ENERGIA NUCLEAR E DESENVOLVIMENTO
Eng. Carlos Henrique Mariz / Assistente da Presidência da Eletronuclear –
Apesar de Fukushima, a demanda por energia elétrica nuclear continua a crescer. Neste ano de 2013, vários países estão construindo 65 novas usinas nucleares, outras 160 estão em fase de planejamento e mais 340 estão sendo propostas.
Basta ver a Inglaterra, que acaba de aprovar seu vasto programa de construção dessas usinas, em parceria com a França, para suprir a sua demanda por eletricidade. Isso sem falar nos Estados Unidos, que estão construindo mais usinas nucleares, utilizando também as novas tecnologias e assim por diante. Até mesmo o Japão está mudando a sua postura. De acordo com o recém-eleito primeiro ministro Shinzo Abe, o novo governo está disposto a construir novas usinas.
Na contramão desta tendência está a Alemanha, que terá que gastar um trilhão de euros para cumprir a sua promessa política, com o partido verde, de desativação das nucleares. E, assim mesmo, ficará com sua matriz energética com 80% de energia fóssil, 20% de energia renovável e uma reserva estratégica de energia nuclear proveniente da França. Muitos cidadãos alemães questionam essa decisão, o que poderá fazer com que ela seja revista em futuro próximo.
Aqui, na América do sul, além do Brasil, a Argentina também produz energia elétrica nuclear. Ela quer se tornar uma líder na América Latina nesta tecnologia. Investe pesado na produção e exportação de reatores de pesquisa e também desenvolve um pequeno reator de 25MW, o CAREM, para produção de eletricidade – na verdade, uma mini-usina nuclear. Neste momento, busca parcerias internacionais para ampliar seu programa de construção de novas centrais.
No Brasil, com sua dimensão continental e uma população de 200 milhões de habitantes, as necessidades de energia são imensas. Dizer que o país não precisa de energia nuclear é sinônimo de dizer que o país não precisa crescer. Propor que a imensa demanda de energia que necessitamos seja atendida exclusivamente por fontes renováveis sazonais e afastadas do centro de consumo é uma miragem bem intencionada ou uma política de manutenção de status quo.
No momento em que estamos escrevendo este artigo, o Nordeste brasileiro passa por mais uma grande crise, motivada pela intensa seca prolongada. A Califórnia, nos EUA, que é uma região tão ou mais seca, é hoje a 6ª economia mundial. Usinas Nucleares “bombeiam” água permanentemente para a Califórnia, a ponto de se tornar uma das maiores bacias leiteiras do mundo.
Uma grande região do Nordeste, às margens do Rio São Francisco, está diante de uma oportunidade única. A implantação de uma moderna central nuclear de produção de energia elétrica poderá ser o ponto de partida de um grande processo de desenvolvimento regional. Durante a sua implantação, poderá criar milhares de empregos e investimentos de bilhões no município escolhido e seus vizinhos. Um salto de décadas que irá transformar a vida de quem mora no sertão e se propagar para todo o Nordeste.
Resta saber se teremos a competência política para garantir esse grande empreendimento estruturador aqui na região, ou se ele migrará para as regiões sul e sudeste.
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