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ENQUANTO GOVERNO DISCUTE PRIVATIZAR A NUCLEP, DIREÇÃO DA EMPRESA AVANÇA NA DIVERSIFICAÇÃO DE NEGÓCIOS

Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –

carlos-seixasO compasso liberal ditado pela equipe econômica do governo federal está propondo um conjunto de privatizações de empresas públicas, algumas delas consideradas muito estratégicas. Um caso emblemático é a Nuclebrás Equipamentos Pesados (Nuclep). A companhia tem um parque fabril de 1 milhão de metros quadrados em Itaguaí (RJ), mas o gigantismo da empresa não é apenas o físico. A Nuclep também é a responsável por fabricar equipamentos cruciais para projetos estratégicos do Brasil, como o Submarino Nuclear Álvaro Alberto (SN-10) e a usina nuclear Angra 3. A companhia também assina a construção dos cascos dos submarinos convencionais que estão sendo construídos para a Marinha. Diante destes fatos, o governo pode estar cometendo um erro estratégico ao escolher privatizar uma organização tão importante.

Por isso, o Petronotícias ouviu o presidente da Nuclep, o Almirante Carlos Seixas, para saber como a empresa está lidando com essa possibilidade. “A linha que eu considero mais produtiva e interessante é a que possa vir como uma parceria. Ou seja, alguma outra empresa – de preferência brasileira, para manter a nacionalidade da Nuclep – que pudesse entrar com recursos financeiros. Mas também não está descartada a possibilidade de entrada de um investidor estrangeiro”, afirmou. A previsão é que o processo de privatização aconteça apenas em 2021. Mas, até lá, a direção atual da companhia trabalha para diversificar negócios e ganhar robustez financeira. “O nosso plano de negócio prevê, já para 2020, um faturamento da ordem de R$ 150 milhões. Estamos em maio e somente com os contratos assinados e em andamento que já temos, a Nuclep está muito próxima dos R$ 150 milhões de faturamento”, revelou Seixas.

Almirante, há um comentário no mercado sobre o possível adiamento da privatização da Nuclep em função do coronavírus. Gostaria que comentasse sobre essa possibilidade.

Na verdade, não vimos nenhum adiamento. O processo está dentro do cronograma. A privatização da Nuclep não estava prevista para este ano, somente para 2021. O que eu acho que pode acontecer é um pequeno atraso em virtude da pandemia do coronavírus e as restrições consequentes. Mas o processo continua em andamento. O BNDES está fazendo o seu trabalho neste sentido. Inclusive, nessa semana, saiu no Diário Oficial da União uma nota sobre a contratação de uma firma que irá fazer o levantamento financeiro da Nuclep. Também foi publicado outro edital para fazer um auditoria na empresa.

Estamos na expectativa. Dependendo do modelo de privatização a ser escolhido pelo governo, poderá ser benéfico para a empresa. Logicamente que esse modelo que será apontado pelo BNDES terá que ser aprovado pelo PPI, que eu acredito que fará a melhor escolha possível para a Nuclep. Então, o processo está em andamento e se houver algum atraso, acredito que não será significativo.

A Nuclep é reconhecidamente uma empresa estratégica para o Brasil, tendo em vista o seu know-how para fabricar equipamentos cruciais para o submarino nuclear e as usinas nucleares. A privatização traria que tipo de benefício para a empresa?

tecnologia_foto_heroComo eu disse anteriormente, esse processo de privatização está em andamento. Serão várias linhas de ação. A linha que eu considero mais produtiva e interessante é a que possa vir como uma parceria. Ou seja, alguma outra empresa – de preferência brasileira, para manter a nacionalidade da Nuclep – que pudesse entrar com recursos financeiros. Mas também não está descartada a possibilidade de entrada de um investidor estrangeiro.

Esses recursos desse parceiro seriam usados para modernização do parque fabril da Nuclep, que é uma necessidade da empresa.

A Nuclep ganharia no sentido de poder modernizar suas máquinas e ganharia uma flexibilidade no mercado. Porque às vezes ficamos amarrados por sermos uma estatal e ficamos sem recursos para comprar insumos. Com essa privatização, poderíamos passar a pegar empréstimos. Então, ter um parceiro seria interessante.

Como mencionei na última pergunta, a Nuclep é a responsável por fabricar equipamentos essenciais para o Programa de Submarinos da Marinha do Brasil (PROSUB). Se a Nuclep for privatizada, quem passaria a produzir esses equipamentos? A empresa continuaria a ser a fornecedora do PROSUB?

