FALTA DE LEILÕES DE BLOCOS EXPLORATÓRIOS DIMINUI RITMO DE CONTRATAÇÕES NA ÁREA DE ÓLEO E GÁS | Petronotícias




faixa - nao remover

FALTA DE LEILÕES DE BLOCOS EXPLORATÓRIOS DIMINUI RITMO DE CONTRATAÇÕES NA ÁREA DE ÓLEO E GÁS

A falta de novas rodadas de licitações de blocos exploratórios já está afetando a cadeia de óleo e gás brasileira, que tem diminuído o ritmo de contratações e está reavaliando estratégias para os próximos anos. Apesar de ainda ser o setor líder no quesito demanda por mão de obra, o segmento de petróleo e gás não está com o pé tão firme no acelerador, segundo o gerente da divisão de óleo e gás da Robert Half, Fábio Porto D’Ave. O executivo contou ainda, em entrevista ao repórter Daniel Fraiha, que a falta de fluência em inglês tem sido uma das principais barreiras na hora da contratação.

Quanto a área de óleo e gás representa nas contratações intermediadas pela Robert Half?

Em relação ao Rio de Janeiro, o setor é responsável por cerca de 60% a 70% da nossa demanda por profissionais. Desde que abrimos o primeiro escritório no Rio, em 2008, nossa base de clientes aumentou significativamente, mas a proporção se mantém.

Houve alguma mudança na demanda por contratações do setor em relação aos anos anteriores?

Percebemos que no petróleo, especificamente, como os projetos são de longo prazo, com altos investimentos, houve um impacto. Atribuo isso principalmente à falta de definição dos royalties, à ausência de novos leilões da ANP e também pelo recém anunciado plano da Petrobrás, que vai investir mais dinheiro e produzir menos petróleo. Isso tudo assustou um pouco o investidor e as contratações foram reduzidas tanto em termos de velocidade quanto de apetite.

As empresas têm citado muito a falta de leilões de blocos?

Recentemente e constantemente tenho ouvido muitos comentários em relação a essa questão. Existem muitos projetos esperando para serem executados a partir de novas rodadas, mas sem elas as operadoras, que são as principais contratantes de toda a cadeia de serviços, não têm muito espaço para manobra. Ela ficam um pouco receosas e sem novos projetos para desenvolver, minimizando a possibilidade de novos negócios, o que afeta a cadeia como um todo.

DEMANDA DEVE CRESCER EM SANTOS

Quais regiões do país têm demandado mais profissionais de óleo e gás?

O Rio de Janeiro ainda é o estado que mais contrata no setor, seguido por São Paulo. Isso não tem mudado, porque as principais operações de exploração e produção estão no Rio, se alongando até o norte do estado, e tendo o sul como a nova fronteira, perto de São Paulo.

Santos está atraindo muita gente?

Houve uma migração de investimentos para Santos e Guarujá, mas o Rio ainda lidera. No entanto, estamos esperando um aumento grande na demanda do escritório de Santos, onde temos uma unidade dedicada à região.

Quais são os profissionais mais procurados pelas empresas do setor? O mercado brasileiro está atendendo à demanda?

Funcionários das áreas de Projetos, Supply Chain (compras e logística) e Operação e Manutenção têm sido os mais buscados. Não há profissionais em quantidade suficiente para esses cargos. Momentaneamente as empresas tiraram o pé do acelerador e estão reavaliando as estratégias de contratação para os próximos meses e anos, mas normalmente percebemos uma falta de profissionais qualificados.

É o setor que melhor remunera os profissionais do Brasil?

Eu diria que é o que melhor remunera os profissionais na maioria das funções.

FALTA DE FLUÊNCIA EM INGLÊS É GRANDE BARREIRA

Quais são as maiores dificuldades de encontrar mão de obra no segmento?

Por incrível que pareça, a principal é a ausência de uma fluência mínima no idioma inglês. Como se trata de um mercado essencialmente multinacional, a língua oficial acaba sendo o inglês. Um profissional que vem de outro segmento, como siderurgia, construção, automobilística etc, pode até fazer uma transição para o setor, mas se não tiver inglês, fica muito complicado ser contratado ou aprovado na empresa, porque ele terá dificuldades de se adaptar e de aprender processos.

As empresas privadas estão ajudando na capacitação e qualificação de maneira significativa ou poderiam fazer mais?

Tenho percebido elas absorvendo cada vez mais jovens, um incremento em termos de trainee, que fazem parte de programas de desenvolvimento desde a base. Vejo isso como um movimento para tentar capacitar profissionais para lidar com a demanda presente e futura.

Pode dar exemplos de programas como esses?

Posso citar dois. Um é de uma multinacional que firmou uma parceria com o Senai e abre um processo seletivo para captar 60 profissionais. Eles passam por um curso de 3 meses no Senai e depois fazem uma avaliação. Ao final, os 30 melhores são absorvidos e os 30 que não foram, ficam disponíveis no mercado. O outro é um que acabamos de realizar para um cliente, em que foram selecionados nove recém-formados, após avaliação de currículos, dinâmicas de grupo e entrevistas. Eles vão passar por dois anos de treinamento, em 3 unidades da empresa no Brasil, localizadas no Rio de Janeiro, na Bahia e em São Paulo. Farão uma rotação de seis meses em cada planta e no último período vão ser orientados a assumir uma posição definitiva.

