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FBTS APONTA PRODUTIVIDADE E QUALIDADE COMO MAIORES DESAFIOS DA SOLDAGEM NO BRASIL

Por Daniel Fraiha (daniel@petronoticias.com.br) – 

Jose Paulo Silveira, presidente da FBTSA Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem (FBTS), criada em 1982, vem expandindo suas frentes de atuação, com ramificações em capacitação de mão obra, certificação de pessoas e produtos, assistência técnica e gestão tecnológica de projetos. O presidente da FBTS, José Paulo Silveira, contou que a instituição, que não tem fins lucrativos, já formou cerca de 20 mil pessoas no setor, mas a demanda tem caído recentemente, em função do cenário econômico menos aquecido e de fatos atípicos deste ano, como a Copa do Mundo e as Eleições, mas ainda assim prevê a capacitação de 1.700 pessoas pela FBTS em 2014. Na visão de Silveira, os maiores desafios do Brasil na área de soldagem hoje são a produtividade e a qualidade, nessa ordem. Uma das iniciativas da Fundação para tentar auxiliar o país a avançar nesses campos é a formação de convênios com universidades para a especialização de engenheiros em soldagem. A FBTS criou inclusive uma nova certificação voltada a esses profissionais, que ainda são raros nas obras do país, mas devem se tornar presentes em todos os projetos no futuro, de acordo com o executivo. Silveira contou ainda que a FBTS vai participar como visitante na Rio Oil & Gas 2014, entre os dias 15 e 18, no Riocentro, e ressaltou a importância da feira para a instituição: “Muitas das empresas presentes dependem da soldagem, então é uma grande oportunidade”.

Como tem se dado a atuação da FBTS atualmente?

Ela foi criada há 32 anos e se dedica a um conjunto de atividades: a mais antiga é a capacitação de pessoal, treinamento e formação de inspetores de solda. Já formamos nesse campo aproximadamente 20 mil pessoas. Outra atividade no campo de treinamento é através de convênios com universidades para a especialização de engenheiros de soldagem. Além disso, somos acreditados pelo Inmetro como organismo independente para certificar profissionais e produtos. Agora estamos inserindo a certificação do engenheiro.

Como é feita essa nova certificação?

Começou agora, em abril. Trata-se da certificação do engenheiro de soldagem. Normalmente ele é o responsável por planejar o trabalho, otimizar os processos, escolher as tecnologias a serem adotadas, cuidar da produtividade, da qualidade e do desempenho das equipes. Tem uma visão mais ampla, e busca a otimização do trabalho em todas as suas dimensões.

Toda obra tem engenheiros de soldagem certificados?

Ainda não. Toda obra tem inspetores de solda de nível I, voltados mais à execução, e II, com maior qualificação, voltados à intepretação de resultados e ao controle de qualidade. Agora estamos inserindo a certificação do engenheiro. Hoje tem um engenheiro que toma as decisões, mas não é certificado. No futuro certamente todas as obras terão.

Além de pessoas, você disse que certificam produtos. De que tipo?

Consumíveis de soldagem, eletrodos, materiais, arames, enfim, insumos para a operação de soldagem. Por exemplo, se um fabricante de eletrodo quer entrar no mercado, uma das estratégias é ter uma avaliação independente da qualidade do produto. A FBTS faz essa certificação. A outra atividade que fazemos é a gestão tecnológica de projetos.

Como?

Hoje as empresas estão cada vez mais interessadas em inovação, em busca de melhorar os processos e desenvolver novos produtos. Um cliente histórico da FBTS nesse serviço é o Cenpes. Vai fazer 11 anos que prestamos serviço de gestão tecnológica para eles. Hoje tem uma parcela grande de recursos aplicados em P&D que precisam seguir uma série de regras das agências (ANP e Aneel), e nós ajudamos as empresas que têm atividade de inovação a gerirem bem os projetos de pesquisa. Um produto importante são projetos de pesquisa cooperativa, que envolvem mais de uma empresa.