Isso realmente eu não saberia explicar. Acho que quem poderia dar esta resposta seria a própria Marinha. Se a Nuclep for privatizada dentro de um modelo em que seja totalmente transferida para as mãos de uma empresa privada, eu realmente não sei como seria o seu relacionamento com a Marinha do Brasil.

Falando agora sobre os negócios da empresa, poderia comentar sobre o processo de diversificação de negócios? A Nuclep anunciou, por exemplo, que começaria neste mês sua produção de torres de transmissão.

No início deste ano, já assinamos dois contratos: um com a Tabocas e outro com a Neoenergia para fabricação de torres de transmissão. Estamos ainda comissionando as nossas máquinas, mas já estamos produzindo os equipamentos das primeiras torres. Eu estive esta semana na fábrica e vi as máquinas já trabalhando e produzindo os equipamentos.

A Nuclep tem, atualmente, capacidade para produzir 12 mil toneladas por ano na linha de montagem de torres. Compramos novas máquinas, que têm previsão de chegada até setembro. Assim, nossa capacidade será aumentada para 30 mil toneladas por ano.

Quais são os resultados já obtidos e o que a Nuclep espera alcançar ao longo dos próximos anos a partir dessa diversificação?

image0De 2019 para cá, a empresa deu uma guinada muito importante. Nós conseguimos fazer uma diversificação do nosso portfólio. No ano passado, assinamos o contrato com a Petrobrás para fazer torres de processo. Conseguimos também assinar um contrato com a Thyssenkrupp para fabricação de uma máquina de mineração. Em outubro, assinamos um contrato com a Amazul para fabricação do bloco 40 do Labgene, que é a seção onde ficará alojado o reator nuclear. Temos até 2023 para entregar esta seção pronta. Já estamos construindo peças enormes para atender a este contrato.

O nosso plano de negócio prevê, já para 2020, um faturamento da ordem de R$ 150 milhões. Estamos em maio e somente com os contratos assinados e andamento que já temos, a Nuclep está muito próxima dos R$ 150 milhões de faturamento.

Para 2021, esse valor passará para R$ 200 milhões e para 2022 subirá para R$ 300 milhões. O que significa que estamos em uma crescente para buscar, até 2022, a autossuficiência da empresa. 

Por fim, poderia falar como a Nuclep está atravessando esse momento de pandemia do novo coronavírus?

Estamos tentando minimizar o impacto. Mas é lógico que esse impacto existe. Toda a nossa mão de obra do grupo de risco da doença que pode trabalhar no home office está em casa. Mas algumas categorias, como soldador, caldeireiro e eletricista não podem trabalhar em home office. Então, esses trabalhadores dessas categorias que estão no grupo de risco também estão em casa, sem trabalhar.

No chão de fábrica, adotamos o sistema de turnos. Com isso, conseguimos reduzir o número de pessoas no refeitório e no ônibus. Tivemos um ganho em preservar a saúde dos funcionários. Todos eles passam por aferição de temperatura e usam máscaras. Graças a Deus, não tivemos nenhum funcionário até o presente momento com a confirmação de infecção pela Covid-19.

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Fernando Ribas
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Fernando Ribas

Privatização ja

Miguel
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Miguel

Constituicão Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
Se a NUCLEP, que é uma empresa estratégica de defesa, não for compatível com o artigo acima, qual empresa pública será??

J. Soloes
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J. Soloes

Fernando, procura no teu mercado privado aí , quem produz ou vende a tecnologia para a construção de um reator nuclear para utilização em submarino , ah ..veja se parcela em 10x pra mim. Pelo que sei só 6 países dominam essa tecnologia, será que eles têm um preço para isso??

Augusto silva
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Augusto silva

Vai acabar a mordomia , essa empresa é o maior cabide de emprego que eu já vi com salários altíssimos e não produzem nada !

Renato Cr.
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Renato Cr.

Cabide de emprego? A grande maioria dos funcionários de Estatais entrou por concurso público, por favor vai se informar melhor. É impressionante, as pessoas ficam repetindo frases como um mantra, sei lá imitam papagaio, PRIVATIZAÇÃO JÁ, VAI ACABAR A MAMATA, CABIDE DE EMPREGO…na verdade acho que almejam a privatização para terem uma oportunidade de entrarem através do “QI”, já que pela modalidade concurso público não terão capacidade.

Renato Cr.
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Renato Cr.

Nenhuma empresa estratégica de defesa deveria ser passa integralmente para a iniciativa privada. Concordo com o presidente desta Empresa. A NUCLEP é muito estratégica, principalmente para a Marinha do Brasil.

LUIZ BANDEIRA DE MELLO BRAGA
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LUIZ BANDEIRA DE MELLO BRAGA

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