UNIFEI, UFRGS, PUC-RIO E UFRJ ENTRE AS MAIS PROCURADAS

Quais são as universidades mais buscada pelas empresas de óleo e gás?

São muitas, mas podemos destacar a Universidade Federal de Itajubá (Unifei – MG), que é bem procurada, têm muitas empresas que vão até eles fazer uma apresentação institucional. Outra bastante procurada é a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Além delas, a UFRJ, a Puc-Rio, a UFF e o Cefet são bem observados.

Há muitos profissionais estrangeiros entrando no mercado brasileiro?

Nada que me salte aos olhos, nenhuma alteração significativa. Existem casos que substituem um profissional local por um expatriado, devido a falta de um universo grande de bons profissionais em determinados cargos do segmento. Normalmente as empresas que estão se instalando têm um representante da empresa e o número dois é um brasileiro, que conhece o mercado local, a burocracia, as dificuldades e o processo de fazer negócio no Brasil.

RECÉM-FORMADOS GANHAM ENTRE R$ 5,5 MIL E R$ 6 MIL

Para os recém-formados, há muitas vagas?

Existem oportunidades no mercado, que demandam profissionais que tenham uma boa formação técnica, dispostos a trabalhar em regime offshore, que não tenham muito apego à questão da mobilidade, como eventuais mudanças para Macaé ou Santos, por exemplo. Há vagas nas diferentes cadeiras de engenharia, principalmente de produção, mecânica, elétrica e eletrônica.

Quais cargos têm atraído mais os jovens? Qual a faixa de salário inicial?

O mercado de petróleo é o que mais atrai, mas o cargo não e tão importante, principalmente para os que estão buscando a primeira oportunidade de trabalho. A empresa em si representa muito mais que o cargo, porque é onde eles têm a chance de mostrar o trabalho e encarar desafios. O salário inicial é algo entre 5,5 mil e 6 mil reais.

O que um jovem engenheiro deve fazer para se inserir no mercado de trabalho de petróleo? E os mais experientes?

Para quem é recém-formado as chances são maiores. Primeiro é preciso  avaliar se é realmente no que quer trabalhar, porque provavelmente vai ficar embarcado muitos dias por mês, num espaço confinado, onde o lazer é bastante restrito, sem participar de eventos sociais, familiares etc. Provavelmente vai perder ano novo, natal, etc. Outra coisa é que ele pode ser solicitado para trabalhar fora da cidade natal ou até fora do Brasil. Tenho candidatos que estão em Cingapura, em Houston, outros que ficam 14 dias embarcados, contra 14 dias em casa. O salário compensa, mas existem coisas que o dinheiro não compra, e isso vai de profissional para profissional. Já depois que ele decidiu que quer mesmo isso, deve listar as empresas do segmento e tentar abordá-las através de programas de estágio, trainee, além de buscar informações com consultorias como a Robert Half. As redes sociais profissionais são ferramentas importantes também.

GESTÃO DE MATERIAIS SERÁ DESTAQUE

Para a Robert Half, como deve ser o crescimento das contratações do setor de óleo e gás nos próximos anos? Quais devem ser os cargos mais demandados? O Brasil está pronto para atender essa demanda futura?

Entendemos que a demanda vai ser grande e incentivamos que os profissionais se capacitem e tenham por objetivo uma formação técnica sólida, aliada à experiência, com uma fluência pelo menos no idioma inglês. Acreditamos que as áreas de Projetos, Supply Chain (compras e logística) e Operação e Manutenção vão continuar com uma grande demanda, assim como a área de Gestão de Materiais deve entrar no quadro de maior procura por profissionais, porque serão eles que vão estudar os componentes dos equipamentos que serão utilizados na exploração e produção de petróleo em águas ultraprofundas. O Brasil está tentando se preparar, mas só saberemos (se atenderá à demanda) ao longo do tempo.

 

2
Deixe seu comentário

avatar
2 Comment threads
0 Thread replies
0 Followers
 
Most reacted comment
Hottest comment thread
2 Comment authors
Antonio EdvanAlberto Recent comment authors
  Subscribe  
newest oldest most voted
Notify of
Alberto
Visitante
Alberto

O mercado de O&G tende a crescer significativamente após aliberação da próxima rodada de leiolões da ANP, mas devido ao intervalo de 4 anos sem rodadas, o Brasil vai passar por uma lacuna nas contratações, pois, hoje quando deviamos está explorando, ainda nem leiloamos. Outrossim, discordo do consultor quando ele aponta as universidades mais bem vistas no mercado. Realmente a UNIFEI é bastante procurada por grandes players do mercado, mas ele esqueceu de citar a UFBA, UNICAMP e UENF, que sem sombra de duvidas estão muito mais a frente que a UFRGS. Com relação às posições mais demandadas no mercado,… Read more »

Antonio Edvan
Visitante
Antonio Edvan

Bom dia, Venho observando que realmente a questão do ingles vem eliminando grandes profissionais que desejam estar ou entrar nesse segmento de OIL & GAS, mais também não vejo empresas fazendo por onde facilitar esse profissional atravéis de apoio, poder entrar em um curso de ingles, que por acaso são bem caros, torando lhes a chance de crescimento na area. É simples dizer você esta fora por não possuir fluencia na lingua, mais gente somos brasileiros e a principal lingua dentro do nosso pais é o PORTUQUES. Eu sou uma pessoa que ando passando por isso. e ta muito dificil… Read more »