diretor técnico da Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN), Leonam Guimarães (foto), uma das principais autoridades no assunto, também publicou um artigo trazendo detalhes e informações precisas sobre a importância do parque de geração nuclear brasileiro.

O especialista em energia nuclear defende que essa fonte pode ter um papel estratégico na matriz energética do Brasil. Apesar da forte presença de fontes renováveis como a hidrelétrica, o país é vulnerável a variações climáticas, e fontes como solar e eólica são intermitentes. A energia nuclear, por ser estável e de baixa emissão de carbono, pode complementar as renováveis e fortalecer a segurança energética.

Leonam destaca ainda os avanços em segurança com os novos reatores modulares, o know-how brasileiro no setor e o potencial de desenvolvimento tecnológico e econômico associado à cadeia do urânio.

Veja a seguir o texto de Leonam Guimarães na íntegra:

nuclearO artigo de Carlos Nobre, publicado em 15 de abril de 2025 no UOL, argumenta que o Brasil não precisa investir em energia nuclear, destacando riscos ambientais, custos elevados e o potencial das fontes renováveis. No entanto, uma análise mais abrangente revela que a energia nuclear pode desempenhar um papel estratégico na matriz energética brasileira, especialmente diante dos desafios da transição energética e da crescente demanda por eletricidade.

Embora o Brasil possua uma matriz energética predominantemente renovável, com destaque para a hidroeletricidade, essa dependência torna o país vulnerável a variações climáticas, como secas prolongadas que afetam os reservatórios. As fontes solar e eólica, embora promissoras, são intermitentes e requerem sistemas de armazenamento ou fontes de base para garantir o fornecimento contínuo de energia. Nesse contexto, a energia nuclear oferece uma fonte estável e de baixa emissão de carbono, capaz de operar ininterruptamente, complementando as fontes renováveis e fortalecendo a segurança energética nacional.

Os riscos associados à energia nuclear, como acidentes e gestão de resíduos, são preocupações legítimas. No entanto, os avanços tecnológicos têm aprimorado significativamente a segurança das usinas nucleares. Os Pequenos Reatores Modulares (SMRs), por exemplo, apresentam designs mais seguros e eficientes, com sistemas de contenção passivos que reduzem a possibilidade de falhas catastróficas. Além disso, o Brasil possui experiência na operação de usinas nucleares, como Angra 1 e 2, com histórico de segurança e conformidade com padrões internacionais.

reatorInvestir em energia nuclear pode impulsionar o desenvolvimento tecnológico e econômico do Brasil. O país possui reservas significativas de urânio e domínio do ciclo do combustível nuclear, o que pode gerar empregos qualificados e fomentar a pesquisa científica. Além disso, a diversificação da matriz energética com a inclusão da energia nuclear pode atrair investimentos e fortalecer a posição do Brasil no cenário energético global.

A energia nuclear é uma das poucas fontes capazes de fornecer grandes quantidades de eletricidade com baixas emissões de gases de efeito estufa. Para o Brasil cumprir suas metas de redução de emissões e contribuir efetivamente para o combate às mudanças climáticas, é essencial considerar todas as opções de energia limpa disponíveis. A inclusão da energia nuclear na matriz energética pode acelerar a descarbonização do setor elétrico, especialmente em setores de difícil eletrificação, como a indústria pesada e o transporte de longa distância.

Embora as preocupações levantadas por Carlos Nobre sejam válidas, é importante reconhecer que a energia nuclear pode desempenhar um papel complementar e estratégico na matriz energética brasileira. Com os avanços tecnológicos, a experiência acumulada e o compromisso com a segurança, o Brasil está em posição de integrar a energia nuclear de forma responsável, contribuindo para a segurança energética, o desenvolvimento econômico e o cumprimento de metas climáticas. Portanto, é prudente manter a energia nuclear como uma opção viável e estratégica no planejamento energético nacional.

