METALCOATING PRETENDE DIVERSIFICAR ÁREAS DE ATUAÇÃO EM 2014
Por Rafael Godinho (rafael@petronoticias.com.br)
A Metalcoating, especializada na aplicação de revestimentos anticorrosivos, quer diversificar os setores em que atua. A empresa tem forte presença nas áreas de Óleo & Gás e etanol, responsáveis pela maior parte de seus negócios, mas, após dificuldades nos setores, está buscando formas de reduzir esta dependência. Segundo Salomão de Almeida Neto, diretor executivo da Metalcoating e diretor de negócios do grupo Alvenius, entre os principais desafios está a ausência de regras claras nos preços de derivados, o que interferiria no poder de investimentos da Petrobrás em obras de grande porte. “Tenho extrema preocupação com o que está acontecendo à Petrobrás, na questão dos combustíveis”, comenta ele, referindo-se à política de preços imposta à estatal. “Nossa ideia principal na gestão da empresa hoje é ter alternativa em outros setores, como saneamento, alimentício, químico, industrial”, afirma ele.
O senhor ocupa cargos de diretoria na Metalcoating e na Alvenius. Qual é a relação entre ambas as empresas?
Elas atuam em mercados diferentes: o grupo Alvenius é fabricante de tubos e distribui produtos da marca Tyco no Brasil. Já a Metalcoating é uma empresa de revestimentos, para proteção anticorrosiva de tubulações. Trata-se de uma parte da Alvenius, o que não impede a Metalcoating de prestar serviços para a própria Alvenius.
Qual é a origem da companhia Alvenius?
Ela era sueca, até que foi vendida para pessoas físicas do Brasil. Eu mesmo sou sócio de ambas as empresas. Já a Metalcoating foi fundada no Brasil há cerca de doze anos. Ela não nasceu na nossa mão, mas na mão de um ex-sócio da Alvenius, com pessoas que tinham um entendimento diferente da atuação da empresa. Em 2004, ela realizou os primeiros trabalhos de revestimento de tubulação Alvenius para o setor sucroalcooleiro. Em 2006, compramos definitivamente a Metalcoating, e analisamos que os maiores clientes eram de Óleo e Gás. Em 2008, obtivemos nosso primeiro CRCC e, no ano seguinte, os sistemas de gestão da qualidade ISO 9000, ISO 14.000 e 18.000. Em 2010, consolidamos o uso da poliamida no setor sucroenergético. Em 2011, assinamos nosso primeiro contrato com a Petrobrás, para Carmópolis, e outro em Macaé, na Bacia de Campos.
Em que locais do Brasil vocês estão hoje?
Temos duas fábricas estrategicamente posicionadas. A unidade de Nossa Senhora do Socorro, em Sergipe, atende desde Suape até o Polo Petroquímico de Camaçari. Já a unidade de Cotia, em São Paulo, atinge desde as unidades da Petrobrás no Espírito Santo até o Estaleiro Rio Grande (RS). Além de clientes em Rio Grande, temos contratos firmados no Rio de Janeiro, em Recife (Suape) e Maceió.
Qual é o principal serviço da empresa?
A marca forte da Metalcoating é o revestimento de peças por meio de tecnologia de revestimento em pó. Nossas duas unidades estão aptas a usar qualquer uma destas resinas: polietilenos, poliamida, fluorpolímeros. A Metalcoating manipula uma peça metálica, tratando a superfície e aplicando o revestimento contra corrosão, abrasão e/ou alta temperatura, mediante resinas específicas, seja interna ou externamente.
Quais são seus projetos para 2014?
Para 2014, pretendemos consolidar todos os grandes projetos junto aos estaleiros e chegar ao final do ano na questão do desenvolvimento de novos setores. Obviamente, tudo o que fazemos depende muito de como o mercado vai se comportar. Hoje, tenho extrema preocupação com o que está acontecendo à Petrobrás, na questão dos combustíveis. O etanol depende muito do preço da gasolina.
O que seria necessário para resolver essa situação?
No próximo ano, queremos que as coisas se estabilizem, e que haja regras claras, principalmente em relação aos preços, o que envolve a Petrobrás ter recursos para novos investimentos. As novas descobertas nas proximidades de Aracaju (SE) vão demandar muitas instalações e serviços, o que deve favorecer uma série de empresas.
Quais são seus maiores clientes? Quais os últimos contratos?
Hoje é a cadeia de Óleo e Gás e as usinas sucroenergéticas. Além da Petrobrás, os estaleiros Atlântico Sul e todos os grandes contratantes de estaleiro, além de empresas como Odebrecht Bioenergia, o grupo Raízen (antiga Cosan) e o grupo Louis Dreyfus Commodities (LDC). Nosso últimos contratos têm sido em função dos FPSOs replicantes e da construção de navios para transporte de petróleo e gás.
Qual será a estratégia da empresa daqui para frente?
Atualmente a Metalcoating trabalha muito para diversificar suas áreas de atuação: óleo & gás e sucroenergética. Embora sejam coisas bem distintas, sua sazonalidade é interligada. Nossa ideia principal na gestão da empresa é ter alternativa em outros setores, como saneamento, alimentício, químico, industrial. Todos eles têm na corrosão uma problemática constante. Já temos alguns trabalhos pontuais, mas esse é um grande projeto, que não há no Brasil.
Como se dá a formação dos profissionais envolvidos?
Nós mesmos formamos os profissionais internamente para trabalhar com resina em pó. Trabalhamos apenas com revestimentos orgânicos, isto é, que contêm carbono na composição. As resinas são cadeias poliméricas de carbono, e nelas se inserem substâncias para que se tornem polietileno, fluorpolímeros etc. Nós tratamos a superfície da peça, aquecendo-a e aplicando a resina em pó. Após a formação da camada homogênea, nós a submetemos a testes rigorosos. Em seguida, é feito um databook, que é o registro do controle de qualidade feito na peça. Nossos fornecedores são empresas como 3M, AkzoNobel, DuPont, Solvay, Arkema.
Deixe seu comentário