ELETRONUCLEAR BUSCA FORMAS DE VIABILIZAR PARCERIAS PRIVADAS EM USINAS NUCLEARES
A Eletronuclear está dando passos mais concretos na direção de parcerias com a indústria privada. A empresa vem buscando alternativas para a retomada das obras de Angra 3, preocupada também com a urgente necessidade de levar adiante o projeto de novas usinas nucleares, e já avalia como uma solução positiva a formação de parcerias privadas.
O assessor de Desenvolvimento de Novas Usinas Nucleares da Eletronuclear, Marcelo Gomes da Silva (foto), também vice-presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear (ABEN), falou sobre o assunto na abertura do Seminário Internacional de Energia Nuclear (Sien), no Rio de Janeiro, e ressaltou que os impedimentos legais já estão sendo analisados, assim como as formas de viabilização deste processo.
“Seria uma solução criativa, porque existe uma carência de recursos no Brasil para várias áreas. Estamos buscando essas definições”, afirmou, destacando que há um movimento muito forte no governo para encontrar uma saída para a retomada de Angra 3, que deverá ocorrer em 2017.
Para isso, será necessária a aprovação do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que deverá deliberar sobre a questão até dezembro, enquanto o Ministério de Minas e Energia, os bancos envolvidos e a própria Eletronuclear já vem debatendo intensamente o assunto em busca de soluções.
Até agora, a participação privada tem se tornado o caminho mais provável, o que já é defendido há anos pela Associação Brasileira para o Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN). É um caminho similar ao que tem sido seguido na Europa recentemente, como na França e no Reino Unido, que acaba de aprovar a construção de um megacomplexo nuclear a partir de investimentos chineses e franceses.
As próximas usinas brasileiras, ainda sem definição de local, deverão ser financiadas em grande parte por grupos privados, já que o governo não terá condições de arcar com os grandes investimentos necessários. Para isso, já há propostas de mudanças constitucional em avaliação no Congresso, com o objetivo de permitir este modelo.
O executivo da Eletronuclear lembrou no evento que no ministério já foi dito que não se fará mais usinas como Angra 1, 2 e 3 com recursos somente públicos. “A disposição é usar o setor privado no que ele faz de melhor, que é o gerenciamento de obras, e fazer as coisas acontecerem”, disse, ressaltando que o modelo de financiamento adotado varia de país para país, tendo como extremos opostos a China, onde é tudo estatal, e os Estados Unidos, onde os empreendimentos são totalmente privados. “E você tem o meio do caminho. Tem a França, em que é uma empresa estatal que atua como empresa privada, por exemplo. Cada país encontrou o seu próprio caminho”, disse.
Deixe seu comentário