ESCOLHA DO ASTRONAUTA MARCOS PONTES PARA MINISTRO DA CIÊNCIA PODE ACELERAR PROGRAMA NUCLEAR BRASILEIRO
O mercado está encarando muito bem esta fase de transição política para o governo do presidente eleito Jair Bolsonaro. Por enquanto, as reuniões de ajustes estão sendo feitas no Rio de Janeiro, no QG do núcleo duro do novo governo, na casa do empresário Paulo Marinho, no Jardim Botânico, área nobre da zona sul da cidade. As perspectivas do setor nuclear não poderiam ser melhor. Depois da indicação do Astronauta brasileiro Marcos Pontes, para o Ministério da Ciência e Tecnologia, o setor acredita que por sua experiência ele será melhor compreendido pelo novo governo. No governo Temer, alguns de seus auxiliares, ainda dão sinais confusos e trocados no avanço do Programa Nuclear Brasileiro. O jornal O Estado de São Paulo publicou uma reportagem onde o Ministério da Fazenda discorda do Ministério das Minas e Energia em relação ao ajuste da tarifa de energia de Angra 3, que passou para R$ 480,00 por MWh, de acordo com o mercado internacional, e muito abaixo dos preços cobrados pelas usinas termelétricas.
A decisão de equilibrar a tarifa foi tomada por unanimidade pelo CNPE – Conselho Nacional de Política Energética – em uma reunião realizada no dia 9 de outubro. Enquanto a Eletronuclear e a Eletrobrás defenderam o modelo de um sócio privado para concluir a obra, os ministérios da Fazenda e do Planejamento avaliaram que a contratação de uma empresa para retomar a construção da usina seria a melhor opção. Mesmo diante dos números e dos constantes alertas da Eletronuclear, feitos desde o segundo semestre do ano passado, burocratas do MF disseram que o relatório “Não restou clara a alegada insuficiência de recursos próprios para arcar com o compromisso financeiro”. O relatório parece ter um cheiro de briga interna de grupos dentro do governo, somando-se a isso um aparente boicote e preconceito por quem ainda não conseguiu ver a importância da geração nuclear de energia e nem a importância estratégica do Programa Nuclear Brasileiro. O MME deixou clara a sua posição: “ A decisão a respeito do preço de referência de Angra 3 levou em conta os benefícios que o projeto trará para o País. A tarifa só será cobrada em janeiro de 2026, previsão de conclusão das obras. A usina será capaz de suprir cerca de 5 milhões de residências, sem emitir gases poluentes, além de permitir o desligamento de termelétricas que vendem energia mais caras.”
O Petronotícias ouviu o Presidente da Associação Brasileira de Desenvolvimento das Atividades Nucleares – ABDAN -, Celso Cunha, que participou das negociações e esteve a frente dos trabalhos junto aos vários setores do governo e assim como dos setores privado ligados a energia nuclear:
– Efetivamente é uma surpresa esta posição. O Ministério da Fazenda faz parte do CNPE, estava na reunião quando foi tomada a decisão de colocar a tarifa de Angra 3 dentro de uma realidade e não só não se opôs como apoiou. Saber dessa notícia é uma profunda e triste surpresa.
– Como o senhor viu a indicação do Tenente Coronel Marcos Pontes para o Ministério da Ciência e Tecnologia?
– É um nome de grande prestígio. Um homem muito bem relacionado no mundo inteiro. Ama a ciência e está a frente do seu tempo em tecnologia. Assim como a ABDAN levou os nossos objetivos para a equipe do Presidente Bolsonaro, antes mesmo dele ser eleito, também vamos procurar o novo ministro para mostrar a viabilidade dos projetos que estamos propondo. O Coronel Marcos Pontes conhece bem a importância do Programa Nuclear Brasileiro e com certeza irá acolher as boas sugestões.
– Acredita em um incentivo maior?
– Não sabemos em que ministério o setor nuclear ficará ligado. Ele tem vários segmentos com possibilidades gigantescas. Não só de desenvolvimento, mas de criação de empregos. Veja, com a retomada das obras Angra 3, já para 2019, poderão ser criados milhares de empregos diretos e indiretos. Atrairemos o capital estrangeiro com a participação de grandes players internacionais interessados em concluir esta obra. Com isso, a INB terá que aumentar a sua capacidade de produção no segmento de combustível nuclear. É uma coisa puxando a outra.
– Isso representa também investimentos na descoberta de novas minas de urânio no país?
– Com certeza. Eu iria falar sobre isso agora. O Brasil já tem a sexta reserva de urânio do mundo e só pesquisou um terço do seu território em busca desse minério. Ele pode chegar rapidamente a ter a segunda maior reserva do planeta. Então você vê que podem aumentar os investimentos nesse setor de mineração também.
– E quais outros setores ganhariam?
– É uma cadeia imensa. A própria CNEN teria que expandir seus quadros para fazer frente a tanto crescimento. Veja a Amazul, por exemplo, absorveu grande parte dos engenheiros nucleares formados no Brasil. E será um setor da engenharia que poderá crescer ainda mais. Podemos lembrar ainda o Prosub, com o projeto de construção do nosso submarino de propulsão nuclear.
– Há outros setores beneficiados com isso?
– Com certeza. Veja a fabricação do Reator Multi Propósito, que deverá ficar pronto em seis anos, trazendo uma economia imensa para o Brasil, além da possibilidade de expansão da possibilidade de se levar a tecnologia que será gerada na área da medicina para todos os rincões brasileiros. A nossa população terá mais condição de acesso à essas tecnologias de ponta.
– E com isso, a cadeia de fornecedores …
– Sem dúvida. Como falei, há uma gama enorme de possibilidades, como a criação de novas empresas, atração de outras tantas do exterior para se estabelecerem aqui, a criação de joint ventures, enfim. Há muitas possibilidades.
Muito boa entrevista. Tomara que o novo governo dê ao setor nuclear, em todas as suas aplicações, a importancia que merece e tem.