ELETRONUCLEAR ESPERA LANÇAR O EDITAL PARA CONCLUIR A USINA NUCLEAR ANGRA 3 NO ANO QUE VEM
O presidente da Eletronuclear, Eduardo Grand Court, disse que espera cumprir todas as etapas até o fim de 2024 para lançar o edital internacional para as obras da terceira usina do complexo nuclear de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. Ele participou da 8ª Conferência Cidades Verdes, organizada pelo Instituto Onda Azul em parceria com a Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro). Além de reforçar a matriz energética de baixa emissão de carbono no país, a construção de Angra 3 deve gerar sete mil empregos diretos e 20 mil indiretos, com a movimentação de recursos da ordem de R$ 20 bilhões. Grand Court lembrou que a Eletronuclear contratou o BNDES para fazer a modelagem, como determinou o Conselho Nacional de Política Energética, de captação de recursos e retorno do investimento. O modelo ainda precisa ser aprovado pelo Ministério das Minas e Energia. “Isso está sendo estruturado. Esperamos que até 2024 isso esteja concluído para que a gente possa determinar a captação do recurso, lançar o edital internacional, que a gente chama de epecista, que é o contratado para fazer conclusão da construção da usina.“
Ao apresentar os planos da Eletronuclear no Centro de Convenções Firjan, Grand Court ressaltou a baixa emissão de carbono na produção de energia nuclear, o que tem levado diversos países ricos a retomarem a construção de usinas. A França tem 14 unidades em estudo, e há projetos de retomada de projetos em países como Estados Unidos e Europa: “A energia nuclear emite apenas 12 gramas de carbono por Kilowatts/hora, sendo comparável apenas à energia eólica, enquanto outras fontes chegam a emitir 400. É uma geração de baixo carbono, e por isso o mundo inteiro discute esse caminho para a transição energética.”
Ele afirmou que a operação de Angra 1 e Angra 2 nunca causou problema grave à população, ao meio ambiente ou aos trabalhadores. Além disso, o complexo possibilita o desenvolvimento do hidrogênio como fonte de energia. “Nós já produzimos hidrogênio para a usina, temos muitos estudos, e agora vamos partir para o estudo de viabilidade técnica e econômica para produzir hidrogênio em quantidade suficiente para gerar energia.” A construção de Angra 3 e a possível geração de energia por hidrogênio na região reforçam o domínio da cadeia de produção pelo Rio de Janeiro, consolidando o estado como capital da energia no país. “Temos a Nuclep, que produz equipamentos pesados, o Porto de Itaguaí, onde a Marinha tem as instalações para a construção do submarino nuclear, com produção de combustível. O mundo inteiro busca isso, e o Brasil e o Rio de Janeiro não podem abrir mão desse potencial.”
Engenheiro responsável pelo projeto de hidrogênio da Eletronuclear, Nelri Ferreira Leite disse na conferência que, atualmente, o estado brasileiro que está “capitaneando a revolução do hidrogênio” é o Ceará, que tem o Complexo Industrial e Portuário de Pecém e faz parceria com o porto de Roterdã, na Holanda, com investimento de 5 bilhões de euros no ciclo do hidrogênio. “Hoje a grande vedete do hidrogênio limpo está no Nordeste”, disse Nelri, que apresentou detalhes sobre a fase em que se encontram os estudos de produção de hidrogênio nas usinas de Angra.
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