EBE FORMARÁ CONSÓRCIO PARA ANGRA 3
A Empresa Brasileira de Engenharia (EBE), que construiu Angra 1 e esteve à frente do consórcio responsável por Angra 2, já prepara internamente sua proposta para a licitação da montagem eletromecância da usina de Angra 3, e formará um consórcio com outras empresas para a disputa. O diretor da EBE, Arcy Paiva, conversou com o repórter Daniel Fraiha e falou sobre as dificuldades que o empreendimento deve gerar.
A EBE vai concorrer individualmente?
Não, estamos montando um consórcio com outras grandes empresas, porque esse edital pede muitas condições técnicas e necessitará de muita mão-de-obra qualificada, de forma que o risco é muito grande para uma empresa entrar sozinha. Em Angra 1 e 2, tivemos cerca de 110, 120 engenheiros com experiência, de peso, porque para projetos assim é preciso que sejam pessoas com muito conhecimento, com cabelo branco, vamos dizer assim. Então o risco não é só o de perder dinheiro, mas também o de não conseguir cumprir com o cronograma da obra e com a qualidade exigida. Por isso, no consórcio, cada empresa entrará com a sua cota de equipe qualificada, que está em falta no Brasil.
O acidente de Fukushima fez com que alguma definição de segurança fosse modificada para o projeto?
O conceito de engenharia nuclear prima em primeiro lugar pela segurança, tanto a segurança das instalações, quanto a dos funcionários e a do público geral. E Angra 3, conforme Angra 2, atenderá a todos os padrões de segurança que são exigidos em instalações nucleares. Uma usina que foi construída em anos anteriores é obrigada a adequar o seu sistema de segurança aos parâmetros de segurança vigentes, que foram desenvolvidos ao longo do tempo em função de possíveis incidentes de segurança ocorridos no período.
Angra 3 é um projeto gêmeo ao de Angra 2?
Dentro do conceito é um projeto gêmeo, mas como o sítio onde será instalada é diferente, o projeto precisa entrar em conformidade com o local. Ou seja, o conceito do projeto é exatamente igual, mas haverá algumas diferenças por conta da localização. As cotas de Angra 3 estão um metro acima das de Angra 2, por exemplo.
Há exigências de conteúdo local no edital?
Existe o conteúdo local, sim. Toda mão-de-obra que for possível contratar em Angra, terá que ser de lá. Se houvesse toda ela disponível na cidade, por exemplo, você teria que colocá-la em detrimento da mão-de-obra de outros lugares. Tudo que for fabricado no país tem que ser adquirido aqui, mas há equipamentos e sistemas que ainda não são feitos no país, como o vaso do reator, os internos do reator, a turbina a vapor e outros. Alguns já foram importados há algum tempo e estão aguardando a montagem.
Qual é a maior dificuldade prevista para o projeto?
A qualidade da mão-de-obra. Quando não encontramos lá, vamos ao mercado, então os preços aumentam, e esse é o grande problema. Isso não é de agora, já nas outras vezes tivemos que qualificar soldador, eletricista, praticamente toda a mão-de-obra de execução. E agora o país é um grande canteiro de obras, com a Petrobras e outras grandes empresas fazendo obras no nordeste, no sudeste, em todos os lugares. Antes dava para trazer gente de outras regiões, mas agora, com as grandes obras em execução de norte a sul do Brasil, está todo mundo empregado, trabalhando, e ninguém quer sair dos seus locais para vir para o Rio.
O edital fala em R$ 1,93 bilhão. É um valor razoável?
O edital fala em R$1,932 bilhão, valor base de dezembro de 2010, relativos a dois pacotes, que são o pacote nuclear, onde tem o prédio do reator, geradores de vapor, pressurizador, uma série de itens com tecnologia nuclear, e o pacote convencional, em que está a geração de energia elétrica, com a turbina a vapor, o gerador elétrico, o condensador etc. Como o edital foi lançado agora, no dia 12 de agosto, ainda estamos fazendo todos os cálculos, avaliando os preços dos fornecedores… então deve levar algum tempo ainda para chegarmos ao valor final.
O aspecto de segurança no projeto , construção e montagem de Angra 3 , devem ser os mais rigorosos possíveis aplicados em obras do genero no Mundo , não se justifica a construção desta Usina , senão for provada á Sociedade Brasileira a garantia da segurança de sua operação.
Caso contrário , utilizaremos a energia Hidroelétrica em abundância no Brasil.