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ELETRONUCLEAR REJEITA FISCALIZAÇÃO DA WANO NAS USINAS ANGRA 1 E 2 E PÕE O BRASIL AO LADO DO IRÃ E DA COREIA DO NORTE

FOTOS DE ARQUIVO

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Quando a coisa não está boa, a pessoa cai de costas e quebra o dedão do pé. Veja a situação da Eletronuclear neste momento de crise: a WANO (World Association of Nuclear Operators), organização internacional que fiscaliza a segurança e a eficiência das usinas nucleares em todo o mundo, está preocupadíssima com a degradação da segurança na Eletronuclear provocada pela diretoria atual da companhia. A entidade é ligada à Agência Internacional de  Energia Atômica (AIEA), atualmente presidida pelo argentino Rafael Grossi. É uma associação apartidária composta por membros dos principais operadores de usinas nucleares do mundo, incluindo empresas de energia nuclear, agências reguladoras e organizações de pesquisa, fundada em 1989, após o acidente nuclear de Chernobyl, com o objetivo de compartilhar conhecimentos, experiências e melhores práticas entre os operadores de usinas nucleares. Sua isenção e responsabilidade estão acima de qualquer suspeita.

Devido a essa preocupação, o executivo da WANO, Jerome Dagois, tem realizado visitas trimestrais na Eletronuclear. Ele realizou inspeções e várias entrevistas comwano gerentes e trabalhadores da empresa e demonstrou extrema preocupação. Por isso, foi agendada para os próximos dias  uma reunião do diretor executivo da WANO, Jerome Dagois e a diretoria da Eletronuclear. A diretoria terá que explicar os atuais riscos e tentar reverter a degradação que está ocorrendo com a segurança. É a primeira vez na história das nossas usinas nucleares que acontece algo do tipo. A preocupação da WANO ficou maior ainda quando a diretoria mostrou vontade de não ser mais associada da WANO, alegando que a instituição e nada era a mesma coisa. Na verdade, a WANO se tornou uma ameaça a atual diretoria da Eletronuclear.  Se o Brasil deixar de ser membro da WANO vai se juntar a Coreia do Norte e Irã, únicos que possuem usinas nucleares mas não fazem parte da instituição de segurança.

equipe wanoOutro fato que chama atenção é que a Eletronuclear, por mais de 25 anos, foi eficiente e sobrevivia com a receita das duas usinas. E logo após a privatização da Eletrobrás (principal acionista da Eletronuclear) começaram os comentários internos sobre o equilíbrio financeiro da companhia.
Claramente a Eletrobrás tem grande influência sobre a diretoria executiva da Eletronuclear, pressionando por cortes de custos, independente das consequências, ao mesmo tempo em que aparenta total isenção de responsabilidades do que possa vir acontecer. A empresa está sendo desmontada e há quem acredite que ela será inviabilizada a ponto da Eletrobrás ser indenizada por abrir mão de seu controle, voltando a ficar sob a tutela estatal 100%.

A receita anual da Eletronuclear é de aproximadamente R$ 4,7 bilhões determinada pela Aneel ao estabelecer a tarifa necessária para operação e manutenção de Angra 1 e 2 . Porém ao se determinar essa receita não se levou em consideração os custos com Angra 3 e com a extensão de vida de Angra 1. Esses dois custos totalizam aproximadamente R$ 2,4 bilhões. Ou seja, 51% da receita da Eletronuclear é utilizada para pagar custos que não estão cobertos pela tarifa estabelecida pela Aneel. A tarifa foi estabelecida para se operar e manter as duas usinas. Isso também chamou a atenção dos profissionais da WANO, porque, ao se usar essa receita para outras finalidades, além do que ela foi destinada, a segurança em geral pode ser colocada em risco.

Alexandre Caporal - Diretor Financeiro Eletronuclear cortou r$ 400 milhões da manutenção das usinas nucleares

Alexandre Caporal – Diretor Financeiro Eletronuclear cortou r$ 400 milhões da manutenção das usinas nucleares

Com essas informações casadas, mais a Eletrobrás estar determinada a não investir em Angra 3 e nem na extensão de vida de Angra 1, consegue-se entender a estratégia da atual diretoria da Eletronuclear como se fossem responsáveis por um gasto irresponsável, e um discurso agressivo de que a Empresa está quebrada. O que os experientes profissionais da empresa estão dizendo, a manobra é, na verdade, uma estratégia para retirar recursos da operação e manutenção das usinas e colocar em investimentos sem cobertura tarifária (Angra 3 e extensão de vida de Angra 1) para que a Eletrobras não tenha que aportar dinheiro em novos investimentos. Parece aqueles filmes sobre conspirações envolvendo empresários desprovidos de caráter, onde o coração é na sola do pé. Pode até não ser, mas que parece, parece.

Ivan Monteiro - Presidente da Eletrobrás, um momento de silêncio

Ivan Monteiro – Presidente da Eletrobrás, em momento de silêncio

O custo para operar e manter as usinas foi de aproximadamente R$ 800 milhões em 2024. Para 2025 a diretoria financeira reduziu esse valor para R$ 400 milhões. O atual diretor financeiro, Alexandre Caporal,  não tem qualquer experiência com o setor elétrico nem com o setor nuclear. Esse corte de 50% tem impacto direto na segurança nuclear. É impossível se manter com segurança duas usinas nucleares com esse orçamento. A diretoria executiva está tirando recursos da operação e manutenção de Angra 1 e 2 para injetar em Angra 3 e na extensão de vida de Angra 1, evitando desta forma que os acionistas (incluindo a Eletrobrás) precisem fazer aportes financeiros para esses investimentos sem cobertura tarifária. Em tudo isso, fica a pergunta: até quando os gestores da Eletronuclear vão aceitar operar as usinas nessas condições? Nem a CNEN se pronunciou e muito menos o presidente da Eletrobras Ivan Monteiro, que tem uma cadeira do governo no Conselho de Administração, mas parece que mudou de time no decorrer da partida. Nem uma palavra até agora. O mesmo Ivan também presidiu a Petrobrás de 1 de junho de 2018 até 3 de janeiro de 2019, na Era Temer na presidência. Um curto período, sem expressão. Sem aroma, nem sabor.

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Dráusio Lima Atalla
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Dráusio Lima Atalla

Resta saber como uma empresa privada estaria exercendo influência essencial na gestão das usinas em operação, quer restringindo o fluxo de caixa para a extensão de vida de Angra 1, que essencialmente é uma manutenção, quer restringindo o investimento em Angra 3, obrigando a Eletronuclear a desviar recursos de operação e manutenção das usinas em serviço para Angra 3. Atividades nucleares são monopólio estatal, que em tese, e aparentemente apenas em tese, blindaria a segurança das usinas dos interesses e práticas do capital privado. Na prática, a Constituição que estabeleceu o monopólio nuclear não está sendo cumprida. Aparentemente também, nosso… Read more »

Dráusio Lima Atalla
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Dráusio Lima Atalla

Se a WANO está sendo defenestrada e nos monitorando a cada três meses, a situação é muito mais grave do que parece. Certamente o board da WANO em Paris, que reúne quase todas as usinas nucleares do mundo, está muito preocupado com a situação de Angra e sabe que nossas usinas podem jogar no ventilador e sujar toda a indústria nuclear do mundo. Se o reportado for verdade, somos párias nucleares no mundo. Espero que não seja verdade. E não surge uma liderança para buscar os fatos, analisar e apontar uma saída. Não se brinca com os átomos, a energia… Read more »

Dráusio Lima Atalla
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Dráusio Lima Atalla

Cada país constrói seus acidentes, portanto merece as consequências.