FINEP BUSCA APROXIMAÇÃO COM SETOR NUCLEAR PARA DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS INOVADORES
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
Os tempos de crise são desafiadores para a economia brasileira, e a busca por alternativas se faz necessária. Um dos caminhos para enfrentar os tempos difíceis é o investimento em tecnologia e inovação. Tendo isso em mente, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) está buscando uma maior aproximação com um dos setores considerados fundamentais para o País, o nuclear. O diretor de inovação da entidade, Márcio Girão, esteve recentemente em um encontro com empresas do segmento promovido pela Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN). O objetivo foi chamar a atenção de companhias da indústria nuclear para as possibilidades de financiamento de projetos de inovação. “O setor nuclear é uma área importante e esperamos que as empresas se sensibilizem para desenvolver projetos inovadores dentro desse segmento“, afirmou Girão. De acordo com o diretor, a meta agora é expandir ainda mais as conversas com a ABDAN para que as companhias do setor nuclear invistam mais em inovação. “Mesmo com a recessão, existem recursos para crédito que não são atingidos pela crise. A Finep está muito bem sólida no seu processo econômico“, explicou.
Fale um pouco sobre a diretoria de inovação.
A diretoria de inovação da Finep opera os créditos subsidiados para empresas que desenvolvem projetos inovadores. Analisamos o projeto da empresa proponente e avaliamos o grau de inovação. Existem vários tipos de inovação: aquelas que mudam processos, outras que ajudam manter o nível de competitividade da empresa, por exemplo. Além disso, a Finep, para as empresas, também oferece a subvenção econômica. São editais onde elas concorrem sobre temas específicos. Neste caso, o crédito não é reembolsável. Oferecemos recursos para que empresas desenvolvam projetos inovadores. Possuímos várias parcerias internacionais e convênios com universidades e centros de pesquisa.
Como funcionam essas parcerias internacionais?
Temos parcerias atuais na Suécia, Noruega e Espanha. São empresas e ICTs brasileiras que apresentam projetos financiados por nós e que são parceiras de companhias dessas nações e por elas financiadas. Essas companhias fazem projetos em conjunto. Nestes casos, abrangem o setor aeroespacial, óleo e gás, meio ambiente, saúde e TICs (tecnologias da informação e comunicação).
E quais serão as próximas ações da Finep?
Além da continuidade de nossa missão maior, neste momento, estamos emprenhados em contribuir para apoiar o governo na superação da crise. Isso inclui reavaliar métodos da forma como fomentamos e financiamos os projetos. Novos métodos e instrumentos serão anunciados em breve. Em tempos de crise, a melhor ação é a reação a ela com inovação e mecanismos para sua superação.
Quais são os principais entraves no país que impedem a inovação?
O Brasil não é ainda um país altamente desenvolvido, o que implica em obstáculos permanentes no acompanhamento do cenário internacional de C,T&I. Mas, também, percebemos hoje que a integração da academia com empresas precisa ser mais efetiva. E entendemos que todos (governo e empresas) estamos amarrados por causa da crise econômica. A inovação, a ciência e a tecnologia têm metas internacionais e se movem constantemente e o Brasil não pode estacionar, pois as perderá de vista e ficará para trás no cenário mundial.
Qual foi o objetivo da apresentação na Abdan?
O objetivo da nossa apresentação foi mostrar a Política Operacional da Finep, apresentando todos os nossos instrumentos e a forma como avaliamos os projetos. O foco foi chamar a atenção de empresas ligadas ao setor nuclear para buscar na Finep o financiamento de seus projetos inovadores.
Como tem sido a procura do setor nuclear?
A Finep tem financiado muito a parte acadêmica (pesquisas e infraestrutura), porém a parte empresarial não tem nos procurado. E nós queremos que as empresas busquem a Finep, que retrata uma política industrial do país. O setor nuclear é uma área importante e esperamos que as empresas se sensibilizem para desenvolver projetos inovadores dentro desse segmento.
E qual foi a resposta que o senhor recebeu dos empresários presentes?
Acho que saíram bem satisfeitos, o retorno que a Abdan me deu foi de que os mecanismos da Finep foram muito bem aceitos pelos presentes. Estamos na expectativa de atuar mais no setor nuclear do País. Vivemos uma revolução industrial como nunca houve antes na humanidade. E o setor nuclear tem que se beneficiar disso. A energia nuclear, juntamente com a solar e a eólica, serão fundamentais para o futuro da humanidade.
Por que hoje as empresas desse setor não têm procurando a Finep?
Talvez porque a gente não tenha se mostrado com mais visibilidade ao setor. Ainda não houve uma sinergia entre as partes. A minha ida à Abdan foi o início do processo de aproximação. Acredito que ainda não havia um conhecimento maior por parte das empresas em relação às perspectivas que podem ter com os financiamentos da Finep. Mesmo com a recessão, existem recursos para crédito que não são atingidos pela crise. A Finep está muito bem sólida no seu processo econômico.
Quais serão os próximos passos da Finep em relação ao setor nuclear?
Ainda não temos projetos específicos, mas estamos discutindo com a Abdan. Queremos voltar a falar com as empresas para que elas desenvolvam seus projetos inovadores com apoio da Finep. Tivemos recentemente no curso da WNU fez em parceria com a Abdan. Conversamos com seus líderes e alguns empresários e esperamos que a venham nos procurar para estreitarmos nossas relações.
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