DIRETOR GERAL DA ITAIPU BINACIONAL ACREDITA QUE A USINA TERÁ UM ANO DESAFIADOR
Há dez meses no cargo, o diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, Luiz Fernando Leone Vianna, se prepara para um ano desafiador. Pouco antes de embarcar para uma série de compromissos nos Estados Unidos, ele fez um balanço da sua gestão em 2017 e falou sobre os projetos para 2018 no comando da maior geradora de energia limpa e renovável do planeta. Confira.
– Nesse período de dez meses à frente da Diretoria Geral Brasileira da Itaipu Binacional, quais conquistas considera as mais relevantes?
– Foram dez meses de aprendizado e de tentativa de continuidade e aprimoramento do bom trabalho da gestão anterior. Achava que tinha grande experiência em termos de geração de energia elétrica, um grande conhecimento, mas realmente Itaipu é uma empresa diferenciada. Ela é muito mais do que uma geradora de energia elétrica. Tivemos muitos avanços nesses dez meses. Muitas definições importantes. Gostaria de citar, até pela importância, a questão da gestão de pessoas, em que tivemos um grande progresso. Os empregados devem ter sentido isso ao longo do ano passado.
O relacionamento com os municípios do Oeste do Paraná. No Programa Oeste em Desenvolvimento, acho que nós avançamos bastante e nesse curto espaço de tempo, pudemos sentir uma reciprocidade, uma aceitação da atuação de Itaipu. Notamos uma preocupação quando houve a mudança de diretoria, o que é normal, mas hoje já há um entendimento de que questões importantes, como dos royalties e dos investimentos que a Itaipu faz na região, vão continuar e, se possível, melhorar ainda mais.
– Outros municípios poderão participar ?
– É o que está acontecendo. Conseguimos criar uma peça orçamentária para 2018 com um avanço muito grande nos nossos investimentos no Oeste do Paraná. Aumentamos o número dos municípios atendidos de 29 para 54. Nosso orçamento para este ano não é uma peça de ficção. Será devidamente gerido e executado pelas respectivas áreas responsáveis pelos recursos alocados. Progredimos bastante também com a realização de dois workshops sobre a atualização tecnológica da usina, o que vai fazer com que a gente já possa emitir requisições e fazer licitações para dar início a esse processo. Para isso, foi necessário um esforço orçamentário. E, junto a isso também, convém ressaltar o update que já autorizamos do sistema Scada, um sistema digital, utilizado na supervisão e controle da usina] e, ainda, também já autorizada, uma grande manutenção nas pontes e pórticos, necessária para esse processo de atualização tecnológica.
A inserção de Itaipu no cenário energético nacional também merece destaque. Hoje, a Itaipu é um importante player do setor elétrico, participando de diversos fóruns, especialmente na área técnica, sendo uma voz respeitada e chamada para participar de importantes decisões.
– O que mudou na forma como o senhor enxergava a Itaipu há dez meses e a forma como a vê hoje, já com essa experiência?
Há dez meses eu enxergava Itaipu com uma grande geradora de energia elétrica, como realmente é. Mas hoje, além de ser uma grande geradora de energia elétrica, a que mais produz no mundo, Itaipu tem outras questões muitos importantes que você precisa entender para poder bem gerir a empresa. Uma delas é a binacionalidade. Se você não entender bem como funciona e como atuar com relação à binacionalidade, vai se frustrar.
Outra é a atuação da Itaipu fora dos limites da usina, fora do Edifício da Produção, na região Oeste do Paraná, que tem uma conexão muito grande com a usina. São atuações, em sua maioria, visando à preservação da qualidade da água e também para evitar o assoreamento do nosso reservatório.
Outra peculiaridade que se enxerga melhor de dentro é a atuação da Itaipu para ajudar a impulsionar o desenvolvimento e a inovação tecnológica, que está na sua missão. Entre os meios para isso estão a nossa área de mobilidade elétrica, que teve um novo centro inaugurado por nós nesta semana, e também o Parque Tecnológico Itaipu (PTI), por exemplo. São dois postos avançados de alta tecnologia, que contribuem não só para a Itaipu, mas para o País também.
– A Itaipu começou 2018 da forma como terminou 2017: produzindo muita energia. O senhor acredita que são grandes as chances de mais uma vez ultrapassar a faixa dos 100 milhões de MWh anuais?
– É uma meta que a gente tem. Bastante ambiciosa, é verdade, que depende de vários fatores. A começar da própria Itaipu, no melhor aproveitamento possível da água que chega à usina e na disponibilidade das unidades geradoras, o que a gente faz com maestria. Mas também dependemos da demanda de consumo, da afluência da água e do sistema de transmissão. Agora, os primeiros 15 dias de 2018 nos animam bastante. Tivemos a melhor quinzena de janeiro da história de Itaipu. Se conseguirmos manter esse ritmo e a favorabilidade dos fatores, com certeza vamos conseguir ultrapassar os 100 milhões de MWh.
– Quais os principais desafios para este ano?
– Um deles é conseguir realizar da melhor forma possível os orçamentos, como, por exemplo, o da Diretoria de Coordenação, que foi basicamente triplicado e sem qualquer aumento da tarifa. Não adianta ter orçamento e, depois, não utilizar bem esse recurso. Estamos nos preparando para isso. É um ano com algumas dificuldades, algumas restrições, porque é um ano eleitoral, mas estamos nos preparando.
Outro desafio é continuar avançando no processo de atualização tecnológica da usina, conseguindo realizar as licitações. Também está na agenda o alinhamento entre as Diretorias Técnica e de Coordenação sobre os limites da cota de operação da usina durante as obras de melhorias do Canal da Piracema. O rebaixamento da cota de captação de água do Canal da Piracema é uma das ações mais emblemáticas que determinamos a essas duas diretorias, para possibilitar um melhor aproveitamento do reservatório para geração de energia e usos múltiplos, sem alteração das condições ambientais.
Manter a geração nos níveis que temos mantido a partir de 2012 e 2013, basicamente, é também algo vamos buscar este ano. É um desafio especial para um ano em devemos iniciar o processo de atualização tecnológica.
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