ESTADOS UNIDOS INVESTIGAM DENÚNCIAS DE CORRUPÇÃO NA PETROBRÁS E AVALIAM PREJUÍZOS A ACIONISTAS AMERICANOS

O tamanho do escândalo envolvendo a Petrobrás já ultrapassou as fronteiras também no campo das investigações. A Securities and Exchange Commission (SEC), que funciona como a Comissão de Valores Mobiliarios (CVM) no Brasil, regulando as atividades do mercado financeiro americano, está investigando se as denúncias de corrupção na Petrobrás envolveram infrações à lei anticorrupção americana e se elas deram prejuízos aos acionistas da estatal com ações da empresa na bolsa de Nova York. A informação consta de um relatório enviado aos clientes da consultoria brasileira Arko. A Petrobrás afirma que até o momento não foi notificada pela SEC ou pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos.

De acordo com o relatório, já foram designados 28 advogados e analistas americanos para o estudo do caso, que poderá gerar multas para a Petrobrás e para as demais empresas envolvidas. Além disso, essas companhias poderão ser chamadas para dar esclarecimentos às autoridades americanas, com a possiblidade de haver implicações também na área criminal.

As investigações começaram após as revelações feitas pelo ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, em regime de delação premiada. Segundo o ex-diretor, o PT, o PMDB e o PP recebiam, de acordo com seus graus de influência nas diretorias da petroleira, até 3% de cada contrato assinado nas áreas de abastecimento, serviços, exploração e produção, internacional e gás e energia.

Além de Costa, que conta ter recebido, entre outros valores irregulares, US$ 23 milhões em contas na Suíça e US$ 2,8 milhões nas Ilhas Cayman, o doleiro Alberto Youssef recebia uma parcela dos contratos para ser o “operador” do esquema na área de abastecimento. Segundo Costa, nas outras diretorias havia outros operadores. Ele apontou o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, como o operador das diretorias de serviços, gás e energia, e exploração e produção, e o lobista Fernando Soares como operador do PMDB, na área internacional. Os dois negam, assim como os partidos negam a participação no esquema irregular.

Costa disse ainda que o ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra, falecido em março deste ano, recebeu dinheiro para esvaziar a CPI da Petrobrás de 2009. O PSDB, por sua vez, afirmou defender que “todas as denúncias sejam investigadas com o mesmo rigor, independente da filiação partidária dos envolvidos e dos cargos que ocupam”.