Como funcionam?

A empresa que contrata precisa de um campo neutro para juntar as entidades em torno de um mesmo objetivo. Porque o projeto não está sendo feito nem na casa de quem está comprando nem na de quem está fornecendo os serviços. Um exemplo disso é o tubo terrestre pelo qual vai ser transportada a produção do pré-sal. Ele tem diâmetro e espessura elevada, então a Petrobrás encomendou um projeto para aumentar a produtividade da construção do duto, fazer as soldas mais rápido. Para isso, são necessários processos mecanizados, então tem outras entidades envolvidas, como o CTDUT, o Senai e os fabricantes dos equipamentos que produzem soldas mecanizadas.

A FBTS também presta assistência técnica em soldagem?

Sim. Inclusive estamos buscando ampliar essa área. Às vezes, uma empresa está soldando peças e de repente começa a detectar um defeito repetitivo. Ela quer saber as causas e como pode evitá-lo. As grandes empresas têm seus times de especialistas, que entram em campo e resolvem. Já as de pequeno e médio porte nem sempre têm equipes para isso, então podem contratar a assistência técnica para chegar à solução. Além disso, podemos fazer avaliações de desempenho, para controle de qualidade.

Quais são os maiores desafios da soldagem no Brasil hoje?

A produtividade é o maior. Fazer mais com menos tempo. Esse é de longe o principal desafio. O Brasil está numa situação preocupante em termos de produtividade. Nos anos 80, era igual a da Coreia. Hoje a Coreia é seis vezes mais produtiva do que o Brasil. Ficamos quase estagnados e isso é um problema muito sério, porque aumenta os custos. O segundo grande desafio é qualidade. Ela já foi bastante tratada no Brasil, mas precisa de muita atenção.

Como está o cenário da mão de obra capacitada em soldagem no país?

De um modo geral, a mão de obra brasileira não está preparada para ambientes de alta produtividade, porque eles usam tecnologias no estado da arte, as mais atualizadas, e isso requer pessoas com qualificação, que precisam também ter uma cultura de produtividade. Uma atitude das equipes de trabalho intenso, para fazer uma vez só e bem feito. É uma questão cultural. Precisamos municiar a mão de obra com processos atualizados tecnologicamente e orientar essa mão de obra com uma gestão eficiente, para estimular uma cultura da produtividade, que use o mínimo possível de recursos sem perder tempo.

Como está a demanda por inspetores de soldagem hoje no país?

Houve um momento, há poucos anos, em que havia falta de inspetores de soldagem. Esse momento já passou, em função da economia. Ela está crescendo menos de 1%, a taxa de investimento é baixa, então é um ambiente econômico praticamente parado. Isso reflete diretamente na demanda por mão de obra. Aquela crise de uns cinco anos atrás não está mais assim, com falta de engenheiros etc. O que tem é deficiência de qualidade.

Quantos profissionais são formados pela FBTS por ano?

A demanda está diminuindo, em função da atividade econômica. Está na faixa de 15% a redução anual. Formamos cerca de 2.000 pessoas em 2013, e esse ano devemos formar cerca de 1.700. Achamos que o declínio é momentâneo, porque, retomando o crescimento, a demanda segue o mesmo caminho. Além disso, esse ano tem muita perturbação: Copa do Mundo, Eleições… enfim, não é só a economia.

Como será a participação de vocês na Rio Oil&Gas?

Vamos como visitantes. Na perspectiva da FBTS é uma oportunidade de encontro com os usuários da soldagem. Muitas das empresas presentes dependem da soldagem, então é uma grande oportunidade. Recentemente tivemos também um grande congresso de soldagem, o Rio Welding 2014, que reuniu a Petrobrás, o Senai e a FBTS. Pela primeira vez os três estiveram juntos, porque antes cada um tinha seu próprio evento, então decidimos juntá-los e promover algo maior.

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