FALTA DE NOVOS EMPREENDIMENTOS JÁ AFETA ENGENHARIA DE PROJETOS NO BRASIL
Por Daniel Fraiha (daniel@petronoticias.com.br) –
A proximidade do fim das grandes obras que tomaram o país nos últimos anos, principalmente com a construção de refinarias e unidades de fertilizantes da Petrobrás, já está afetando a engenharia de projetos brasileira, que apresenta uma redução no número de sua capacidade produtiva este ano. O presidente da Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi), Antonio Müller, acaba de ser reeleito para o posto, com mandato que vai até 2016, e alerta para a necessidade de novos projetos no país, com o intuito de garantir o fortalecimento e o desenvolvimento da engenharia nacional. Müller diz que em alguns casos essa redução dos recursos humanos na área de engenharia de projetos chega a 50% em relação ao ano passado e destaca que todos os envolvidos na área de engenharia industrial estão buscando soluções para o problema em conjunto. Uma das sugestões é a criação de um banco de projetos, que poderia adiantar o desenvolvimento de projetos básicos e manter a evolução da engenharia nacional.
Como avalia a conjuntura da engenharia nacional?
Uma das coisas que é muito importante é a capacitação da engenharia, tanto básica, quanto de detalhamento. Agora, o segmento de engenharia industrial hoje nos preocupa muito, porque, com a aproximação do término dos grandes projetos, como a Rnest e o Comperj, aliada à falta de novos empreendimentos, já há uma redução da quantidade de recursos humanos relevante. E isso vai gerar um impacto posteriormente nos novos projetos de construção e montagem que surgirem.
A Abemi tem números referentes a essa redução?
Não tenho estatísticas fechadas, mas o percentual que me dão, inclusive que já foi apresentado em reunião de diretoria, é de cerca de 50% a menos dos recursos humanos em engenharia de projeto do que havia no ano passado. É uma redução muito significativa da capacidade produtiva. Um grande foco da Abemi é essa parte toda de projeto básico e de detalhamento, e queremos que as empresas voltem a ter carga para continuar desenvolvendo projetos.
Essa preocupação tem sido debatida com as grandes contratantes?
O grande contratante é a Petrobrás, e depois vem a Vale, então estamos levando essa preocupação a eles. Também já levamos a reuniões do Prominp, e existe um desejo de todo mundo de resolver isso. Estão todos envolvidos na busca de soluções. Quem sabe até a criação de um banco de projetos.
Como funcionaria isso?
Você sabe que vai ter alguns empreendimentos lá na frente e começa a fazer os projetos com antecedência, deixando ao menos o projeto básico pronto para quando aparecer a oportunidade. É importante para a geração de empregos e para fortalecer a engenharia nacional.
Quais são os principais desafios à frente da Abemi?
A consolidação da engenharia básica no Brasil. Isso é importantíssimo. Outro ponto é o aumento da produtividade no país. O Brasil tinha uma capacitação muito importante em engenharia básica no passado, mas perdeu, e agora tem que reconquistar. Engenharia básica em hidrelétrica a gente faz, em termelétrica, também, mas em processos nós perdemos.
Pode citar algum projeto da Abemi neste sentido?
Neste ano, por exemplo, estamos desenvolvendo o terceiro livro da Abemi, que é de produtividade e engenharia. Já fizemos um de gestão de empreendimentos e outro de produtividade em tubulação. Esse novo é focado em engenharia.
Quais são as bases do livro?
Serão orientações organizadas pelos nossos associados sobre o que são as engenharias conceitual, básica e de detalhamento, além de indicações sobre novas ferramentas para aumentar a produtividade.
Que tipo de ferramentas?
Fala-se muito em ferramentas para o desenvolvimento de projetos em 3D, o que hoje já fazemos, e agora queremos desenvolver em 4D e em 5D. O projeto em quatro dimensões é o que inclui o planejamento de tempo, com o cronograma ligado a ele, e o 5D é quando entra a parte orçamentária. Então, a curto e médio prazo deve haver um maior desenvolvimento de projetos em 4D. Em 5D deve vir em sequência. São de 40 a 50 empresas trabalhando nesse livro.
Há outras iniciativas paralelas ao livro com o mesmo intuito?
Há várias. Uma muito importante é o grupo de trabalho Abemi-ABCE-Petrobrás, que trabalha há 10 anos desenvolvendo procedimentos avançados de engenharia. Já fizemos mais de 100 procedimentos de execução, engenharia, montagem e construção. É um grupo altamente qualificado. Tenho muito orgulho de fazer parte dele.
Veja abaixo a composição da nova diretoria e do novo conselho da Abemi até 2016:
PRESIDÊNCIA
Diretor Presidente: ANTONIO ERNESTO FERREIRA MÜLLER
TRIDIMENSIONAL Engenharia S.A.
Diretor Vice-Presidente: MÁRCIO ALBERTO CANCELLARA
PROJECTUS Consultoria Ltda.
