EMPRESÁRIOS ESPERAM POR MUDANÇAS NA ECONOMIA EM 2016
Falar sobre os problemas que o setor de petróleo vive não é mais novidade. Hoje, o que mais interessa é aprender com os erros e buscar horizontes melhores. Muitas empresas de engenharia, ainda impedidas de trabalhar para a Petrobrás, buscam manter os empregos de seus milhares de funcionários em outros mercados no Brasil ou tentam encontrar oportunidades no exterior.
O Petronotícias inicia nesta sexta (11) a série Perspectivas 2016 dando voz a diversos profissionais que atuam no Brasil e no exterior. Neste primeiro dia, estamos abrindo espaço para o Presidente da Ecopetrol, João Clark, o Cônsul Geral Adjunto do Brasil em Houston, a capital mundial do petróleo, Roberto Ardenghy, e o Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Altus, Leonardo Pinzon. Os três responderam às mesmas perguntas.
Veja as opiniões do Presidente da Ecopetrol no Brasil, João Clark:
– Como analisa os acontecimentos em seu setor neste ano?
“Houve dois conjuntos de fatores importantes que impactaram a indústria de petróleo no Brasil: um externo, que foi a queda dos preços de petróleo no mercado internacional, com forte impacto no orçamento, no fluxo de caixa e na priorização de atividades de todas as empresas; e um interno, que foi a crise econômica do Brasil associada à situação financeira da Petrobrás, que é a grande locomotiva da cadeia produtiva de O&G no Brasil.”
– Quais seriam as soluções para os problemas que o país está atravessando?
“Quanto a esta pergunta, vou me reservar a responder apenas ao que toca à indústria petrolífera. Há que se ajudar a recuperar a capacidade de investimento da Petrobrás livrando-a das amarras legais e governamentais e lhe permitindo tomar as decisões corporativas que sejam melhores para a sua saúde financeira. O sistema legal e regulatório brasileiro também tem que se adaptar aos novos tempos de aperto financeiro e tornar o país mais atrativo para a entrada de investimentos externos, por exemplo, montando um calendário de Rodadas de Licitação, acabando com a obrigatoriedade da Petrobrás de participar e operar em todos os projetos de pré-sal – isso tem que ser uma opção da empresa – e flexibilizando e simplificando as regras de conteúdo local.”
– Quais as perspectivas para 2016 ? Pessimistas ou otimistas?
“Não vejo o ano de 2016 com muito otimismo em relação à indústria, pois as projeções apontam para um ano ainda de preços internacionais baixos. Além disso, no horizonte político nacional, parece-me que ainda teremos um ano de incertezas.”
O Cônsul do Brasil em Houston, Roberto Ardenghy, mostrou as suas opiniões:
– Como analisa os acontecimentos em seu setor neste ano?
“Desde uma perspectiva de Houston, o ano de 2015 foi de desafios e sucessos. Desafios porque o nível decrescente do preço internacional do petróleo fez com que as empresas americanas se vissem forçadas a realizar grande ajuste nos seus contratos e passassem a praticar uma política de custos extremamente conservadora. O resultado foi a diminuição na lucratividade da cadeia produtiva e a diminuição na oferta de empregos do setor.
O ponto positivo foi resultado deste mesmo ajuste. Algumas inovações importantes (tais como refraking) e uma melhora generalizada na eficiência do setor fez com que o segmento de petróleo e gás natural esteja hoje mais enxuto e apto a se recuperar em caso de uma retomada no preço do petróleo em 2016, ainda que de forma modesta.
Neste contexto, o Brasil continua a ser um mercado interessante para os investidores e empresas norte-americanas. Nosso mercado é muito significativo e as oportunidades exploratórias são imensas. Além disso, não menos importante foi a desvalorização do Real frente ao Dólar, que fez com que os investimentos no Brasil, seja por meio de “joint ventures”, seja por intermédio de parcerias tecnológicas, tenham ficado extremamente atraentes para as empresas de Houston.”
– Quais seriam as soluções para os problemas que o país está atravessando?
“Acho que estamos no caminho certo. O Brasil tem mantido o regime de licitações de áreas exploratórias com diversos perfis de investimento (águas rasas, águas profundas, terra e novas fronteiras) e consolidado seu regime regulatório, o que dá maior confiança ao investidor. Recentes mudanças na sistemática de conteúdo local anunciadas pela ANP também são fatores que aumentaram a atratividade dos projetos. O Brasil é sempre um país que desperta interesse internacional. A descoberta do pré-sal em 2005, os resultados de produção alcançados até agora (mais de 700 mil barris/dia) e os enormes ganhos de produtividade obtidos pela Petrobrás, especialmente no pré-sal, são demonstrações evidentes não só da atratividade do Brasil como destino de investimentos externos, como da existência de uma cadeia produtiva no país apta a atender demandas de grande complexidade tecnológica.”
– Quais as perspectivas para 2016? Pessimistas ou otimistas?
“Sou incorrigivelmente otimista. Acho que 2016 ainda será um ano de ajustes, mas já apontará para um certo nível de recuperação mais para o final do ano. O desenvolvimento de alguns projetos importantes em exploração oriundos das recentes licitações da ANP, o programa de desinvestimento da Petrobrás, que permitirá a chegada de novos players ao mercado, e os resultados extremamente positivos dos projetos do pré-sal são fatores que, sem dúvida, servirão de estímulo aos negócios e servirão de atração para investimentos externos.”
Veja a gora o pensamento de Leonardo Pinzon, Gerente Desenvolvimento de Negócios da Altus:
– Como analisa os acontecimentos em seu setor neste ano?
“Está sendo um ano turbulento. Creio que a expectativa do mercado é que as correções e ajustes sejam feitos rapidamente para que possamos retomar o crescimento em ritmo ordenado e planejado.”
– Quais seriam as soluções para os problemas que o país está atravessando?
“Creio que o principal problema do Brasil hoje é político. A interferência politica é tamanha que não temos a possibilidade de realizar planejamento de longo prazo. A solução seria criar uma blindagem política nos negócios, principalmente nos geridos pelo governo”.
– Quais as perspectivas para 2016? Pessimistas ou otimistas?
“Acho pessimismo uma palavra forte, prefiro falar que 2016 será um ano de atenção em que não temos espaço para erro.”
Lendo a matéria, concordo com as posições aqui ditas de que o Brasil ainda é um país interessante para qualquer investidor, não especulador de mercado. Temos ainda muito o que explorar num território imenso e rico. O que realmente vivemos é uma crise política sem precedente, com cenas vergonhosas na Câmara e no Senado, com seus protagonistas se exibindo das formas mais variadas, que vão desde a luta corporal até às ofensas entre eles. Lembro-me das palavras do ex-presidente Sarney, quando em certa ocasião disse que o problema do Brasil não era econômico, mas político. Realmente, é político. Os nossos… Read more »