DOW SE VOLTA PARA PROJETOS DE PRODUÇÃO E REFINO EM 2015 | Petronotícias




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DOW SE VOLTA PARA PROJETOS DE PRODUÇÃO E REFINO EM 2015

Por Daniel Fraiha (daniel@petronoticias.com.br) – 

Maurício Castro, Gerente da Dow Chemical na América LatinaA queda do preço do barril, que vem levando petroleiras a revisarem seus planos de investimentos em todo o mundo, está gerando mudanças estratégicas também nos planejamentos das empresas fornecedoras de bens e serviços para o segmento. A Dow Chemical, uma das maiores fabricantes de produtos químicos industriais para o setor, também vem passando por este momento e pretende focar seus esforços nas áreas de produção, refino e processamento neste ano, tendo em vista que a exploração deve receber menos recursos das operadoras em 2015. O Gerente de Marketing da Dow para o setor de óleo e gás na América Latina, Maurício Castro, conta que no Brasil o maior contrato é para o fornecimento para refinarias e ressalta que a Argentina tem ganhado destaque nos planos da empresa para a região, por conta das reservas de shale gas (gás de xisto) de Vaca Muerta, na província de Neuquén. A Dow registrou um crescimento de 1,9% da receita global em 2014, para US$ 58,167 bilhões, mas o lucro líquido caiu 22,8% no ano, para US$ 3,432 bilhões. O investimento total da empresa em pesquisa e desenvolvimento foi de cerca de US$ 1,7 bilhão no mesmo ano, mas, apesar do momento mais complicado atualmente, a empresa prevê manter os aportes em pesquisas na mesma faixa para 2015.

Como está vendo o momento da indústria brasileira?

Falar de Brasil isolando o resto da América Latina é um pouco difícil. Com a queda drástica no preço do barril, muitos países da região – principalmente Venezuela, México e Colômbia –, que exportam mais do que importam, passaram a ter uma receita menor. Isso acontece também um pouco com o Brasil, só que menos, porque a balança do País é um pouco mais equilibrada. Então o Brasil e a Argentina são os países da América Latina que devem sofrer menos com o preço do petróleo mais baixo. Além disso, os países do norte do continente têm um petróleo em média uns 10 dólares mais barato que o preço médio do barril do tipo Brent. Porque é mais pesado, principalmente o da Venezuela, então a margem de lucro caiu muito para eles.

Isso muda muito o cenário do petróleo do final do ano para cá. Acontece que toda a indústria se volta mais para produção, refino e processamento, e um pouco menos para exploração, que fica um pouco menos interessante. E a Dow tem que se preparar para isso.

O foco será voltado a isso daqui para frente?

Nosso foco, até o barril subir novamente, vai ser mais em produção, refino e processamento. Também vamos trabalhar em exploração, mas entendemos que vai dar uma esfriada nessa área.

Quais os principais contratos da Dow no setor de óleo e gás atualmente?

O principal contrato que temos é na linha de refino e processamento, um contrato importante de aminas para as refinarias. Elas fazem todo o tratamento dos gases, de remoção de H2S e CO2, e a Dow é um grande fornecedor para clientes no Brasil. A Dow trabalha focada em inovação e nossas aminas têm uma performance muito boa. O cliente reconhece o valor dela no processo. Além do bom desempenho dela, temos um programa de serviço, coletando amostras nas refinarias e fazendo análises no nosso centro tecnológico nos EUA, para ver se a performance está se mantendo no nível elevado.

A crise nacional e a queda do barril devem gerar cortes de investimentos no desenvolvimento de novos produtos químicos para o segmento?

Não. Por enquanto, o que a gente sente, claro, é que os preços das commodities caíram, e a Dow também comercializa commodity. Então temos que nos adequar à nova dinâmica do mercado, mas não estamos sofrendo cortes. Acreditamos que, adequando a nossa estratégia para onde ainda tem muito a ser explorado, como nas áreas de produção, refino e processamento, o quadro tende até a aumentar.

Mas em termos de investimento em pesquisa e desenvolvimento?

Acho que também não. Até na área de exploração, se a gente consegue um produto que tem um diferencial bem avaliado pelo cliente, que consiga explorar o petróleo num custo-benefício muito bom, isso vai fazer com que o barril seja mais barato para a companhia, deixando ela mais competitiva. Isso é um diferencial não só para nós, mas para ela também. Então não podemos tirar o pé de pesquisa e desenvolvimento.

Qual a estimativa de investimento em pesquisa e desenvolvimento para 2015?

Não podemos falar em números específicos de áreas ou de países, mas devemos manter no mesmo nível do ano passado, quando investimos cerca de US$ 1,7 bilhão globalmente.

Estão buscando parcerias com universidades para as pesquisas?

No Brasil, não. Temos algumas iniciativas em outros países da América Latina, mas para o Brasil trabalhamos bastante com o centro de pesquisas dos EUA. Sempre consideramos a possibilidade de ter um desenvolvimento atrelado às universidades, porém hoje no Brasil ainda não temos nada fechado. Mas a possiblidade existe.

Quais os destaques de interesse na América Latina?

Estamos bastante focados na Argentina, que tem uma grande reserva de shale gas em Vaca Muerta, e a Dow tem tecnologias que com certeza ajudam muito. Temos espumas de poliuretano, que fazem isolamento térmico nas tubulações de shale gas, então é um mercado que estamos olhando muito de perto. Porque o shale tem petróleo associado, com muita parafina, que se solidifica com a temperatura baixa, então tem que isolar essa tubulação, para que o petróleo não troque temperatura com o ambiente externo. Estamos fornecendo já para os clientes que vão fornecer para a YPF. E temos um negócio bastante interessante até 2020, com uma demanda bem interessante.

Qual a expectativa no Brasil este ano?

A expectativa é boa, apesar de o cenário não ser o melhor. A indústria estava mais aquecida alguns anos atrás, mas, como a Dow tem várias tecnologias para várias áreas diferentes da indústria, vamos conseguir compensar uma deficiência em uma área, sempre colocando algo a mais, atrelando serviços, suporte ao cliente etc. Então acreditamos que o ano vai ser bom.

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