HANNOVER APOSTA EM TECNOLOGIA DE GERAÇÃO ENERGÉTICA A PARTIR DE RESÍDUOS
Por Paulo Hora (paulo.hora@petronoticias.com.br) –
Capaz de transformar os resíduos em gás de síntese, utilizado como combustível para a cogeração de energia e redução na emissão de gases tóxicos na atmosfera, em efluentes ou aterros, a tecnologia de Plasma, da Hannover Ambiental, tem sido a aposta da empresa para que municípios possam cumprir a Lei de Resíduos, que determina a desativação de todos os lixões e o encaminhamento dos vestígios para aterros sanitários. Segundo o diretor comercial da Hannover, Luis Klein, as usinas que operarem com a tecnologia desenvolvida pela empresa poderão vender a energia produzida para as prefeituras com 30% de desconto, o equivalente ao custo que seria pago à concessionária de geração.
Como funciona a tecnologia de Plasma?
São dois tipos de tecnologia. O Plasma Termi usa uma temperatura de 7000°C e o Plasma Transiente 1800°C. As usinas de processamento gaseificam os resíduos para fazer a combustão em turbinas a gás, gerando energia.
Como é feita a Parceria Público-Privada para a instalação das usinas com essa tecnologia?
A prefeitura fornece o espaço, entrega os resíduos e, com autorização da Aneel, compra a energia produzida com desconto de 30% sobre a tarifa que paga atualmente. Desse modo, o lucro, que iria para a concessionária, é transferido para a receita da usina e a energia que sobra é vendida no mercado livre. A Hannover busca parceiros do setor privado para cuidar da instalação e da operação da usina. Como fizeram uma lei de resíduos sólidos que 95% dos municípios não conseguem cumprir, a tecnologia da Hannover pode ser a solução.
Essa tecnologia é capaz de atender a demandas de grandes cidades?
É viável. Cidades como São Paulo e Rio de Janeiro só têm uma unidade de processamento de lixo. Usinas que operarem com a nossa tecnologia poderão se instalar em pequenas áreas. Em vez de levar todo o lixo para o mesmo aterro, espalhariam-se os resíduos em diversas áreas da cidade. Com menores distâncias, haveria menos custos. O processo é sustentável e se paga em seis anos. Seriam módulos de 50 ou 100 toneladas. A capacidade de produção de energia com tecnologia de plasma é 35 kWh por tonelada de lixo. A manutenção de usinas com essa tecnologia é muito mais barata do que a com motores movidos a pistão a gás, que é inviável.
Em quais municípios esse sistema já está funcionando? Outros demonstraram interesse?
A primeira usina está sendo instalada em Planaltina (GO) e deve ser inaugurada no mês que vem. Existem vários outros municípios interessados, como Novo Hamburgo (RS), Laguna (SC) e Salto (SP), mas o processo para concretizar é longo, dura mais de um ano. É preciso fazer uma audiência pública, votar uma lei municipal para a formação da Parceria Público-Privada (PPP), realizar uma licitação e firmar os contratos.
Quais são os planos de investimento da Hannover em aterros sanitários nos próximos anos?
Nós detemos a tecnologia e somos a única empresa que tem laboratório no Inmetro, mas falta apoio do governo. O grande problema é nossa análise de risco BB, que não nos permite conseguir financiamento do BNDES. Só quando melhorarmos nossa avaliação, poderemos investir mais. Estamos usando recursos próprios.
A energia só pode ser usada próximo ao lugar onde é produzida ou pode ser transportada para atender a lugares com maior demanda?
Caso esteja a uma distância de até nove quilômetros da rede, a energia gerada pode ser levada à rede de distribuição para ser aproveitada em qualquer lugar do Brasil.
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