ESTUDOS DE PESQUISADORES BRASILEIROS INDICAM GRANDE POTENCIAL PETROLÍFERO DAS BACIAS DA MARGEM EQUATORIAL DO PAÍS
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
O sucesso exploratório nos vizinhos Suriname e Guiana, nações que entraram no mapa mundial de óleo e gás após descobertas relevantes em sua costa, é um forte indício de que a porção brasileira da Margem Equatorial também possui um grande potencial de tornar-se em um novo polo de produção de óleo e gás no país. O tema foi debatido nesta semana durante um seminário virtual organizado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), no qual foram detalhados estudos sobre as Bacias de Pará-Maranhão/Barreirinhas, Potiguar e da Foz do Amazonas. Os trabalhos foram realizados pela Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) a partir de dados disponibilizados pelo órgão regulador. As pesquisas concluíram que todas essas três áreas reúnem indícios que indicam potenciais sistemas petrolíferos ativos. O diretor da ANP Raphael Moura, que fez a abertura do evento, destacou a importância estratégica por trás de possíveis novos desenvolvimentos de projetos de óleo e gás na região da Margem Equatorial.
O diretor da agência diz acreditar no potencial da Margem Equatorial como catalisador do desenvolvimento do Norte e do Nordeste brasileiro. “A Margem Equatorial brasileira é estratégica, porque temos alto potencial para descobertas de óleo leve, com valor comercial maior. Além disso, a localização geopolítica é estratégica, próxima aos maiores mercados consumidores do mundo. É uma região [se referindo aos estados do Norte e Nordeste] cujo índice de desenvolvimento humano é menor em relação à média brasileira. Então, a possibilidade de ampliar as atividades industriais [nessa área] é um interesse estratégico no nosso país”, avaliou.
Durante a apresentação dos trabalhos, os pesquisadores da UENF destacaram as principais conclusões das pesquisas. Na Bacia Pará-Maranhão, foram estudados três plays: águas rasas, faulted shelf border e águas profundas e ultraprofundas. A pesquisa indicou potencial para geração de óleo e gás para esses três plays, considerando o topo da janela de óleo nas bacias do Golfo da Guiné.
O estudo também reforçou que descobertas recentes na Margem Equatorial africana e na Guiana Francesa apresentam uma forte evidência de sistemas petrolíferos ativos em águas profundas, com rochas geradoras e reservatórios semelhantes, em ambos os lados das margens conjugadas. Nessa mesma linha, as bacias de Foz do Amazonas e Potiguar também apresentaram plays e sistemas petrolíferos provavelmente ativos, indicando um enorme potencial dessas duas áreas. Os trabalhos foram apresentados pelos pesquisadores Hélio Severiano Ribeiro, Carolina Amorim da Cruz e Ediane Batista da Silva.
A Margem Equatorial do Brasil foi o foco principal da 11º Rodada, realizada em 2013. Naquele leilão, foram disponibilizados diversos blocos exploratórios desde a Bacia do Amazonas até a Bacia Potiguar. O objetivo da licitação foi justamente replicar o modelo de acumulação recém-descoberta na costa oeste da África, que culminou na descoberta de inúmeros campos petrolíferos no litoral daquele continente.
Contudo, passados mais de oito anos, o Brasil ainda não conseguiu avançar com os blocos que foram arrematados naquela época. Hoje, só existem apenas 3 poços perfurados em lâmina d’água acima de 2 mil metros na Margem Equatorial. O caso mais emblemático que simboliza os desafios de explorar a área é o da Bacia da Foz do Amazonas, onde a Total e a BP venderam recentemente suas participações em seis concessões na região para a Petrobrás. Como já é de conhecimento do mercado, a Total tentou por anos conseguir a licença ambiental para fazer perfurações na área, mas esbarrou em questões ambientais.
“Nosso lado da Margem Equatorial se localiza no mesmo contexto geológico da Guiana e do Suriname. Dentro desse processo, em função das descobertas na Margem Equatorial desses países, nós temos um grande interesse e urgência em conhecer o potencial do nosso lado dessa região”, destacou Raphael Moura. Os países vizinhos, por sua vez, estão conseguindo acelerar esses projetos offshore. Na Guiana, por exemplo, a ExxonMobil anunciou descoberta do campo de Liza em 2015 e já em 2019 iniciou a produção da área. O ativo tem 8 bilhões de barris de óleo recuperáveis. A Total também anunciou descobertas no Suriname, com volumes igualmente expressivos.
A gravação completa do seminário está disponível no canal da ANP no Youtube.
Quando o autor menciona “Desenvolvimento do Norte e Nordeste”, ele está se referindo a algo parecido com o que aconteceu e acontece com o Rio de Janeiro?
Não. o que houve no Rio foi dedo também da imprensa na destruição financeira do estado.