DIVULGAÇÃO DE NOVOS ALERTAS DE EX-GERENTE ENFRAQUECEM DEFESA DA PETROBRÁS SOBRE GRAÇA FOSTER

A estratégia da Petrobrás de tentar desqualificar a ex-gerente Venina Velosa da Fonseca, tratada de forma pejorativa como a “empregada” pela estatal, não está surtindo os efeitos esperados. Depois de defesas do vice-presidente da República, Michel Temer, e do Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que tentaram fortalecer a imagem da presidente Graça Foster, o jornal Valor Econômico trouxe novas mensagens enviadas por Venina a Graça, confirmando a informação de que a ex-gerente havia alertado sobre irregularidades na Petrobrás.

Em um dos e-mails publicados pelo jornal, datado de 3 de abril de 2009, Venina escreveu para Graça, que na época ocupava a diretoria de Gás e Energia, para pedir ajuda na conclusão de um texto descrevendo irregularidades encontradas nos contratos de comunicação da área de abastecimento.

Naquele mesmo dia, a ex-gerente concluiu um “Documento Interno do Sistema Petrobras”, o famoso DIP, em que relatava o resultado da apuração relacionada aos contratos de comunicação, indicando não só o “não atendimento de normas e procedimentos”, como também a “ocorrência de irregularidades administrativas”, por “decisões do depoente independentemente de seus limites de competência”. No caso, o depoente era Geovanne de Morais, que cuidava da área de comunicação do abastecimento. As investigações internas    comprovaram o pagamento de R$ 58 milhões por serviços não prestados e R$ 44 milhões em notas fiscais com o mesmo número.

Além disso, outros e-mails, já publicados pelo jornal anteriormente, também mostraram que Venina havia procurado Graça para falar sobre irregularidades encontradas ainda em contratos da Refinaria Abreu e Lima (Rnest) e na compra de combustível (bunker).

Na última nota divulgada pela Petrobrás, na madrugada de terça (16), a estatal tentou negar que Graça tenha sido notificada sobre irregularidades antes da deflagração da Operação Lava Jato e mais uma vez para isso tentou desmerecer Venina.

“A Petrobras esclarece que, ao contrário do que foi afirmado nas matérias (…), a Presidente Maria das Graças Silva Foster não foi informada sobre as referidas irregularidades pela empregada Venina Velosa Fonseca antes do dia 20/11/2014.

Os e-mails encaminhados em 02/04/2009, 26/08/2011 e 07/10/2011 à então Diretora de Gás e Energia, Maria das Graças Silva Foster, e em 14/02/2012, à Presidente Maria das Graças Silva Foster, empossada em 13/02/2012, não explicitaram irregularidades relacionadas à RNEST, à área de Comunicação do Abastecimento e à área de comercialização de combustível de navio (bunker)”, diz o comunicado da estatal, que foi emitido depois de outros dois que também não foram suficientes para esclarecer as denúncias.

Apesar do discurso da estatal, pelos emails fica claro que Venina falou sobre os casos da área de comunicação. Em um deles, inclusive, ela chega a falar que queria mostrar uma documentação sobre isso para Graça e completa “parte dela eu sei que você já conhece”.

Agora, a saída de Graça já é dada como certa em todas as instâncias, tanto no mercado, quanto no meio político, apesar da presidente Dilma Rousseff ainda querer mantê-la. É um desgaste que ainda deve reverberar nos próximos dias. A oposição, inclusive, já vem pedindo a demissão da executiva e deve fazer novas cobranças nesta quarta-feira (17).