EKMAN COMEÇA A PRESTAR SERVIÇOS AMBIENTAIS EM BAÚNA E TRAÇA NOVOS PLANOS PARA O SETOR DE ÓLEO E GÁS
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
Nos últimos dias, foi finalizada a transferência de 100% do campo de Baúna das mãos da Petrobrás para a australiana Karoon. Com a conclusão do negócio, já começaram os preparativos da nova dona do ativo para conduzir a operação do campo daqui em diante. Nesse sentido, uma das empresas integrantes do leque de prestadoras da Karoon será a brasileira Ekman, que atua em serviços ambientais e oceanógrafos. Em Baúna, a Ekman já começou a atuar em algumas atividades, como projetos de monitoramento ambiental, controle da poluição e educação ambiental dos trabalhadores. O sócio-fundador da companhia, Ivan Mizutori, revelou também alguns dos novos planos da Ekman para o próximo ano. “Em 2021, vamos voltar com muito mais força para a área de modelagem de dispersão de óleo, modelagem operacional de óleo para licenciamento ambiental e para emergências. Estamos desenvolvendo também um sistema de previsão de correntes para dar suporte às operações de exploração e produção”, contou o executivo. Mizutori falou ainda do interesse da empresa em adquirir equipamentos para seu portfólio e das perspectivas positivas de novos negócios a partir da chegada de diferentes operadoras aos campos de águas rasas.
Como está a atuação da empresa no setor de óleo e gás atualmente?
A Ekman é uma empresa relativamente jovem, fundada em 2010 por oceanógrafos. Eu os demais fundadores trabalhamos na indústria de óleo e gás desde 2003, bem focados em estudos ambientais e implementação de projetos ambientais, tanto para a indústria de petróleo quanto para o setor portuário.
Nossa empresa atua em licenciamento ambiental para aquisição de licenças para perfuração, produção e sísmica. Também realizamos avaliação estratégica de bacias e auditoria ambiental em plataformas e navios para inspeção do Ibama. A Ekman trabalha ainda com implantação de projetos ambientais, tanto os básicos quanto os especiais. Dentro do segmento de implementação de projetos, fazemos todo o planejamento, coleta e análise de dados meteoceanográficos.
Além disso, fazemos muita caracterização e monitoramento ambiental offshore – que são monitoramentos de água, sedimento e biota para perfuração e produção. A Ekman realiza ainda batimetria para verificar se existe feição submarina com possíveis estruturas biogênicas que possam ser impactadas pela perfuração e produção. Nosso escopo de atuação inclui também modelagem de óleo para licenciamento ambiental e banco de dados ambientais.
E, por fim, desde 2016 – quando houve diminuição no número de projetos de perfuração – começamos a alugar alguns equipamentos que havíamos adquirido para nossos próprios projetos.
Vocês perceberam algum tipo de impacto da pandemia no nicho de atuação da empresa?
O que talvez tenha impactado mais a nossa atividade foi o desaquecimento da indústria, entre 2016 e 2018. Nesse momento, percebemos uma diminuição das atividades, principalmente na área de perfuração, que praticamente parou. Em relação à sísmica, os nossos principais clientes continuaram investindo e continuamos com os projetos, mesmo durante aquele momento mais tenso.
Já a pandemia não trouxe mudanças em nossos negócios. Não diminuímos a quantidade de serviços prestados. O que mudou foi a escala de trabalho. Nossa equipe embarcava 40 dias on e 40 dias off. Aumentamos para 80 dias off, sendo que dentro desse período tem ainda 14 dias de quarentena. Isso mudou um pouco a dinâmica de trabalho, mas não chegou a impactar nossos negócios.
O senhor poderia nos citar os projetos onde a Ekman esteve envolvida?
A Ekman trabalha desde 2013 com pesquisa sísmica, fazendo licenciamento e implementação dos projetos ambientais. O nosso principal cliente dentro deste segmento é a CGG. Então, desde daquele ano, fazemos todos os projetos ambientais da CGG, exceto monitoramento acústico passivo. Já fizemos vários projetos nas Bacias de Campos, Santos, Espírito Santo e Foz do Amazonas.
A nossa empresa fez o monitoramento das atividades de perfuração da Bacia de Santos de 2012 a 2015. Depois desse período, fizemos uma migração e começamos a trabalhar com dragagem, em virtude da diminuição na atividade de perfuração no Brasil naquela época.
Nós também realizamos muito licenciamento ambiental, principalmente para a atividade sísmica. Entre 2016 e 2018, a Ekman obteve a maior parte das Licenças de Pesquisa Sísmica emitidas pelo Ibama.
Como estão as perspectivas de novos negócios para os próximos anos?
Na parte de sísmica, esperamos que no início do ano que vem aconteça um aumento de navios na costa do Brasil. Existem muitos pedidos de licença e o Ibama está um pouco preocupado com isso. O instituto está até pedindo um estudo em que todas as empresas devem se comprometer a manter uma distância entre os navios. A atividade sísmica está concentrada nas bacias de Santos e Campos.
Um ponto que está movimentando o mercado é o desinvestimento da Petrobrás em águas rasas. Existem novas empresas vindo para o Brasil em virtude disso. Isso movimenta bem o mercado e dá chances para novas empresas. É um movimento interessante. Estamos focando nas operadoras que estão adquirindo esses poços maduros da Petrobrás.
E como vocês planejam conquistar novos negócios daqui em diante?
Estamos voltando agora com a atividade de modelagem de óleo. Era algo que fazíamos muito quando inauguramos a empresa, mas havíamos dado uma pausa nisso. Em 2021, voltaremos com muito mais força em modelagem de dispersão de óleo, modelagem operacional de óleo para licenciamento ambiental e para emergências. Estamos desenvolvendo também um sistema de previsão de correntes para dar suporte a operações de exploração e produção.
E pretendemos também ampliar nosso portfólio de equipamentos. Alugar equipamentos foi algo que não prevíamos quando iniciamos, mas compramos muitos deles para fazer nossos próprios surveys. Quando o mercado esfriou, começamos a alugar esses equipamentos e deu super certo. Acabou se transformando em uma área interessante para a empresa. Pretendemos aumentar o portfólio de equipamentos para monitoramento ambiental, adquirindo side-scans, correntógrafos, marégrafos e outros equipamentos desse tipo.
O senhor poderia nos falar sobre como serão as atividades da Ekman no campo de Baúna?
Baúna é uma área madura que a Petrobrás vendeu e que foi comprada por uma de nossas parceiras, a Karoon. Esse ativo passou para a operação 100% Karoon na última semana. Lá, vamos fazer os projetos de monitoramento ambiental, projeto de controle da poluição e o projeto de educação ambiental dos trabalhadores. Começamos a atuar no campo no último dia 6.
[…] Acesse a entrevista na íntegra aqui! […]