FEDERAÇÃO DE PETROLEIROS APONTA QUE PREÇOS NÃO LEVAM EM CONTA QUE 94% DO PETRÓLEO REFINADO NO PAÍS É NACIONAL
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) divulgou esta manhã (22) um informe apontando que a participação do petróleo importado no processo de refino brasileiro atinge atualmente apenas cerca de 6%, sendo aproximadamente 94% do processamento feito com óleo produzido no país. Tecnicamente, diz a federação, a presença do produto nacional poderia chegar a até 100%, atendendo às necessidades de derivados do Brasil. Isso só não ocorreria porque algumas refinarias utilizam o óleo importado, não por insuficiência da produção ou da oferta nacional, mas como opção para otimizar processo industrial específico. Esta observação faz parte de estudo da área econômica da FUP sobre a autossuficiência do Brasil na produção de petróleo, seus impactos sobre o refino, e a política de Preço de Paridade de Importação (PPI), adotada pela gestão da Petrobrás, que não leva em conta os custos nacionais de produção do petróleo e derivados. O PPI, implantado em outubro de 2016, reajusta os preços dos combustíveis com base na cotação do petróleo no mercado internacional, variação cambial e custos de importação.
O estudo da FUP diz que “se houvesse dificuldades de importação de petróleo, as refinarias brasileiras não teriam problema de suprimento, pois poderiam operar com 100% de petróleo nacional.” destacando que as refinarias brasileiras estão adaptadas para processar os vários tipos de petróleo nacional e produzirem derivados, com exceção de lubrificantes. “Com as refinarias trabalhando em plena carga operacional, em torno de 95% da capacidade instalada, poderiam atender inteiramente o mercado brasileiro”, garante o estudo da FUP. O fator de utilização total (FUT) das refinarias da Petrobrás atingiu a média de 88% no último trimestre de 2021, segundo informações da empresa.
Para o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, “cai por terra a falsa tese da dependência do Brasil pelo petróleo importado”. Segundo o dirigente da FUP, a Petrobrás, sem o PPI, praticaria preços justos, e continuaria tendo alta lucratividade, devido à elevada produtividade e o baixo custo operacional do pré-sal, que não chega a US$ 28 por barril. Ele observa que “isso reduziria lucro de importadores e dividendos de acionistas, os quais atingiram o recorde absurdo de R$ 101,4 bilhões em 2021”.
De acordo com a FUP, grande parte das refinarias do país – com exceção da Refinaria Isaac Sabbá (Reman), em Manaus/AM; Refinaria Lubrificantes e Derivados do Nordeste (Lubnor), em Fortaleza/CE; e Refinaria Potiguar Clara Camarão (RPCC), em Guamaré/RN –, pode operar com quase todos os tipos de petróleo, exceto os óleos ultra-ultra pesados da Venezuela, porque as unidades foram projetadas inicialmente para óleos médios e leves. Com o aparecimento dos óleos pesados da Bacia de Campos (RJ), foram feitas adaptações para o processamento desse tipo de óleo. Porém, com o surgimento dos petróleos da Bacia de Santos, voltamos a contar com óleos médios, muito similares aos petróleos do Oriente Médio, mas com a vantagem de serem de baixo teor de enxofre. São óleos de excelente qualidade para o refino.
Em 2021, a empresa teve um custo médio de extração de petróleo e produção de derivado de R$ 114,89 por barril, ao mesmo tempo, vendeu esse produto no mercado interno por R$ 416,40 o barril, garantindo lucro de R$ 301,51 por cada barril comercializado no país no ano passado. Os dados mostram que o valor de venda doméstica de derivados praticados pela gestão da Petrobrás em 2021 (R$ 416,40/barril) foi 63% acima do realizado em 2020 (R$ 254,40/barril), ao mesmo tempo em que o custo de extração e refino, em real, caiu. Por trás da diferença entre custo de produção e valor de venda doméstica está o PPI, que desconsidera custos internos de produção. O valor médio do barril de derivado comercializado pela Petrobrás no país cresceu 40,7%, entre 2019 a 2021, acima das variações do câmbio (36,7%) e do barril do óleo no mercado internacional (10%). Enquanto isso, no mesmo período, a empresa teve redução de custos de extração, em todas as alternativas (terra, pós sal, pré-sal, com ou sem participações governamentais e com ou sem afretamento). Em relação ao refino, também houve redução significativa dos custos de produção, de 32,5% no período 2019/2021, se considerado em dólar; e de 8,5% em reais.
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