EMPRESAS BRASILEIRAS BUSCAM OPORTUNIDADES NA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO BRITÂNICA
Por Daniel Fraiha (daniel@petronoticias.com.br) –
O Reino Unido deve continuar sendo um dos principais parceiros internacionais do Brasil no setor de petróleo e gás. Apesar da crise que afeta a indústria, as empresas britânicas não têm pensado em deixar o País e continuam interessadas nas oportunidades do mercado nacional, agora com foco maior no longo prazo. O cônsul-geral do Reino Unido no Rio de Janeiro, Jonathan Dunn, ressalta que hoje há 120 empresas britânicas do segmento de petróleo e gás atuando no Brasil, de diversos tamanhos, incluindo as operadoras Shell, BP e BG, mas não acredita que o interesse delas pelo País tenha diminuído. No entanto, reconhece que no curto prazo existe uma atmosfera de incerteza que exige cautela, em função da queda drástica no preço do barril no cenário internacional e dos desdobramentos da Operação Lava Jato, que vem investigando uma série de esquemas de corrupção envolvendo a Petrobrás e empresas fornecedoras de bens e serviços. Dunn destaca que, nos últimos dois anos, as empresas britânicas geraram R$ 7 bilhões a partir de negócios no setor de energia brasileiro, e diz ainda que o movimento contrário, de empresas brasileiras investindo no Reino Unido, também tem crescido bastante. “Atualmente, atendemos 100 empresas brasileiras interessadas em expandir seus negócios no Reino Unido”, contou.
Como as empresas britânicas estão vendo o momento da indústria de petróleo brasileira?
O Brasil é um polo importantíssimo em óleo e gás. O pré-sal deve ser bastante explorado e traz excelentes perspectivas de longo prazo. Mas é um momento peculiar, porque, além da crise mundial, com a queda do preço do barril de petróleo, tem a crise interna, gerada pelas diversas alegações de corrupção. A meu ver, isso afeta os negócios apenas no curto prazo, porque muitas empresas estão tentando entender o que está acontecendo no setor. A situação atual está gerando incertezas e as empresas estão esperando a poeira baixar. Não só as estrangeiras, mas as brasileiras também. Achamos que não é o momento para agir impulsivamente, mas não acho que seja um fator decisivo para investir ou não no País.
A crise atual no País gerou que impacto no interesse britânico pelo mercado brasileiro?
Acho que tem impactado no curto prazo, por essa questão da incerteza, mas o interesse das empresas britânicas não diminuiu, porque há grandes oportunidades no longo prazo. As empresas britânicas não chegaram ontem e não vão embora amanhã. Os investimentos em óleo e gás são de muito longo prazo, então continua havendo interesse no longo prazo.
Quais têm sido os maiores focos das companhias que buscam apoio do consulado para entrarem no mercado de óleo e gás brasileiro?
Primeiro é importante lembrar da variedade das empresas britânicas trabalhando aqui. São 120 companhias do setor, de quase todas as áreas, desde as operadoras, como Shell, BG e BP, até empresas de segmentos muito específicos, usando o expertise conquistado no Mar do Norte, com tecnologia de ponta. Uma área especifica que menciono é a subsea. Muitas empresas estão buscando trazer tecnologias deste segmento para o Brasil, porque existe uma sinergia muito boa entre a tecnologia desenvolvida no Mar do Norte e as oportunidades existentes aqui.
Que tipo de apoio elas buscam do consulado?
O apoio que oferecemos depende muito do porte da cada empresa, do conhecimento que ela tem no mercado e da sua presença local. Atuamos de três maneiras. Uma delas é oferecendo inteligência de mercado, para as que estão na fase inicial de prospecção, normalmente querendo saber como fazer negócios aqui, buscando entender quais os possíveis parceiros etc. Outra demanda comum vem de empresas que já tem negócios aqui, que já exportam para cá, mas querem ampliar sua atuação. Essas nos procuram em busca de recomendação de parceiros, que seria a forma mais rápida de crescer aqui e se estabelecer. A terceira maneira é das empresas que já têm base aqui, com forte atuação, e nos procuram para ajudar a estabelecer suas marcas.
O governo britânico também apoia de alguma maneira as grandes empresas presentes no Brasil, como Shell, BP e BG? De que forma?
Nosso apoio independe do porte da empresa. Oferecemos ajuda a todas as empresas britânicas que querem vir ou que já estão aqui. Com essas enormes, é mais como uma parceria. Oferecemos nosso apoio geral e discutimos com eles as visões deles do setor de óleo e gás. Para isso, o governo tem, pelos consulados e pela embaixada em Brasília, um departamento dedicado a parceiros estratégicos, que buscam justamente essas empresas muito grandes. Esse departamento oferece apoio institucional para desenvolver uma agenda positiva. Trabalhamos com 25 empresas aqui no Brasil, incluindo as de fora do setor de óleo e gás.
Qual a expectativa do governo britânico em relação à geração de negócios entre os dois países na área de óleo e gás em 2015?
Os números de 2015 ainda não foram consolidados, mas nos últimos dois anos as empresas britânicas geraram R$ 7 bilhões com o nosso apoio no setor de energia. Celebramos isso numa recepção no Rio de Janeiro recentemente. A relação que temos com o Brasil é singular. Você não vai encontrar outro país que invista tanto no Brasil como o Reino Unido.
O movimento contrário, com empresas brasileiras buscando apoio para irem ao Reino Unido, também tem ocorrido?
Com certeza. Nos focamos muito no investimento do Reino Unido no Brasil, mas tentamos mostrar para as empresas brasileiras as oportunidades em nosso país. Temos atraído cada vez mais empresas, devido ao dinamismo de nossa economia. Nas últimas semanas, o embaixador esteve no Rio para um evento chamado Cariocas Globais, no Hotel Fasano, e apresentou os números das empresas brasileiras que buscaram oportunidades no Reino Unido nos últimos dois anos. Foi muito positivo, porque achamos que a internacionalização das empresas brasileiras beneficia as duas economias. Em 2014, a rede diplomática britânica no Brasil conseguiu apoiar cerca de 20 projetos brasileiros no Reino Unido.
Hoje temos 65 empresas brasileiras operando no Reino Unido, das quais 12 são cariocas. Apenas nos últimos dois anos o interesse brasileiro aumentou significativamente: 35 empresas brasileiras começaram a investir no Reino Unido. Atualmente, atendemos 100 empresas brasileiras interessadas em expandir seus negócios no Reino Unido.
Qual o caminho para empresas brasileiras que tenham interesse em investir no Reino Unido?
Quem tiver este objetivo deve entrar em contato conosco, porque temos equipes de investimento nos consulados do Rio e de São Paulo que podem ajudar em todas as coisas, desde o início do processo até a chegada ao Reino Unido. Temos visto a experiência das empresas brasileiras no Reino Unido e tem sido grande o desenvolvimento delas por lá.
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