DIRETOR DA GALVÃO REVELA NOVO PAGAMENTO E PETROBRÁS BAIXA NORMA PARA CONTROLAR COMUNICAÇÃO DE SEUS EXECUTIVOS
As investigações avançam, mais nomes aparecem e nesse caminho alguns novos erros vão se somando aos antigos. Uma das novidades é que o diretor industrial da Galvão Engenharia, Erton Fonseca (foto), admitiu que as propinas pagas pela empresa também se estenderam à área de serviços, que era comandada pelo ex-diretor Renato Duque, também preso em Curitiba. Segundo Erton, foram R$ 5 milhões, pagos a Shinko Nakandakari, que se apresentava como representante da diretoria de serviços da Petrobrás. Outra novidade, que cai na conta de erros da própria estatal, é uma norma que passou a vigorar internamente. Agora, nenhum diretor ou gerente executivo pode apagar e-mails, SMS ou mensagens de Whatsapp referentes à Petrobrás. É uma invasão à privacidade dos funcionários, que, mesmo sem acusações diretas, passaram a ser vistos como suspeitos. Ao invés de se separar o joio do trigo, a ordem coloca todos na escala de joio, ferindo muito os profissionais corretos e com longos anos de dedicação à empresa. A medida já é vista como um ato de assédio moral e está sujeita a gerar processos na justiça.
Quanto à segunda fase do depoimento de Erton, que vem à tona agora, ela se complementa ao seu primeiro relato, em que já havia confirmado ter pago cerca de R$ 4 milhões a empresas do doleiro Alberto Youssef, dizendo ter sido extorquido, com pressões iniciais feitas pelo então deputado federal José Janene, do PP, que morreu em 2010, e posteriormente por Youssef e pelo ex-diretor de abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa.
Nesta segunda fase do depoimento, Erton disse também que Shinko trabalhava em parceria com o ex-gerente executivo da área de serviços da Petrobrás Pedro Barusco, que já assinou acordo de delação premiada com o Ministério Público e se comprometeu a devolver US$ 100 milhões aos cofres nacionais.
O diretor da Galvão contou à Polícia Federal que foi procurado por Shinko, que afirmou ser preciso pagar a ele para que a empresa conseguisse contratos na estatal. Além disso, Erton disse ter tido uma reunião com Barusco para tratar da propina, tendo sido orientado a pagar entre 0,5% e 1% de cada contrato.
Nos cálculos dos investigadores, a Galvão conseguiu contratos da Petrobrás somados em R$ 3,47 bilhões, entre 2010 e 2014, além de outros R$ 4,1 bilhões por meio de consórcios, entre 2007 e 2012.
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