EM COMEÇO DE SEMANA TENSO, VALOR DO PETRÓLEO CAI CERCA DE 30% EM MEIO À GUERRA DE PREÇOS ENTRE OPEP E RÚSSIA
Ainda era domingo no Brasil quando o mercado asiático iniciava seus trabalhos e, minutos depois, presenciava o início de uma queda brusca e assustadora nos preços do barril de petróleo. Era o início de uma semana que promete ser tensa em todo o mundo. O valor do insumo chegou a recuar 31%, no maior tombo registrado desde a Guerra do Golfo, em 1991. A nova crise do preço do barril pode ser desastrosa para as economias que dependem do petróleo e para as empresas de navios, plataformas, estaleiros, etc. O momento também serve de reflexão para a Petrobrás, que está apostando quase que todas suas fichas apenas em exploração e produção. É uma oportunidade para estatal desconfiar e refletir se esta é a melhor postura para o seu futuro.
A desvalorização do petróleo é consequência da falta de acerto entre a Organização dos Países Exportadores do Petróleo (Opep) e a Rússia, que não chegaram a um acordo para diminuir a produção da commodity. O restante da segunda-feira promete ser de fortes emoções e o mercado passará o dia puxando os cabelos. No momento da publicação desta matéria, o barril Brent estava sendo negociado a US$ 32,37, desvalorização de 28,72%. Já o barril WTI apresentava queda ainda maior: 32,22%, com o valor de US$ 27,98%.
O Petronotícias ouviu membros do setor de óleo e gás para colher avaliações iniciais sobre essa nova crise. De acordo com os executivos consultados pela nossa reportagem, o objetivo da Opep, liderada pela Arábia Saudita, é pressionar a Rússia a voltar às negociações. Para lembrar, o cartel estava costurando um novo acordo com os russos para manter a produção de petróleo em níveis reduzidos. O objetivo era impedir uma desvalorização do produto, já que a demanda caiu severamente após a China diminuir suas importações devido ao surto do coronavírus. Ainda segundo a avaliação das fontes ouvidas pelo Petronotícias, a Arábia Saudita é o único país com musculatura e breakeven baixo capaz de tomar uma atitude agressiva dessas.
O país árabe decidiu elevar sua produção petrolífera e oferecer descontos nos preços. No mercado, comenta-se que a estatal saudita Saudi Aramco fará cortes nos preços de 20%, além de aumentar a produção para mais de 10 milhões de barris por dia. A medida é uma retaliação à Rússia, que não disse não a um acordo para manter as reduções nos cortes de produção de petróleo. Como se sabe, os russos e os países membros da Opep possuíam um acerto desde 2016 que previa a redução da produção visando manter o preço do barril em um nível estável.
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