ESTUDO APONTA QUE ADIÇÃO ANUAL DE ENERGIA RENOVÁVEL PRECISA AUMENTAR EM TRÊS VEZES ATÉ 2030 PARA CUMPRIMENTO DE METAS CLIMÁTICAS
A Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) publicou um novo estudo nesta semana no qual identifica o caminho para corrigir imediatamente o curso das metas climáticas globais. O relatório aponta que houve um recorde de adição de capacidade renovável em 2022, de cerca de 300 GW. No entanto, a distância entre o que foi alcançado e o que é necessário continua a crescer. A agência afirma que para manter o aquecimento dentro do limite de 1,5ºC, o mundo deve adicionar uma média de 1.000 GW de capacidade de energia renovável anualmente até 2030, bem como aumentar significativamente o uso direto de energias renováveis em setores de uso final. O relatório pede ainda maior ambição global na implantação de energias renováveis, possibilitada por infraestrutura física, políticas e regulamentos, e destaca as capacidades institucionais e da força de trabalho.
“Enfrentamos a dura realidade de que não estamos no caminho certo para cumprir o Acordo de Paris. Nossa única opção é seguir o caminho mais promissor, baseado na ciência, que coloca a energia renovável no centro da solução, enquanto leva os países à segurança energética, custos reduzidos de energia e desenvolvimento industrial voltado para o futuro. A transição energética deve se tornar uma ferramenta estratégica para promover um mundo mais igualitário e inclusivo. A COP28 e o Global Stocktake devem não apenas confirmar nosso desvio de um caminho de 1,5°C, mas também fornecer um plano estratégico para nos guiar de volta aos trilhos”, disse o diretor-geral da IRENA, Francesco La Camera (foto).
A IRENA avalia que concentrar-se nos facilitadores de um sistema dominado por energias renováveis pode ajudar a enfrentar as barreiras estruturais que impedem o progresso na transição energética. O relatório também fornece três pilares principais que podem formar as bases para realinhar a transição energética global com os objetivos climáticos: construir a infraestrutura necessária e investir em escala para acomodar novos locais de produção, padrões comerciais e centros de demanda; promover uma arquitetura política e regulatória que possa facilitar investimentos direcionados e melhorar os resultados socioeconômicos e ambientais; e um realinhamento estratégico de capacidades institucionais para ajudar a garantir que habilidades e capacidades correspondam a um sistema de energia que integre uma alta parcela de energias renováveis.
“O sucesso alcançado nesta década na redução das emissões de gases de efeito estufa determinará se o aumento da temperatura global pode ser limitado a 1,5°C dos níveis pré-industriais neste século, de acordo com os objetivos do Acordo de Paris. O cenário de 1,5°C da IRENA, definido no World Energy Transitions Outlook, apresenta um caminho para atingir a meta de 1,5°C até 2050, posicionando a eletrificação e a eficiência como principais impulsionadores de transição, possibilitados por energia renovável, hidrogênio limpo e biomassa sustentável”, detalhou a agência.
O investimento em energia deve impulsionar a transição, evitando o risco de ativos ociosos. O Cenário de Energia Planejada, modelo de referência do estudo da IRENA, prevê investimentos setoriais cumulativos de US$ 103 trilhões entre 2023 e 2050. Cerca de 60% desse investimento é destinado a tecnologias de transição – principalmente em renováveis, eficiência, eletrificação, hidrogênio e remoção de carbono. Mas 40% dos investimentos planejados continuam direcionados aos combustíveis fósseis.
Para atingir os objetivos climáticos, a implantação de energias renováveis na geração de energia e nos setores de uso final deve ser acelerada. A eletrificação dos setores de uso final e a melhoria da eficiência energética também requerem atenção. Embora os investimentos em tecnologias de transição energética tenham atingido níveis recordes de US$ 1,3 bilhão em 2022, eles ainda estão aquém dos investimentos necessários para atingir a meta de 1,5°C. Além disso, é necessário um investimento considerável para criar um ambiente favorável à transição energética, incluindo o financiamento de políticas e medidas e a construção de capacidades locais (por exemplo, treinamento). Além disso, os investimentos realizados foram concentrados em poucos países e regiões, deixando a meta de 1,5°C fora de alcance. Para que a transição energética se torne global, o acesso ao financiamento deve se expandir.
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