FALTA DE EMPENHO DE VERBA OBRIGA O IPEN A SUSPENDER NOVAMENTE A PRODUÇÃO DE RADIOFÁRMACOS PARA TRATAMENTO DE CÂNCER
Quando a coisa parecia engrenar depois do Ministério da Ciência e Tecnologia ter liberado um valor de R$ 66 milhões para a produção de radiofármacos, tudo voltou à estaca zero. Dinheiro liberado, mas não empenhado. Resultado: o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) não tem como produzir os geradores de tecnécio, radiofármacos utilizados principalmente para diagnósticos de doenças, e a fabricação desses produtos voltou a ser paralisada nesta semana pelo instituto. O IPEN é um órgão vinculado ao MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações). A última entrega do radiofármaco ocorreu no dia 15. A previsão é que a produção volte a ser normalizada apenas em novembro.
A fase agora está no famoso jogo do “toma que o filho é teu”. Filho feio não tem dono. O IPEN não fala porque a orientação é que as informações devem sair do ministério. Acredita-se que esses recursos devam ser liberados até sexta-feira. Só então poderão ser feitas as encomendas a países produtores do Molibidênio99: Rússia, África do Sul ou Holanda, os fornecedores tradicionais do Brasil. Para lembrar, o Ipen vem sofrendo com essas paralisações na produção de medicamentos desde 20 de setembro, por conta do corte de verbas na CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear), órgão do qual o Ipen faz parte.
Para amenizar o problema, o governo federal liberou pouco mais de R$ 19 milhões em 22 de setembro. No entanto, esse valor só seria suficiente para duas semanas de trabalho, como afirmou o Ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Marcos Pontes, no dia 27 em audiência na Câmara dos Deputados. Somente no dia 7 de outubro, o Congresso Nacional aprovou projeto de lei para providenciar R$ 63 milhões ao instituto. A verba, porém, ainda não foi disponibilizada ao IPEN, o que impede a importação do material radioativo, causando assim atrasos na produção do radiofármaco.
Para lembrar, o gerador de tecnécio é um tipo de radiofármaco essencial para a medicina nuclear – especialidade que usa quantidades pequenas de materiais radioativos para o tratamento e o diagnóstico de várias enfermidades. Ele é empregado principalmente em cintilografias para diagnóstico de doenças, como a de perfusão miocárdica, que indica se um paciente tem risco de sofrer ou não um infarto. A normalização do abastecimento desses radiofármacos deverá chegar apenas no fim de novembro.
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