ESCOAMENTO DE GÁS DEVE DEMANDAR US$ 6 BILHÕES EM INVESTIMENTOS NO BRASIL ATÉ 2020 | Petronotícias




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ESCOAMENTO DE GÁS DEVE DEMANDAR US$ 6 BILHÕES EM INVESTIMENTOS NO BRASIL ATÉ 2020

Por Daniel Fraiha (daniel@petronoticias.com.br) – 

Eric EybergA Petrobrás decidiu se desfazer de uma parcela significativa de seus ativos da área de gás e energia, mas a demanda por investimentos para viabilizar o escoamento da produção nacional crescente deve alcançar uma soma de US$ 6 bilhões até 2020, nas contas de um estudo realizado pela consultoria Wood Mackenzie. O diretor da empresa na América Latina, Eric Eyberg, que coordenou a pesquisa, feita sob encomenda para um série de entidades do mercado nacional, explica que se basearam na avaliação de projetos brasileiros, na análise das distribuidoras e em entrevistas com mais de 60 participantes do setor, além de usarem a base de dados global da companhia. Dentre as conclusões, o executivo aponta a necessidade de ampliação do escoamento offshore, incluindo os gasodutos Rota 3, Rota 4, e outros a serem construídos por investidores privados, além da duplicação de algumas rotas terrestres e da ampliação de unidades de processamento de gás. A pesquisa avalia ainda que a demanda nacional deve crescer a uma taxa média de 3% a 3,5% ao ano, mas o momento difícil da Petrobrás faz com que haja uma preocupação em relação à forma como esses investimentos deverão ser realizados. Eyberg foi um dos principais palestrantes no segundo dia do Rio Gas & Power Forum, que chega ao fim nesta quinta-feira (26), no Copacabana Palace (RJ).

Pode explicar a pesquisa?

Fizemos uma pesquisa sobre o mercado de gás no Brasil, entre o fim de 2013 e o início de 2014, avaliando a demanda, a infraestrutura e o modelo de despacho do setor termelétrico. Também avaliamos todas as distribuidoras, com entrevistas com mais de 60 participantes do setor aqui no Brasil, em várias instâncias, com distribuidoras, órgãos reguladores e representantes do governo, além de aproveitar a nossa base de dados mundial.

Conectamos a visão da oferta com a da demanda, para levantar as perspectivas de investimento e os gargalos.

Quais as conclusões?

Foram que o Brasil tem tudo para ser um mercado de gás expressivo. Tem uma oferta que vai chegar numa onda grande associada ao pré-sal, nos próximos quatro ou cinco anos, quando a produção doméstica deve quase duplicar. Então precisa de muitos investimentos em infraestrutura.

Qual a estimativa?

De cerca de US$ 6 bilhões até 2020, só para processamento de gás, o escoamento offshore e também expansões dos gasodutos em terra. Vemos um crescimento da demanda no mercado brasileiro de 3% a 3,5% ao ano. Ou seja, essa necessidade de investimento é muito grande e a preocupação é de onde virão esses recursos, principalmente nesse momento da Petrobrás, com dificuldades financeiras e com o programa de desinvestimento, que aponta uma concentração maior na exploração e produção. Serão quase US$ 5,5 bilhões de ativos vendidos no setor de gás e energia, o que representa quase 20% do valor do portfólio dessa área da Petrobrás.

Pode detalhar onde devem ser aplicados esses investimentos necessários estimados pela pesquisa?

Podemos falar um pouco, mas o estudo é confidencial. Foi feito para vários clientes geradores de energia, players de exploração e produção, para o governo e para uma subsidiária da Petrobrás. Mas o que podemos falar é que em terra não têm muitos novos gasodutos previstos, mas principalmente expansões através de compressões e novas linhas paralelas. Um novo trecho que é óbvio seria a expansão do trecho Sul do Gasbol, que deve acontecer enquanto ainda houver disponibilidade de oferta.

Por que não tanto em terra?

Tem-se falado que os gasodutos estão concentrados na costa, mas é preciso ter âncoras com escala suficiente da demanda para justificar um duto levando o gás ao interior. Tem poucos mercados no interior do Brasil que justificam fazer um duto de longa distância. Uma possibilidade sempre falada é Goiás e Brasília. A cidade é grande, mas não tem um setor industrial grande, então a demanda é pequena. Goiás tem um setor industrial maior, que, capturando volumes indo para lá, poderia viabilizar um projeto neste sentido. Mas no resto do Brasil não é possível haver expansões grandes ao interior sem uma demanda que acompanhe. 

E no offshore?

No escoamento offshore é mais interessante, porque teremos o Rota 3, o Rota 4, ainda em estudo, mas que vemos acontecendo, e outras oportunidades que poderiam acontecer, mas dirigidas por empresas privadas.

Pode citar exemplos?

Depende de onde estiver o gás. Obviamente tem que ter escala na produção e também na demanda. Então faz mais sentido fazer um projeto integrado, que interligue as duas pontas. A Cosan, por exemplo, tem um projeto já divulgado neste sentido. Tem outros também, mas esse já foi tornado público, então pode ser um exemplo.

Vocês veem interesse de empresas estrangeiras em investirem nessa área aqui no Brasil?

Vemos um interesse na distribuição de gás. Já fizemos três avaliações de due diligence para companhias interessadas em investir na distribuição de gás, comprando ativos já existentes, com previsões maiores de crescimento do que possivelmente a Petrobrás teria, já que ela não tem essa área como core business (negócio principal).

Nesses três casos são ativos da Petrobrás?

São ativos de distribuição no país, mas agora, com esse plano de desinvestimento, há um interesse maior nos ativos da Petrobrás. No transporte também tem outras companhias interessadas, algumas já presentes no Brasil. Então tem vários interessados. Sempre a pergunta que se faz é se as condições regulatórias são atraentes o suficiente para isso? Diríamos que hoje são atraentes em alguns segmentos, mas outros ainda precisam de definições.

Como o quê, por exemplo?

Como na troca operacional, por exemplo, que permite a uma empresa vender um gás produzido em um lugar diferente de onde será entregue, por meio de uma troca com alguém que produz gás naquele ponto de entrega. Hoje em dia isso ainda não acontece no Brasil, porque ainda não foi regulamentado, mas já é usado em todo o mundo. A ANP está para abrir uma consulta pública sobre isso, que pode ajudar a expandir o mercado.

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