FLEXPIPE FECHA PRIMEIRO CONTRATO DE FORNECIMENTO PARA ÁGUAS RASAS | Petronotícias




faixa - nao remover

FLEXPIPE FECHA PRIMEIRO CONTRATO DE FORNECIMENTO PARA ÁGUAS RASAS

Por Daniel Fraiha (daniel@petronoticias.com.br) – 

Carl Gudme, gerente de vendas da Flexpipe para a América Latina.A Flexpipe assinou seu primeiro contrato no mundo para fornecer dutos flexíveis a um projeto em águas rasas, em negociação fechada com a estatal venezuelana PDVSA. Serão 400 km de dutos, voltados à exploração de gás no Lago Maracaibo, em acordo de US$ 18,7 milhões. O gerente de vendas da Flexpipe para a América Latina, Carl Gudme, acredita que esse é o primeiro passo em um mercado com muitas oportunidades de aplicação do produto, destacando que os dutos flexíveis poderiam ser utilizados em projetos da Petrobrás tanto na Bacia de Campos como no Nordeste, onde há mais plataformas atuando em águas rasas. O executivo contou ainda que a exploração de gás não convencional nos Estados Unidos tem sido um dos maiores mercados para a Flexpipe, por conta da necessidade de agilidade no transporte dos dutos e da possibilidade de reutilização deles. Com a 12ª rodada da ANP, marcada para a próxima semana, a exploração não convencional será inaugurada no Brasil e a empresa já pensa em montar um centro de serviços local para atender a futura demanda.

Como estão as atividades da Flexpipe na América Latina?

Nossa grande notícia em êxito na região foi um pedido que recebemos da PDVSA, na Venezuela, para a instalação do Flexpipe no Lago Maracaibo, onde produzem gás. São 400 km de tubos flexíveis de duas polegadas, num contrato que vai até dezembro de 2014, com o fornecimento começando agora nesse fim de ano.

É o primeiro projeto em águas rasas?

Sim. É o nosso primeiro grande projeto de aplicação para águas rasas no mundo. Fizemos um projeto piloto, instalamos uma linha num poço, ela ficou produzindo gás, depois esses tubos foram retirados, foram feitos ensaios, foram aprovados, passamos por uma fase de negociação e, em setembro, recebemos o pedido, de US$ 18,7 milhões.

Foi necessária alguma modificação nos dutos flexíveis?

Foi um produto desenvolvido especialmente para a PDVSA, porque ela precisava de um tubo flexível com uma característica própria, que não flutuasse e ficasse no fundo do lago. Para que, mesmo com o transporte do fluido, o duto não subisse. Fizemos isso aumentando a camada estruturante para que o peso seja forçado para baixo.

Para isso, utilizaram algum material diferente?

Não. Utilizamos basicamente uma quantidade adicional de estruturantes. A camada interna entre o tubo interno de polietileno e o revestimento externo de proteção mecânica é feita em fios de aço galvanizado. O que foi feito foi garantir que a quantidade de tubo desse uma característica com peso suficiente para que ele não afundasse, sem que fosse necessário colocar um peso externo, que poderia causar o “kink” (dobramento) no tubo, o que poderia afetar essa camada. Então teve todo um trabalho de engenharia para adequar o produto a essa função. Nosso enfoque no produto sempre foi onshore, esse foi o primeiro projeto offshore.

Onde será a fabricação?

Em Calgary, no Canadá. Mas teremos uma estrutura de apoio próximo ao lago, para garantir que as instalações e conexões sejam feitas de acordo com a nossa supervisão.

A América Latina está crescendo nos planos da Flexpipe?

Esse é o maior pedido que a Flexpipe já recebeu em todo mundo e veio da América Latina. Vamos, a partir da experiência adquirida, buscar outros projetos em águas rasas. Sabemos que a Petrobrás tem alguns casos de plataformas em águas rasas que necessitam de soluções sem corrosão, em que o produto seria aplicável, mas queremos ter primeiro a experiência no lago, não só de fornecimento, mas de instalação, de acompanhamento, teste hidrostático, para depois buscarmos clientes que têm situações similares em águas rasas. Sabemos que a Petrobrás tem algumas situações assim na bacia de Campos e muitas no Nordeste. No Peru também, ao norte, na Colômbia, onde tiver isso, vamos oferecer a tecnologia.

