REDUÇÃO DOS INVESTIMENTOS RESULTA EM BAIXA DEMANDA POR PROFISSIONAIS NO SETOR DE ÓLEO E GÁS
Por Paulo Hora (paulo.hora@petronoticias.com.br) –
Após um momento de altos investimentos no setor de óleo e gás, entre 2010 e 2012, com grande demanda por profissionais qualificados, a situação se inverteu em 2013 e gerou uma baixa expectativa neste ano, em que houve uma forte redução no número de contratações. Segundo o gerente da Adecco no Rio de Janeiro, Carlos Afonso, a queda na oferta de empregos está diretamente relacionada à diminuição dos investimentos da Petrobrás, sobretudo na área de perfuração, já que o mercado depende fortemente da estatal.
A expectativa do mercado, segundo Carlos Afonso, é que os investimentos no setor de óleo e gás voltem a crescer a partir de julho de 2015, possibilitando o aumento da demanda por profissionais. Ele ainda disse que, como a Petrobrás não deixou de investir em produção, o número de embarcações contratadas ainda está alto, fazendo com que as atividades de apoio marítimo e o setor naval como um todo sintam menos a crise.
De que maneira a Adecco atua na condução de profissionais às oportunidades de emprego?
A Adecco é a maior empresa que oferece soluções para recursos humanos no mundo. Desde 1989, atuamos na intermediação para contratações temporárias, terceirização e folha de pagamento. Mais recentemente, há quatro ou cinco anos, começamos a nos envolver em recrutamento e seleção de funcionários.
A redução da demanda por profissionais no setor de óleo e gás caiu mais do que a média dos outros setores da economia?
Sem dúvida. A demanda foi menor e a queda foi mais acentuada em relação a outros setores. Houve um momento bom entre 2010 e 2012, mas, no ano passado, as expectativas do mercado já não foram concretizadas. Neste ano, as expectativas já eram baixas e, também por isso, houve pouco investimento, o que se refletiu no menor número de contratações.
Antes as empresas diziam que faltava mão de obra. A situação se inverteu?
O que faltava era mão de obra qualificada, principalmente engenheiros e oficiais de náutica. Hoje já não há mais essa sensação. Já é possível ver gente boa disponível no mercado.
Existe uma perspectiva de reversão para esse quadro?
Existe. Atualmente segurando investimentos, a Petrobrás é a ponta da cadeia e é responsável por puxar as outras empresas do setor de óleo e gás. Outros players podem influenciar na recuperação do mercado, mas a dependência da estatal é muito grande. O atual momento de contratação envolve mais troca de peças e não aumento de quadro. Espera-se que o mercado se aqueça novamente a partir de julho de 2015, quando deverão ser feitos novos investimentos. O leilão da área de Libra também gera grande expectativa.
Que tipo de profissional tem tido mais dificuldade para encontrar emprego no setor?
Profissionais que não falam outro idioma, pouco qualificados ou sem uma formação diferenciada em engenharia ou em cursos técnicos. Também têm mais dificuldade para encontrar emprego os profissionais de perfuração, área em que a Petrobrás não está investindo.
A situação já se reflete ou poderá se refletir nos salários?
Já reflete com alta intensidade. Em 2011 e 2012, os profissionais faziam leilão entre as empresas que lhes apresentavam propostas, o que inflacionava os salários. Agora, com a redução da demanda por empregados, o poder de barganha está com as empresas.
O mercado do setor naval vive as mesmas dificuldades que o de óleo e gás?
O setor naval está relativamente bem. Como a Petrobrás está investindo em produção e contratando novas embarcações, as atividades de apoio marítimo sentem um pouco menos a crise.
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