ESTALEIROS VIVEM PIOR FASE COM CRISE AUMENTANDO E SEM PERSPECTIVA DE RETOMADA
O que era doce acabou. A gangorra de bons e maus períodos do setor naval brasileiro entrou em colapso. De 40 estaleiros instalados no País, 12 estão totalmente parados e o restante está operando bem abaixo da capacidade. Sem encomendas, com o caixa debilitado e, em alguns casos, com sócios envolvidos na Operação Lava Jato. Cinco desses estaleiros entraram em recuperação judicial. Dos tempos de euforia, sobraram uma dívida bilionária para pagar no mercado e quase 50 mil trabalhadores demitidos, segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria Naval. Mesmo assim, a Petrobrás, que seria preponderante para ajudar a superar a falta de empregos e a derrocada das empresas, insiste, com o aval do Ministro das Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, em levar as construções de FPSOs para o exterior.
Uma reportagem no Estado de São Paulo mostra que entre os estaleiros que ainda estão em operação, uma parte é voltada para a construção de embarcações fluviais, como barcaças, ou de transporte de passageiros, como os catamarãs comuns no Norte do País. A indústria voltada para a construção de plataformas e navios offshore, que nasceu para atender às demandas da Petrobrás, está em contagem regressiva com os últimos projetos em fase final de construção. Alguns grandes estaleiros têm pouco mais de dois meses de trabalho e depois podem engrossar a lista de estabelecimentos parados.
A euforia de investimentos em estaleiros começou no governo Lula com a descoberta do Pré-Sal pela Petrobrás. A partir daí, começaram os projetos de novos estaleiros em todo o litoral brasileiro. Para quem aceitasse o maior porcentual de conteúdo local nas embarcações, o governo se propunha a financiar até 90% do projeto. Isso não aconteceu. R$ 45 bilhões foram desembolsados do Fundo de Marinha Mercante (FMM) por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e demais bancos públicos e privados para financiar o setor.
Até 2014, o setor empregava 82 mil pessoas e desenvolvia uma enorme cadeia produtiva. Mas, com a Operação Lava Jato, que atingiu em cheio a Petrobrás, a queda no preço do petróleo e a derrocada da Sete Brasil, empresa responsável pela contratação de navios para a estatal, a indústria naval brasileira desmoronou com uma sequência de cancelamentos de encomendas de embarcações.
Para complicar a situação, a Petrobrás fez um pedido à ANP para reduzir os percentuais de conteúdo local na construção de uma plataforma para o Campo de Libra, alegando que a produção no Brasil encarece em 40% o produto, sem no entanto comprovar nada do que disse. Era apenas uma especulação de preços de referência da própria companhia estatal.
Novamente a Petrobrás passa recibo pela sua incapacidade de administrar, fiscalizar seus contratos de encomenda. Pede a redução do conteúdo local para fabricação? no exterior. Será que isso satisfaz a igualdade:
(R$)Redução do conteúdo local-(R$)multa atraso na entrega)=(R$)resultado positivo na operação.