DUQUE NEGA QUE SUA ESPOSA TENHA PROCURADO LULA PARA SOLTÁ-LO
Fez-se um rebuliço para garantir a ida dele para Brasília, suspendeu-se um ato legislativo para permitir seu depoimento na Câmara dos Deputados, mas de pouco adiantou o esforço para levar o ex-diretor de serviços Renato Duque à CPI da Petrobrás. Após a abertura da sessão, ele deixou claro que exerceria seu direito de ficar em silêncio, por orientação dos advogados, afirmando que agora “é hora de calar”. No entanto, após se recusar a responder sucessivas perguntas, Duque fez breves manifestações, numa delas para negar que sua esposa tenha procurado o ex-presidente Lula em busca de ajuda para soltá-lo, ainda em 2014, durante sua primeira prisão pela Operação Lava-Jato. Ele negou ainda conhecer o doleiro Alberto Youssef.
O deputado Izalci (PSDB-DF) foi quem conseguiu instigar o ex-diretor da Petrobrás a sair do silêncio. Depois de sucessivas investidas de outros deputados pressionando Duque a responder ou “falar o que sabia”, Izalci trouxe à tona um questionamento sobre a esposa de Duque, dizendo que era de conhecimento público que ela procurou Lula e Paulo Okamotto, tesoureiro do Instituto Lula, após a prisão do marido, na sétima fase da Operação Lava Jato, e que sua libertação veio logo em seguida.
Duque disse que não era verdade e que não conhecia o tesoureiro do Instituto Lula, como havia sido falado. Afirmou ainda que só respondeu à pergunta porque se sentiu desconfortável com as “ameaças” de convocarem sua mulher, citando o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), que vinha pedindo a convocação dela. O deputado respondeu então que a CPI “não ameaça, convoca”.
Outro momento em que Duque saiu do silêncio foi quando o deputado Altineu Cortes (PR-RJ) confundiu seu nome com o do ex-gerente da estatal Pedro Barusco, que foi seu braço direito na companhia e acusou o ex-diretor de ter participado com ele em todos os esquemas de propina na Petrobrás. Ao ser chamado pelo nome do ex-parceiro e atual desafeto, Duque fez sinal de negativo com a mão e disse: “Não me confunda com Pedro Barusco”.
Silêncio
Ao início da sessão, Duque fez uma breve declaração, explicando porque não falaria:
“No momento oportuno, serão esclarecidas e sanadas todas as dúvidas. Existe uma hora de falar e uma hora de calar. Essa é a hora de calar. Encontro-me preso, e por esse motivo estou exercendo o meu direito constitucional ao silêncio”, disse, ao chegar ao parlamento, depois de deixar a carceragem da Polícia Federal em Curitiba e ser escoltado em um avião da corporação.
O presidente da CPI da Petrobras, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), afirmou que o colegiado iria respeitar o direito de Duque, mas ressaltou que os deputados poderiam fazer suas perguntas, mesmo que o ex-diretor não respondesse, o que de fato ocorreu e gerou os breves momentos de inquietação de Duque, que chegou a dizer não ter imaginado ser “tão difícil ficar calado”.
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