DIRETORES DE SEGMENTO ECONÔMICO
Petróleo e Gás
- GUILHERME PIRES DE MELLO
Techint Engenharia e Construção S.A
Química e Petroquímica
- JOSÉ OCTÁVIO L. DE ALVARENGA
Promon Engenharia Ltda.
Mineração e Siderurgia
- GABRIEL AIDAR ABOUCHAR
Enconsult Engenharia e Consultoria Ltda.
Energia
- GERSON RICARDI
Construtora Norberto Odebrecht S.A.
Papel e Celulose
- OSCAR SIMONSEN JUNIOR
Montcalm Montagens Industriais S.A.
Infraestrutura em Geral
- ERTON MEDEIROS FONSECA
Galvão Engenharia S.A.
DIRETORES DE SERVIÇOS
Sistemas de Gestão
- MAURÍCIO MENDONÇA GODOY
Toyo Setal Empreendimentos Ltda.
Engenharia
- LILIAM MARIA TORRESAN VALENTIN
CFPS Engenharia e Projetos S.A.
Construção Civil
- ALBERTO ELISIO VILAÇA GOMES
Carioca Christiani-Nielsen Engenharia S.A.
Fabricação
- MARCELO NOTO BONILHA
EBSE Empresa Brasileira de Engenharia de Soluções
Montagem e Manutenção
- FRANCISCO ASSIS DE OLIVEIRA ROCHA
UTC Engenharia S.A.
Serviços Complementares
- LUIZ ALFREDO LIMA SAPUCAIA
Construções e Comércio Camargo Corrêa S.A.
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
Diretor Presidente: ANTONIO ERNESTO FERREIRA MÜLLER
TRIDIMENSIONAL Engenharia S.A.
Sistemas de Gestão
Conselheiro
- CELSO FREDERICO FAZIO
CNEC Worleyparsons Engenharia S.A.
Suplente
- LUIZ FERNANDO ROSSINI PUGLIESI
MENDES JÚNIOR Trading e Engenharia S.A.
Engenharia
Conselheiro
- JOSÉ EDUARDO CATELI SOARES DE FIGUEIREDO
IESA Óleo e Gás S.A.
Suplente
- NELSON ROMANO
DORIS Engenharia Ltda.
Construção Civil
Conselheiro
- ANDRÉ ALEXANDRE GLOGOWSKY
HOCHTIEF do Brasil S.A.
Suplente
- CESAR JORGE MAALOUF
SCHAHIN Engenharia S.A.
Fabricação
Conselheiro
- HIDEO HAMA
FLUXO Soluções Integradas Ltda.
Suplente
- PAULO ROBERTO GOMES FERNANDES
LIDERROLL Indústria e Comércio de Suportes Estruturais Ltda.
Montagem e Manutenção
Conselheiro
- PAULO NISHIMURA
NIPLAN Engenharia S.A.
Suplente
- JOSÉ LIMA OLIVER JÚNIOR
POTENCIAL Engenharia S.A.
Serviços Complementares
Conselheiro
- CARLOS ALBERTO DE OLIVEIRA E SILVA
TOMÉ Engenharia S.A.
Suplente
- NELSON CORTONESI MARAMALDO
NM Engenharia e Construções Ltda.
DIRETORES NOMEADOS
AURÉLIO ESCUDERO
Diretor Executivo Funcional da ABEMI
CRISTIAN JATY SILVA
VOGA Assessoria Comercial Ltda.
DANIEL SANTA BÁRBARA ESTEVES
SKANSKA Brasil Ltda.
MARCELO F. C. A. CORRÊA
REMAC Engenheiros e Consultores Ltda.
A ausência de novos empreendimentos não é a única ameaça à engenharia consultiva nacional. A cada dia, mais atividades de projeto tem sido transferidas para o exterior. E eu não me refiro ao projeto básico, esse, há muito, já distante da nossa realidade. Falo do projeto de detalhamento.
Acho que esse tema deve ser tratado com prioridade por quem realmente diz zelar pela engenharia no país.
Achei muito interessante a entrevista com o Dr Muller, a quem conheco desde os nossos tempos na Promon Engenharia. Não entendo que tenhamos falta de projetos (exceto aqueles das duas grandes – Vale e Petrobras). Existem inúmeras oportunidades de serviços em outros segmentos como mineração, agricultura industrial,fabricas de alimentos (alguem lembra a quantidade de engenharia para produção de alimentos?), automobilistica e autopeças, siderurgia, manufatura, naval, infraestrutura, etc. O que precisamos é buscar essas oportunidades. Vemos como as empresas internacionais de engenharia estão penetrando o nosso mercado com agilidade, preços competitivos, qualidade e resultados que muitas das nossas empresas não conseguem… Read more »
Atualmente estou aposentado e necessito retornar a ativa.
Tenho mais de 30 anos de experiencia em bens de capital sob encomenda na ramo de Petróleo, Petroquímica, gás em equipamentos estáticos e em hidromecânicos.
Por outro lado gostaria de dar a minha contribuição para a ABEMI quanto a implantação das ferramentas 4D e 5D de equipamentos fabricados.
Estou a disposição
Atenciosamente
Odair Pompeo