EMBARGO AMERICANO FAZ O PAQUISTÃO DESISTIR DE CONTINUAR CONSTRUINDO GASODUTO QUE RECEBERIA GÁS DIRETO DO IRÃ
O cerco econômico dos Estados Unidos ao Irã tem sido caro para os vizinhos de Teerã. agora chegou a vez do Paquistão amargar e pagar a conta, depois do anúncio que fez suspendendo o projeto de gasoduto no Irã sob ameaça de sanções dos Estados Unidos. O governo do Paquistão ainda quera uma arbitragem para o caso, mas o Irã recusou e estendeu o prazo em dez anos para que os dois países posam trabalhar juntos. A semana está sendo ruim para os líderes paquistaneses ligados aos Estados Unidos. Eles não tiveram influência para fazer Washington concordar com o gasoduto de que o Paquistão precisa desesperadamente. O gasoduto Irã-Paquistão já estava atrasado (o Irã completou sua parte do gasoduto) e o Paquistão enfrentava uma penalidade de US$ 18 bilhões que os americanos iriam formalizar depois da lembrança do veto. O projeto foi concebido em 1950 e em 2010, os dois países chegaram a um acordo sobre construção do gasoduto de 2.775 km que enviaria gás de Asaluyeh, no Irã, para Multan, no Paquistão. O custo inicial foi estimado em US$ 7,5 bilhões.
O Paquistão precisa do gás, porque sofre com persistentes faltas de energia que levam a apagões de até 18 horas nas áreas rurais e a cortes de carga de 6 a 10 horas nas cidades. As empresas que precisam lidar com paradas de produção devido a quedas de energia sofrem muito. Aquelas que podem comprar geradores de energia de reserva, majoram os preços. O Paquistão fez investimentos em geração e distribuição de energia, mas em janeiro de 2023 o país sofreu uma falha na rede elétrica nacional. Outro apagão aconteceu em outubro de 2022. Um fornecimento não confiável de eletricidade, segundo o Banco Mundial, é “uma barreira significativa ao crescimento econômico”. Não são quantificados os efeitos do estresse e incerteza na saúde, sono interrompido e os efeitos das interrupções em hospitais e instalações de tratamento de água e esgoto.
Com o gasoduto suspenso, uma alternativa é o projeto de energia da Ásia Central (CASA-1000) de US$1,16 mil milhões para a exportação de excedentes hidroelétricos do Quirguizistão e do Tajiquistão para o Afeganistão e o Paquistão, que fornecerá energia equivalente à necessidades de 2 milhões de famílias. A Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional espera um início em 2024, mas isso pode falhar se o governo Taliban do Afeganistão não conseguir gerir o processo de construção da torre de forma satisfatória. O gasoduto Turcomenistão-Afeganistão-Paquistão-Índia (TAPI) , um projeto de cerca de 1.500 quilômetros e US$ 10 bilhões para transportar 33 bilhões de metros cúbicos de gás por ano, sofreu vários atrasos desde que o consórcio de gasodutos foi anunciado em final de 2014. A construção começou no início de 2018 com uma data de entrada em serviço projetada para 2021, mas parou no final daquele ano, depois que os trabalhadores que limpavam a rota foram mortos por agressores desconhecidos.
Representantes do governo do Turquemenistão reuniram-se com oficiais talibãs em Outubro de 2021, e os talibãs anunciaram que iriam dedicar 30 mil soldados à segurança dos oleodutos. Mas em Junho de 2023, as Nações Unidas (ONU) relataram um conflito entre o Ministro do Interior talibã, Sirajuddin Haqqani(foto a esquerda), que também é líder da Rede Haqqani, e o Primeiro Vice-Primeiro Ministro, Mullah Baradar(foto a direita). Apesar da briga do Talibã autoridades do Paquistão e do Turcomenistão se reuniram em Islamabad em junho e assinaram um Plano de Implementação Conjunta comprometendo ambos os lados a acelerar a implementação do TAPI. As empresas controladas pelos militares perderam provavelmente a participação na construção do gasoduto, mas poderão conseguir poupar nas receitas do aumento das importações de gás natural liquefeito (GNL), que aumentarão a curto prazo, embora o Paquistão possa ter de pagar uma taxa à vista mais elevada. A perda de gás natural iraniano pode beneficiar os EUA, uma vez que tentarão criar uma dependência no Paquistão do GNL americano, tal como fez com a Europa após a sabotagem do Nord Stream e o cancelamento do gasoduto EastMed, devido às objeções de Washington sobre fundamentos ambientais.
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