EVENTO NUCLEAR SUMMIT COMEÇA HOJE, DISCUTINDO O REENCONTRO DO MUNDO COM A GERAÇÃO NUCLEAR
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
O setor nuclear mundial volta suas atenções nesta semana para o Brasil para discutir as tendências e o futuro dessa indústria no país. Começa hoje (25), a partir das 9h, o evento online Nuclear Summit 2022, que reunirá especialistas e profissionais do mercado do Brasil e do exterior para debater os novos rumos do programa nuclear do nosso país. Um time seleto participará da abertura do evento, incluindo o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, o diretor-geral da Agência Internacional de Energia, Rafael Grossi, a diretora-geral da World Nuclear Association (WNA), Sama Bilbao & León, o diretor de desenvolvimento nuclear e tecnológico da Marinha, Almirante de Esquadra Petronio de Aguiar. A mesa de abertura também terá a participação do embaixador do Brasil na missão permanente da AIEA, Carlos Duarte, do Vice-Almirante Noriaki Wada, e do presidente da Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN), Celso Cunha. O grande tema a ser discutido nesse primeiro dia de Nuclear Summit será o reencontro do Brasil e do mundo com a geração nuclear. Diversos governos em diferentes pontos do planeta anunciaram recentemente novos investimentos para a construção de novos reatores. No Brasil, esse movimento também foi realizado com o anúncio da construção de uma nova usina de 1 GW no Sudeste.
Para falar mais sobre essa reaproximação dos países com a geração nuclear, será realizada uma mesa de debate, a partir das 10h30, em formato de programa de entrevistas, com quatro nomes da indústria da energia: Leonam Guimarães (Eletronuclear), Maurício Tolmasquim (UFRJ), Salma Bilbao & León (WNA) e Maria Korsnick (Nuclear Energy Institute). Além disso, o diretor de engenharia da Chesf, Reive Barros, será o comentarista do painel. A apresentação do debate será feita pelo jornalista Rodrigo Polito. Um dos passos mais notórios do mundo em direção à energia nuclear aconteceu no início deste ano, na União Europeia. Como noticiamos, a Comissão Europeia aprovou a inclusão da fonte na chamada taxinomia verde de ativos. Na prática, isso representa uma espécie de carimbo que classifica a energia nuclear como um investimento sustentável.
Na França, o agora reeleito presidente Emmanuel Macron deve liderar o renascimento da indústria nuclear do país. Recentemente, o presidente anunciou planos para retomar a produção de eletricidade de origem nuclear, com a construção de 14 novos reatores. A medida faz parte dos esforços da França para conquistar a neutralidade de carbono em 2050. “O que temos que construir hoje, porque é o bom momento (…), é o renascimento da indústria nuclear francesa”, declarou o presidente francês na época.
Enquanto isso, na Ásia, a China dá novos passos em seu agressivo e ousado programa de geração nuclear. Nos últimos dias, o governo do país aprovou a construção de seis novos reatores – Sanmen 3 e 4, Haiyang 3 e 4 e unidades 5 e 6 da planta de Lufeng. A China, como se sabe, pretende construir até 150 reatores nucleares em 15 anos para reduzir sua dependência do carvão. A retomada dos investimentos em energia nuclear por esses e outros países estão dentro do escopo de ações que miram a redução das emissões de gases poluentes. Assim como as fontes eólica e solar, a nuclear não produz emissões.
Já no Brasil, o Plano Decenal de Energia (PDE) 2031, lançado recentemente pelo governo federal, incluiu a instalação de uma nova planta nuclear de 1 GW na região Sudeste em 2031. Foi a primeira vez na história do país que a fonte entrou no planejamento decenal de energia do governo. Além disso, o PDE 2031 destacou que os atributos de confiabilidade de geração, elevado fator de capacidade e ausência de emissões de gases causadores de efeito estufa, concretizam essa tecnologia como opção na matriz elétrica brasileira. “O país é privilegiado também na oferta desse combustível, com grandes reservas de urânio, ambientes territoriais estratégicos para alocação das usinas, bem como domínio completo de toda a tecnologia do ciclo do combustível nuclear, desde a mineração até a montagem do elemento combustível”, destacou o PDE.
O Nuclear Summit 2022 está sendo realizado pela ABDAN e conta com a parceria da WNA e da AIEA. A programação do encontro seguirá até a próxima quinta-feira (28), debatendo oportunidades de negócios na geração nuclear, participação feminina na indústria nuclear, mineração e combustível. Além disso, outra novidade será a realização de um inédito curso sobre pequenos reatores modulares (SMRs). Com um novo design, e menores custos de implantação, essa tecnologia tem sido apontada como o futuro da indústria nuclear. Adicionalmente, por oferecerem flexibilidade, os SMRs também podem ser usados como complemento às usinas movidas por fontes variáveis, como eólica e solar.
“Os SMRs têm tecnologias que vão poder provocar variação de até 100%. Isso é fabuloso, porque abre novas possibilidades. É um processo disruptivo e, sem sombra de dúvidas, tem que estar nas considerações da matriz energética brasileira. Por isso, a ABDAN lançou um Fórum de SMRs. Esse fórum é uma prioridade. Adicionalmente, contratamos o Grupo de Estudos do Setor Elétrico (GESEL) da UFRJ para fazer alguns estudos sobre essa tecnologia”, disse o presidente da ABDAN, Celso Cunha.
As informações sobre a programação do evento, bem como a lista completa dos palestrantes está disponível no site oficial do encontro. Você pode assistir à abertura do Nuclear Summit 2022 abaixo, a partir das 9h:
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