DIRETOR DA GALVÃO ENGENHARIA CONFIRMA TER PAGO PROPINA A ESQUEMA DA PETROBRÁS, MAS DIZ TER SIDO EXTORQUIDO
A situação se complica mais a cada dia. Enquanto a maior parte dos executivos presos pela Operação Lava Jato negaram ter participado do esquema de corrupção na Petrobrás, o diretor da área de óleo e gás da Galvão Engenharia, Erton Medeiros Fonseca, confirmou ter pago propinas, mas disse ter sido ameaçado pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa e pelo doleiro Alberto Youssef.
A versão do executivo, que prestou depoimento na tarde de segunda (17), em Curitiba, indicou que o dinheiro foi repassado ao Partido Progressista (PP), sendo que ele diz ter aceitado porque foi extorquido. Fonseca afirmou que Costa e Youssef ameaçaram prejudicar os contratos da Galvão com a Petrobrás em andamento, caso ele não pagasse. Além disso, ele se dispôs a fazer uma acareação com o ex-diretor e com o doleiro.
O relato de Fonseca afirma que ele já havia sido procurado pelo deputado José Janene (PP-PR), em 2010. Com a morte de Janene, Costa e Youssef passaram a fazer os contatos em nome do partido.
Apesar de reconhecer os pagamentos, o diretor da Galvão negou a existência de um cartel formado pelas empreiteiras, como foi denunciado por Paulo Roberto Costa, e disse também que não fez pagamentos para ganhar contratos, mas apenas para garantir os recebimentos de obras já concluídas.
Os últimos depoimentos estão sendo colhidos nesta terça-feira (18), quando expira o prazo das prisões temporárias. Devem ser ouvidos ao longo do dia os executivos Ednaldo Alves da Silva, Ricardo Ribeiro Pessoa e Walmir Pinheiro Santana, da UTC, e Dalton Santos Avancini e João Ricardo Auler, da Camargo Corrêa. Do total de executivos presos, seis estão sob regime de prisão preventiva – incluindo Erton Fonseca – e 17 sob regime de prisão temporária.
Até o momento, pelo menos 15 depoimentos foram concluídos, sendo que o discurso predominante foi o da negação. O ex-diretor de serviços da Petrobrás Renato Duque foi mais um dos que adotou essa tática, afirmando que desconhecia o esquema e que não tem informações para dar sobre o assunto.
No entanto, o ex-gerente geral da Diretoria de Engenharia e Serviços da Petrobrás Pedro Barusco, que atuou na gestão de Renato Duque, está colaborando com a justiça e já disse ter recebido grandes montantes em contas fora do país por conta do esquema. De acordo com os investigadores, o total recebido por Barusco chega a cerca de US$ 100 milhões, sendo que US$ 20 milhões já foram bloqueados em contas na Suíça.
As estimativas em relação aos valores que deverão ser devolvidos aos cofres públicos em função das novas descobertas crescem a cada dia. Atualmente, o valor calculado apenas para a soma a ser devolvida pelos executivos que assinaram acordos de delação premiada já passa de R$ 420 milhões. Será a maior devolução de recursos da história do Brasil. Antes, o maior montante calculado para ser ressarcido foi referente ao ex-secretário de Assuntos Institucionais do Distrito Federal Durval Barbosa, operador do mensalão do DEM, que deve devolver cerca de R$ 100 milhões, nas contas do Ministério Público.
Os executivos da Toyo Setal Julio Camargo e Augusto Mendonça foram alguns, além do doleiro Youssef e de Paulo Roberto, que também se comprometeram a devolver valores recebidos em função do esquema. Além disso, em seus depoimentos, ele afirmaram ter repassado R$ 95 milhões a Duque e a Barusco em nome de empreiteiras para conseguir os contratos de cinco obras.
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