O mercado de gás não convencional gerou muitos negócios para vocês?

O grande êxito da Flexpipe nos EUA e Canadá tem sido o shale gas. Pela versatilidade do material. Para extrair o gás é preciso de muita água, para realizar o fraturamento, além de necessitar de tubos que possam auxiliar a entrada em operação no menor tempo possível. Essa estrutura tem que ser facilmente transportada até identificar os melhores locais para posicionar esses poços. Então uma tubulação flexível, que você pode reutilizar enquanto busca a melhor posição, tem sido a melhor opção e a mais utilizada pelos operadores americanos.

Como estão se preparando para o início desse tipo de atividade no Brasil?

Esperamos que o mesmo aconteça aqui. Interessante é que tem vários operadores de pequeno, médio e grande porte. Então, para atendê-los, estamos já com nosso centro de serviços em estudos avançados para ter material para pronta entrega. Porque a grande vantagem para os operadores será que o material esteja disponível para poderem comprar e utilizar rapidamente nesses projetos.

O centro de serviços fica aqui no Brasil?

Ainda não está montado, mas deve ficar no Nordeste. Estamos definindo entre Mossoró (RN) e Suape (PE).

O que falta para definir?

Falta demanda. É preciso que essas empresas que vieram, e já se posicionaram, passem da fase de estudo para perfuração, porque nós entramos na fase de produção ou de injeção de água. Então na medida em que os poços se mostrem viáveis, teremos tudo à disposição.

O centro de serviços seria uma espécie de armazenagem?

Exatamente, para ter tubos, conexões, equipamentos para fazer as conexões. Para, na medida em que o cliente precise de cerca de três, quatro quilômetros de dutos flexíveis, eles já estejam estocados. Para não ter o tempo de trazer esse material do Canadá. E esse centro deverá crescer à medida que a demanda aumentar.

Vocês já têm centros de serviços na América Latina deste tipo?

Temos parceiros que estão desenvolvendo este centro na Argentina e na Colômbia. Esse é o modelo que fez a Flexpipe ser bem sucedida no Canadá e nos Estados Unidos: ter centros de serviços próximos aos principais polos produtores. Porque o operador pode contatar nossos centros de serviços e a nossa estrutura já está preparada para atendê-lo.

Você acredita que a política de conteúdo local pode atrapalhar de alguma forma isso?

Acho que a nossa participação no conteúdo local, comparado a outras áreas, não terá um grande impacto no projeto total, não tanto quanto outros componentes. Mas é claro que, como fabricante de fora do país, isso sempre entra na avaliação. O operador local vai sempre procurar o máximo de conteúdo local, mas esperamos ser considerados como o maior beneficio dentro de todos os fatores.

Mas existe alguma possibilidade de instalar uma fábrica no país?

A possibilidade sempre existe, mas é preciso haver um mercado forte. Não podemos nos comprometer a construir uma fábrica enquanto esse mercado não se materializar. Mas há interesse. Há interesse de colocar uma fábrica que atenda não só ao Brasil, mas a toda América latina.

1
Deixe seu comentário

avatar
1 Comment threads
0 Thread replies
0 Followers
 
Most reacted comment
Hottest comment thread
1 Comment authors
Paulo Fernandes Recent comment authors
  Subscribe  
newest oldest most voted
Notify of
Paulo Fernandes
Visitante
Paulo Fernandes

Prezado Carl;

Parabéns pelo profissionalismo e garra comercial, pois sei da dificuldade de se introduzir novas tecnologias e lutar contra paradigmas consolidados, ainda mais no segmento de Petróleo e Gás.

O Brasil precisa de profissionais como você; a pena e que começou pelo México e não pelo nosso Brasil, mesmo tendo você no nosso quintal.

Que fique o toque e o exemplo para quem está no nosso mercado de Óleo e Gás, pois precisam incentivar mais novas soluções para colherem melhores resultados.

forte abraço e muito sucesso.

Paulinho.
Liderroll.