GERSON ALMADA, DA ENGEVIX, ACUSA PAULO ROBERTO DE TER FEITO ACHAQUES EM NOME DE PARTIDOS

Denunciado pelo Ministério Público Federal, o executivo Gerson de Mello Almada (foto), vice-presidente da construtora Engevix, que está preso no Paraná desde novembro, decidiu sair do silêncio e disparar acusações. Por meio de uma petição de 85 páginas de conteúdo, Almada acusou Paulo Roberto Costa, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás também envolvido no esquema, de extorquir empresários, junto com outros administradores da estatal, “em nome de partido ou em nome de governo”. A defesa vem em linha parecida com a da UTC, que apontou a própria Petrobrás como a chefe do esquema de corrupção.

Mesmo sem apresentar provas específicas a respeito de sua acusação, Almada contradiz a versão que afirma que Costa havia oferecido “vantagens” aos executivos envolvidos no escândalo. Segundo ele, o que o ex-diretor da Petrobrás fez foram exigências aos empreiteiros. Gerson Almada afirmou que Costa e outros operadores do “projeto político de manutenção dos partidos na base do governo” foram os grandes responsáveis pela criação de todo o esquema, através desses achaques.

Durante a acusação, Almada assume, ainda que timidamente, que contribuiu para o esquema de corrupção com pagamentos para “obter vantagens indevidas”. Os advogados do executivo preso classificaram sua participação no esquema como um pecado, por não ter “resistido à pressão”. Ele ainda acusou Costa de ameaçar os empreiteiros com quebras de contratos com a estatal, além de exigir percentuais de empresários. Essa é a primeira vez que um dos executivos presos na Operação Lava-Jato fala abertamente na participação de um esquema que beneficie um projeto político no país, no caso o do governo federal.

Almada foi preso por conta das acusações do Ministério Público Federal de criar e integrar uma organização criminosa, formação de cartel e crime contra a lei de licitações. Em sua defesa, apesar de dizer que ele realizou pagamentos ilícitos, os advogados de Gerson de Mello afirmam que as provas usadas contra o acusado, como grampos telefônicos e transferências bancárias, foram conseguidas por meios ilegais.