ENGIE NEGOCIA NOVOS PROJETOS DE CIDADES INTELIGENTES PELO BRASIL
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
Depois de fechar contratos com as cidades do Rio de Janeiro e Niterói para fornecer soluções inteligentes de monitoramento, a Engie está em novas negociações para levar projetos semelhantes para outras cidades brasileiras. De acordo com o diretor de inovação da companhia no Brasil, Carlos Gothe, a área de mobilidade desperta grande interesse da empresa, que quer crescer no segmento. Além disso, a Engie promove nesta quinta-feira (1º), um evento especial voltado à inovação relacionada às cidades inteligentes. O encontro será realizado no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro e a ideia, segundo Gothe, é descobrir tecnologias desenvolvidas por pequenas empresas e startups. Na opinião do executivo, o Brasil demorou para se engajar na inovação voltada ao setor. “O Brasil está no pelotão do meio, já que não fez parte da primeira onda. Alguns países partiram na frente, como EUA, Singapura, Tailândia e as nações da Europa. Sendo que o País já acordou para a questão”, afirmou.
Como a Engie vê o processo de implementação das redes inteligentes no Brasil?
Do ponto de vista técnico, vemos um movimento grande no sentido de que esse tipo de projeto vai avançando bem rápido fora do país. Então, temos dois processos simultâneos: o desenvolvimento de soluções locais e a importação de equipamentos. No Brasil, a implementação de redes inteligentes tem financiamento do BNDES, que exige conteúdo local. Isso acaba inibindo a importação de soluções. Seria interessante flexibilizar essa exigência, porque temos tecnologias que estão desenvolvidas lá fora e poderiam ser aproveitadas no Brasil. Tivemos algumas experiências parecidas, como o caso da energia eólica, onde o banco abaixou as exigências. Seria uma proposta interessante para smart grids também. Além disso, a regulamentação sofreu uma mudança que passa a responsabilidade da iluminação pública da concessionária para as prefeituras, o que vai facilitar essa implementação.
Quais os maiores obstáculos e quais os fatores atrativos deste mercado no País?
Em relação aos pontos de atração, temos o tamanho do mercado e a necessidade desse tipo de equipamento smart. Se olharmos para as décadas de 70 e 80, o Brasil era um “paraíso energético”. Não havia estímulo para a utilização mais inteligente da energia porque a tarifa era mais barata. Mas com o aumento dos preços de energia na última década, vemos um aumento do interesse pelas smart grids. Quanto aos obstáculos, são muito menos tecnológicos, e sim regulatórios. Como disse, a iluminação pública passou a ser responsabilidade das prefeituras. O nível de conhecimento técnico das administrações municipais sobre redes inteligentes é muito diverso. Temos cidades avançadas em conhecimento e outras que ainda precisam se desenvolver.
Essa mudança de responsabilidade para as prefeituras é benéfica?
Eu acredito que sim, porque leva o processo de implementação para o ente responsável. As concessionárias de energia instalavam a iluminação pública e cobravam das prefeituras. Não existia um estímulo para estas companhias fizessem um uso eficiente. Quanto mais gastavam, mais tinham de retorno. Essa mudança foi um avanço.
Como o setor elétrico nacional tem se comportado em relação às inovações tecnológicas que vêm modificando o cenário energético global?
O Brasil está no pelotão do meio, já que não fez parte da primeira onda. Alguns países partiram na frente, como EUA, Singapura, Tailândia e as nações da Europa. Sendo que o País já acordou para a questão. O próprio suporte do BNDES vai atuar para acelerar o passo nessa questão.
Como as inovações tecnológicas podem integrar o setor elétrico com outros segmentos industriais?
A própria estrutura da Engie, que teve uma reorganização em 2016, é exemplo disso. Temos as linhas de negócios de Geração e Comercialização de Energia, Geração Solar Distribuída, Serviços de Energia e Soluções Integradas. Este último foi responsável pela integração das câmeras de segurança, painéis de mensagens e outras informações sobre o tráfego do Centro de Operações do Rio de Janeiro. Em Niterói, nossas soluções fornecem gerenciamento inteligente do tráfego em tempo real através de semáforos inteligentes para o Centro de Controle de Operações da cidade. A ideia é integrar todos esses braços da Engie.
Quais serão os principais impactos do avanço da Internet das Coisas (IoT) no setor elétrico brasileiro?
A IOT certamente vai afetar o setor elétrico na medida que nossos eletrodomésticos começarão a conversar ente si, facilitando o gerenciamento da demanda da energia. Um dos problemas no Brasil é que em determinado período do dia, a demanda é muito maior, assim como o preço também fica mais elevado. Um equipamento smart vai detectar isso e deixará de consumir grande quantidade de energia nos momentos de pico. Se tivermos vários equipamentos inteligentes fazendo isso ao mesmo tempo, esse pico de demanda vai diminuir.
Quais as expectativas da Engie em relação a estes mercados no Brasil?
Estamos bastante desenvolvidos em geração de energia. E queremos crescer na área de serviços mais próximos ao cliente final. Isso engloba projetos de mobilidade, uma grande área onde queremos crescer. Tivemos esse projeto recente na cidade Niterói e queremos reproduzi-lo em outras partes do Brasil. Já temos várias conversas iniciadas neste sentido.
Qual o objetivo da Engie com a realização do Brasil Innovation Day?
Nosso conceito com esse evento é de que, hoje, o modelo de buscar inovação por meio de pesquisa e desenvolvimento internos foi substituído pela busca de inovação em pequenas empresas e startups. Uma forma de conhecer essas empresas é fazendo esse evento. Além de palestras e debates para divulgar novas ideias na comunidade acadêmica, teremos o nosso concurso de startups. A empresa premiada receberá a oportunidade de ter seu produto testado em algumas das empresas da Engie do Brasil e, caso tenha sucesso, pode ser adotado em escala industrial.
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