PROTESTOS DE CAMINHONEIROS MOSTRA FRAQUEZA DO GOVERNO E FORÇA DA POLITICA DE AUMENTOS DIÁRIOS DA PETROBRÁS
Pelo menos ao que parece, o governo de Michel Temer e alguns de seus braços direitos – e inclui-se nesta lista o presidente da Petrobrás, Pedro Parente – gostam de passar pelo “corredor polonês”. De um lado deste corredor, estão entidades como FGV, FUP, Sindipetro, entre outras. Do outro, os consumidores de combustíveis e derivados de petróleo. Todos estão atacando e criticando duramente os rumos que a estatal e o governo estão dando no que diz respeito ao preço da gasolina e ao futuro do parque de refino brasileiro. Mas, como tem sido costume nos últimos anos, o Planalto e a estatal estão dando o já famoso “beijinho no ombro” para as críticas. Prova disso é que em pleno dia de manifestações de caminhoneiros e petroleiros e de caos nas estradas, a Petrobrás anunciou que elevará os preços do diesel e da gasolina nas refinarias, a partir de terça-feira (22), para 2,3716 reais por litro e 2,0867 reais por litro, respectivamente.
Os protestos dos caminhoneiros atingiram pelo menos 17 estados, impedindo a passagem de caminhões de carga, interditando vias importantes e causando congestionamento e preocupação com o abastecimento de alimentos, já que a paralisação pode ser durar por mais tempo. É uma reação natural ao descaso que o governo tem tratado a questão da política de preços de derivados do petróleo, desde que deu sinal verde para Pedro Parente tocar reajustes constantes, em paridade com o mercado internacional. Na semana passada, o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, declarou que não havia possibilidade do governo abrir mão dos impostos federais para conter a alta de preço dos combustíveis. A situação era um barril de pólvora, que explodiu hoje com a manifestação dos caminhoneiros. Por isso, Temer agendou para o início desta noite uma reunião para discutir o tema. Na mesa, duas opções: interferir na política de preços da Petrobrás ou reduzir os tributos.
A política desastrosa de preços da Petrobrás não tem sido criticada apenas por órgãos sindicais, mas por importantes centros de pesquisa, como o caso da FGV Energia. Em seu mais recente boletim sobre o mercado energético, a entidade afirmou que as mudanças constantes de preços têm causado uma série de indagações entre especialistas no assunto e também para o consumidor final. “O fato é que, desde o início da política, os preços já subiram mais de 15% e, por mais que a Estatal brasileira alegue que sua intenção era aumentar a competitividade da companhia e incentivar a entrada de investidores no país, principalmente no setor de Downstream sabe-se que existem problemas atrelados a política muito relevantes”, afirmou a FGV.
A instituição também questiona o preço base utilizado para aplicação dos ajustes. “Outra indagação é de que a incidência das variações percentuais não deveria ser aplicada ao preço final do combustível, pois dessa forma estaria atrelando o preço base deles aos impostos incidentes sobre os mesmos, como o ICMS e o Cide”, acrescentou a entidade. A FGV Energia sugere uma redução de impostos federais e considera que o interessante seria pensar em alterações nos preços com periodicidade certa, para permitir que os consumidores pudessem se preparar para isso.
Realmente, a vida e o bolso do brasileiro estão sofrendo com as alterações seguidas no preço. Só na semana passada, a Petrobrás fez cinco ajustes diários seguidos no valor do diesel, o que serviu também de impulso para o movimento de caminhoneiros realizado nesta segunda-feira por todo o país. Alinhados com os caminhoneiros, os petroleiros criticam o aumento descontrolado do preço do produto. “Os combustíveis impactam diretamente no valor dos transportes públicos e dos fretes rodoviários, que, por sua vez, refletem nos preços dos alimentos e dos produtos industrializados”, declarou a Federação Única dos Petroleiros (FUP).
A redução dos preços dos derivados de petróleo é um dos eixos da greve que os petroleiros aprovaram para barrar o desmonte do Sistema Petrobrás. Conforme o Petronotícias noticiou, entidades sindicais estão organizando uma reação contra a privatização da Petrobrás que está sendo feita aos poucos e contra o que eles chamam de desmonte da empresa. As ações já começaram nesta segunda-feira (21). Além das refinarias, os petroleiros vão protestar contra a privatização das fábricas de fertilizantes, terminais e dutos da Transpetro.
Como se sabe, a Petrobrás anunciou recentemente mais um passo em seu processo de saída do setor de refino. A petroleira iniciou a etapa de divulgação de duas oportunidades de desinvestimento (Teasers), referentes à alienação de sua participação em refino e logística no país. O modelo prevê a criação de duas subsidiárias, uma reunindo ativos da região Nordeste e a outra reunindo ativos da região Sul. A Petrobrás pretende vender 60% de sua participação acionária em cada uma dessas novas sociedades.
Não é bem assim que a Petrobras deveria conduzir seus megaempreendimentos para exploração do pré-sal brasileiro. Em 2016, por exemplo, a Brookfield Infrastructure Partners liderou a compra de uma operadora de gasodutos da Petrobras, a NTS por meros 5 bi de dólares. Outra rede de gasodutos da estatal, com metade da capacidade, obteve recentemente lances de cerca de 8 bilhões de dólares de investidores. Tão logo concluiu a compra da NTS, analistas da Saibus Research elevaram o preço-alvo para ações da Brookfield Infrastructure Partners, citando um aumento em suas margens de lucro recorrentes. Desde então, as ações subiram 18 por… Read more »