ESPECIALISTAS APONTAM PARA AS VANTAGENS E DESAFIOS DO PEQUENOS REATORES NO ATENDIMENTO À DEMANDA DE DATA CENTERS
Os pequenos reatores modulares (SMRs) oferecem uma solução promissora para os desafios energéticos no setor de data centers, e a energia proveniente de tecnologias nucleares avançadas pode revolucionar o cenário energético. No entanto, apresentar os detalhes dessa tecnologia para os tomadores de decisão é fundamental para avançar em sua implementação, segundo um white paper da empresa global de tecnologia industrial Schneider Electric. Os data centers serão essenciais para impulsionar a eletrificação e a digitalização da economia global e têm sido os principais instrumentos para a crescente adoção da inteligência artificial (IA). Contudo, eles estão impactando a demanda energética de maneiras sem precedentes, conforme explicam os autores Marcin Wegrzyn e Steven Carlini (foto) no documento “Small Modular Nuclear Reactors Suitability for Data Centers”.
Os data centers estão “focados singularmente em reduzir sua própria pegada de carbono“, explorando múltiplos caminhos, como o aumento do uso de energia renovável e a introdução de tecnologias de refrigeração eficientes. No entanto, a disponibilidade constante de energia está se tornando uma preocupação séria, e obter energia localmente é um desafio, com acordos de compra de energia (PPA) que foram inicialmente projetados para impulsionar a adoção de renováveis não conseguindo fechar a lacuna entre demanda e disponibilidade.
À medida que a demanda por soluções de energia confiáveis, eficientes e sustentáveis para data centers continua a crescer, os pequenos reatores modulares “continuam a emergir como uma alternativa promissora para as restrições atuais“, afirma o relatório, oferecendo uma “combinação atraente de custos de capital mais baixos, tempos de implantação mais curtos e benefícios ambientais significativos“. Eles oferecem o potencial de fornecimento confiável de energia de baixo carbono para os data centers, com maior segurança operacional e resiliência energética em comparação com as alternativas renováveis. Além disso, seu design escalável e protocolos avançados de mitigação de riscos podem oferecer impactos ambientais reduzidos. No entanto, o relatório observa que os SMRs “ainda não foram comprovados em larga escala“.
“A tecnologia de pequenos reatores modulares (SMRs) amadureceu, e suas alegações de segurança e confiabilidade têm despertado o interesse dos operadores de data centers. Embora haja muito entusiasmo pela tecnologia, ela precisa ser comprovada antes que os reguladores permitam implantações em larga escala. A indústria está em processo de estabelecer um modelo de implantação otimizado que permita a adoção eficaz da tecnologia modular no setor de data centers”, dizem os autores.
O documento aponta ainda que a tecnologia SMR é competitiva em relação à energia fotovoltaica e eólica na produção de resíduos. Onde os reatores modulares podem funcionar melhor é em conjunto com recursos renováveis, como uma tecnologia de geração complementar para energia verde. “Além disso, e nem é preciso dizer, toda nova tecnologia exige uma avaliação rigorosa. Neste caso, uma avaliação de SMR também incluiria uma análise de segurança e risco, conforme determinado pelo operador do data center e seus parceiros, para abordar qualquer preocupação local e nacional”, acrescenta.
A indústria de data centers “terá que considerar custos iniciais mais altos” para a energia nuclear, mas é o “caminho mais realista” para cumprir os compromissos de sustentabilidade, afirma o white paper. “Reatores seguros e resilientes, implantados no local ou como infraestrutura de rede, podem ser uma solução para a escassez de energia se os regimes regulatórios e de fabricação se tornarem padronizados em diferentes geografias“, concluiu.
BRASIL DESPONDA COMO EXPOENTE NO SETOR DE DATA CENTERS
Conforme noticiamos na última semana, o Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defendeu o uso da geração nuclear, apontando que a fonte será fundamental para atender a demanda futura de data centers, segmento que deve continuar crescendo no país nos próximos anos. “Na minha visão, temos que concluir Angra 3 até porque o destino da energia com os data centers e com a inteligência artificial é a nuclear, que é firme. O Brasil detém a cadeia completa. Nós temos urânio em Caetité (BA), em Cristalino, em Santa Quitéria, no Paraná e em várias outras regiões do Brasil. Nós precisamos desenvolver essa energia”, disse.
Em setembro, a pasta divulgou que registrou um crescimento na demanda a partir de projetos de Data Center com processos abertos para acesso à Rede Básica em curso na pasta. Os pedidos para este segmento indicam uma demanda máxima que pode chegar 9 GW até 2035, considerando 22 projetos registrados nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia. Em maio deste ano, as solicitações de acesso ao sistema de transmissão para data centers eram de 12 projetos, com uma demanda máxima de 2,5 GW até 2037, ou seja, um crescimento de 3,6 vezes no intervalo de apenas quatro meses. À época, Silveira declarou que o crescimento do setor de Data Centers no Brasil demonstra “nossa capacidade de nos consolidarmos como um hub tecnológico da América do Sul, impulsionado por um sistema elétrico robusto e predominantemente renovável”.
Deixe seu comentário