FALTA DE ENCOMENDAS NO SETOR DE PETRÓLEO AFETA PLANEJAMENTO DE FORNECEDORES | Petronotícias




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FALTA DE ENCOMENDAS NO SETOR DE PETRÓLEO AFETA PLANEJAMENTO DE FORNECEDORES

Por Daniel Fraiha (daniel@petronoticias.com.br) – 

Danilo Teixeira, gerente comercial do Estaleiro TCE.O Estaleiro TCE vem buscando novas áreas para aquisição no entorno de sua base, na Ilha da Conceição, e há cerca de cinco anos decidiu apostar mais fortemente no setor offshore. A carteira de serviços cresceu, a empresa comprou a Edwal Oil & Gas, formou uma parceria com a companhia belga Sarens, de içamento de cargas pesadas, e já traça novos planos. O gerente comercial do TCE, Danilo Teixeira, reconhece que o momento da indústria de petróleo é bastante delicado, com a falta de novas encomendas, mas mesmo assim tem a intenção de ampliar o escopo de serviços do estaleiro, com a busca por participação também em projetos de estruturas e no acabamento de embarcações de apoio. Teixeira conta que a empresa vem investindo bastante em melhorias, mas ressalta que não tem como fazer um planejamento de longo prazo sem uma definição melhor do mercado nacional. A situação apontada pelo executivo não é um problema pontual. O Petronotícias tem recebido muitos relatos de fornecedores diretos e indiretos da Petrobrás sobre o cenário complicado que está se configurando em 2014, com poucos projetos e poucas contratações no horizonte. Muitas empresas estão extremamente preocupadas com a situação e o sentimento geral deve ser melhor sentido durante a Rio Oil & Gas 2014, entre os dias 15 e 18 de setembro, quando quase toda a indústria de petróleo nacional estará reunida no Riocentro (RJ).

Como tem sido a atuação do estaleiro?

A empresa começou como uma empresa de reparação naval, há quase 20 anos, muito voltada para a área de tubulação e caldeiraria. De uns cinco anos para cá começamos a investir mais na empresa, em termos de pessoal, para poder dar um salto de qualidade e atingir outras áreas, principalmente o setor offshore. Então embarcamos muito para fazer reparos, upgrade em plataformas etc.

Quais são os principais serviços prestados?

Fazemos trabalhos de caldeiraria, fabricamos estruturas para serem montadas à bordo, fizemos para o FPSO Peregrino há pouco tempo alguns serviços, para aumentar a capacidade de pessoal à bordo. Temos parceria com uma empresa belga, a Sarens, que é uma das maiores empresas de içamento de carga pesada do mundo, então este é outro serviço importante.

Quais são os principais clientes?

Trabalhamos com Subsea 7, Petrobrás, BW Offshore, Statoil, Aker Solutions, todas as grandes do mercado de petróleo. Estamos certificados pelas ISOs 9000, 14000 e 18000, e estamos cadastrados na Petrobrás.

Quais são os principais contratos atualmente?

Temos trabalhado muito pra DOF e nesse momento estamos fabricando um mezanino pra eles, que será usado para o apoio de ROVs. São estruturas que nós instalamos no convés das embarcações de apoio. Terminamos agora também um contrato de quase R$ 4 milhões com a Subsea 7.

Vocês adquiriram uma empresa do setor de petróleo recentemente, certo?

Sim, a Edwal Oil & Gas. Ela faz basicamente a mesma coisa que a gente. Compramos porque estamos investindo muito em área. Temos três áreas na Ilha da Conceição hoje, todas com saída pro mar. Isso é que é importante pra gente, uma área que tenha acesso, porque as estruturas pesadas, que não têm como ser transportadas por terra, saem por mar.

Qual a área total de vocês hoje?

Temos uns 12 mil m² no total.

O foco é 100% no setor de óleo e gás?

Basicamente. Nosso foco é principalmente no setor offshore. Estamos crescendo. Antigamente simplesmente íamos à bordo para montar um projeto que o cliente desse, enquanto hoje já temos alguma atividade de projeto. Ajudamos o cliente a fazer o projeto da estrutura que ele precisa.

Vocês querem ampliar essa área de projetos?

Sim. Estamos começando a entrar nessa área e começando a dar soluções para os clientes.

Qual o planejamento neste sentido?

Estamos contratando gente especializada nisso, mas é complicado um planejamento de longo prazo, porque estamos com o principal player, que é a Petrobrás, parado. Quando a Petrobrás para, para todo mundo que está em volta. E a gente trabalha exatamente para todo mundo que está em volta. Então você não sabe se vai ter trabalho amanhã ou depois. Mas se observar, o TCE, nestes últimos anos, que têm sido anos difíceis, investiu muito. Criamos a TCE Logística, temos carretas, caminhões, guindastes, fazemos nosso próprio transporte. Mesmo nesse momento de crise, estamos investindo bastante.

Qual foi o faturamento no último ano?

Entre R$ 30 milhões e R$ 40 milhões. Nos últimos três anos ele tem se mantido nessa faixa. Temos investido muito em área, mas hoje ninguém quer entregar uma área de frente para o mar. Compramos também máquinas operativas, mas tudo depende muito dos contratos que são fechados. Não dá para fazer uma coisa sem saber se terá uma demanda na frente. Estamos vendo aí empresas monstruosas quebrando da noite para o dia, porque acreditaram que sairia isso ou aquilo da Petrobrás. Então estamos tomando bastante cuidado, porque não queremos dar um passo maior que a perna.

Tem planos de expansão?

Estamos agora partindo para um outro segmento de construção naval. Chegamos a fazer uma proposta, estivemos perto de ganhar, não ganhamos, mas é um caminho que a gente vai seguir; de barcos que foram lançados. Algum estaleiro fabricou o casco e nós fazemos o acabamento para embarcações de apoio, como PSVs. Não temos dique para fazer a parte de casco, mas queremos fazer o acabamento.

Quais são as perspectivas e expectativas com o futuro do mercado?

Temos um otimismo muito grande, porque conseguimos fazer essa empresa crescer muito. Mas, nesse momento que o Brasil vive, não temos uma esperança no curto prazo de que esse cenário vá mudar. Como estamos numa atividade de manutenção, também, isso é uma espécie de garantia para a gente, porque não tem como fugir de manutenção. Mas estamos batendo em todas as portas, tentando conseguir o que pudermos. 

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