EMPRESÁRIOS BRASILEIROS SE UNEM PARA IMPORTAR AÇO E FUGIR DOS ALTOS PREÇOS COBRADOS PELAS SIDERÚRGICAS
Um grande carregamento de aço importado por iniciativa de incorporadoras brasileiras desembarcou no país esta semana, no Porto de São Francisco do Sul, em Santa Catarina. Com os altos preços do insumo no mercado nacional, a ação teve o intuito de garantir o abastecimento do material com um custo mais competitivo para as empresas, que ficou cerca de 5% abaixo do mercado brasileiro. Em parceria com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), no final de 2020, a Cooperativa da Construção Civil do Estado de Santa Catarina (CooperconSC) captou empresas interessadas em adquirir o aço importado e, no final de fevereiro, chegaram ao montante de 20 mil toneladas. Foram 137 empresas de oito estados brasileiros que se reuniram para trazer o navio completo com importação de aço da Turquia por meio da entidade.
Roberth Meinert, gestor da entidade, disse que “A carga chegou ao porto, foi descarregada e nacionalizada. Agora iniciamos as entregas para todas as empresas que participaram desse primeiro lote de importação de aço CooperconSC, em 2021. Seguimos firmes no projeto de garantir o abastecimento de materiais de alta qualidade, de acordo com todas as normas brasileiras.”
Para José Carlos Martins, presidente da CBIC, esta iniciativa mostrou a capacidade de realizar importação em maiores lotes e com a agilidade que a indústria da construção precisa. De acordo com o presidente, a preocupação central das empresas é a disparada do preço do aço nos últimos tempos: “É preciso provocar um choque de oferta no setor, com estímulos à entrada do insumo importado no mercado brasileiro. Assim, é possível ampliar a oferta e reduzir preços e prazos de entrega”, destacou. Pelo baixo volume de atendimento e os elevados preços no mercado interno, a CooperconSC, apoiada pela CBIC, avançou no projeto de viabilizar a importação de aço CA-50 da Turquia. “Após aprovação por toda diretoria realizamos a homologação de usinas na Turquia e o processo de certificação no Inmetro tanto da usina quanto da CooperconSC como importador, tornando assim nosso material da marca SC 50 totalmente de acordo com as normas ABNT e 100% de acordo com processo da Portaria 73/2010 do Inmetro. Também obtivemos, por meio da Receita Federal do Brasil, o Radar Ilimitado para realizar importações de qualquer valor”, explicou Meinert.
Com a certificação pronta e radar ativo, foi trabalhada a prospecção de volumes entre os cooperados para realizar processos de importação, sendo que no aço isso requer grandes volumes para conseguir rodar uma produção na Turquia ou até mesmo para conseguir contratar uma embarcação. Entre 2018 e 2020 foram realizados três processos de importações de menor volume, para atestar a qualidade do material e a garantia que o processo de importação estava pronto para assumir operações de grandes volumes. As entidades já fecharam um segundo lote de aço importado, com mais um navio de 20 mil toneladas, que deve chegar em setembro deste ano. E deve abrir a captação de volumes para um terceiro lote com data prevista de entrega do material para novembro.
“Ainda visualizamos demanda no mercado para fechar dois ou três navios para entrega ainda em 2021, pois o mercado continua pressionando por agilidade na entrega de aço para cumprir seus cronogramas de obras em andamento e principalmente poder voltar a efetuar lançamentos de novos empreendimentos que já estão com projetos aprovados, mas que com a falta de insumos, principalmente aço, além dos elevados reajustes, já notamos uma redução no ritmo da construção civil no país”, concluiu Meinert.
A CBIC apresentou à Câmara de Comércio Exterior (Camex) do Ministério da Economia uma solicitação de redução da tarifa de importação do aço. Além disso, esteve com o ministro Paulo Guedes mostrando que, se nada for feito, o consumidor e o próprio governo vão pagar a conta desse aumento de custo, que deverá ser repassado ao preço final das obras. “Reduzir os preços significa permitir a continuidade da demanda na construção civil e a consequente geração de emprego e renda. Um país que precisa melhorar sua economia e tem uma série de problemas sociais não pode se furtar de tomar medidas que vão resultar em benefícios socioeconômicos”, concluiu Martins.
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