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É impressionante como não se percebe como o nosso sistema elétrico é insuficiente para a nossa população. É adequada para 70 milhões, mas absolutamente insuficiente para 200+ milhões. Sempre foi. Com um consumo de aproximadamente 2500 KWh/habitante/ano e a visceral correlação entre consumo de eletricidade e produtividade, a carência daquela condena esta à níveis irrisórios, mantendo o país eternamente subdesenvolvido e seus habitantes com rendas de terceiro mundo. 2500 KWh per capita nos restringe a 10 mil dólares de PIB per capita e renda média de 5 mil dólares anuais. Para reverter esta condição de lamúria precisamos um mínimo de… Read more »

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Se a opção for sair da miséria ou endeusar o ambientalismo, escolha sair da miséria. Na realidade se colocarmos num dos pratos de uma balança todos os males do mundo somados e no outro prato a miséria, a balança tomba para o lado da miséria. E a maior aliada da miséria é a falta de energia. Exatamente o nosso caso. Tão claro isto.

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Mal vestidos, correndo, suados, angustiados, ansiosos, agressivos, frustrados, sem dinheiro, endividados, envelhecidos, deseducados, sem esperança, desatentos, atrasados, perdedores, famintos, desesperados são todas características do nosso povo que vive com renda média de 500 dólares por mês, 15 a 20 por dia. Por que? Por que produzimos pouco e produzimos pouco pois não temos energia elétrica suficiente. E ainda nos damos ao luxo de preterir qualquer fonte de energia? Loucura ou masoquismo.

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Para ser mais preciso e não deixar dúvidas, nossa renda média nacional é pouco menos de 500 dólares ao mês. Somos 200+ milhões, mas apenas 100 milhões trabalham, formal e informalmente. Distribuindo os 500- dólares de salário médio pelos 200+ milhões, resultaria em 250 dólares por brasileiro. Reduzindo ao dia, cada brasileiro viveria com menos de 10 dólares ao dia. A classe média por definição é aquela em que um indivíduo gasta entre 11 e 110 dólares ao dia. Botton line, em distribuindo igualmente o dinheiro produzido por nós, teríamos 200+ milhões de miseráveis. Se duplicamos nossa geração elétrica, chegamos… Read more »

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70% da eletricidade do mundo é térmica. Dentre as térmicas, a única que não emite carbono é a nuclear. Mas somos espertos, somos quase todo renováveis. É isto e a jabuticaba.

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Diante desta realidade, somos pobres tangenciando a miséria, com números verídicos sustentando a tese e a conclusão, resta saber porque não reagimos. Investimento em infra estrutura alguma seria tão acessível e com resultados tão rápidos e favoráveis, quanto a eletricidade, mas não reagimos. Metade da eletricidade do mundo move motores, os burros de carga da humanidade que elevam a produtividade. Por que? Me parece uma questão de padrão, standard. Nosso povo, cidadãos, autoridades, instituições praticam padrões baixos, medíocres, pouco exigentes. O conceito de excelência está distante de nossa cultura. Apreciamos um iPhone 16, um BMW, um Channel 5, um whisky… Read more »

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Ocorre que energia nuclear é um negócio que exige, demanda, impõe altíssimos padrões. Nada menos que a excelência é adequada ao trato com reatores nuceares, ainda mais enormes como os de Angra. Espera-se que padrões de excelência permeiem todos os cantos das usinas de Angra, inclusive embaixo dos tapetes. Entretanto não é impossível que estejamos “adaptando” os padrões de excelência. Espero que não, pois não podemos jamais esculhambar as usinas. Reatores nucleares são máquinas quânticas, trabalham com partículas quânticas, elétrons, prótons, neutrons, não se sabe eventuais consequências de não serem tratados com a mais aguda busca pela excelência. Como estamos… Read more »

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Dráusio Lima Atalla

Nossas autoridades estão familiarizadas com a busca pela excelência que deve, must, não shall, existir nas instalações nucleares de potência do país?

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Dráusio Lima Atalla

Algumas palavras sobre nosso órgão regulador nuclear. Seu foco é a segurança nuclear, definida como o grau de segurança das barreiras contra liberação de radiação. Ocorre que uma usina nuclear é um organismo integrado, não é possível separar as partes associadas à segurança nuclear de outras, como os sistemas do secundário da usina, sistemas auxiliares, de condições materiais como house keeping, treinamento, mesmo os dos sistemas convencionais, dos sistemas e práticas de gestão, da cadeia de suprimentos, das condições econômicas e financeiras e por aí vai. Uma questão importante é o estado de espírito dos funcionários. Conflitos dentro da organização… Read more »