FRONIUS PREVÊ CRESCIMENTO DE FATURAMENTO, PLANEJA ABRIR NOVOS ESTOQUES E LANÇARÁ TECNOLOGIA HÍBRIDA | Petronotícias




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FRONIUS PREVÊ CRESCIMENTO DE FATURAMENTO, PLANEJA ABRIR NOVOS ESTOQUES E LANÇARÁ TECNOLOGIA HÍBRIDA

Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –

Alexandre Borin - FroniusO mercado brasileiro de energia solar tem registrado saltos consideráveis nos últimos anos. Navegando nesta maré positiva, a empresa austríaca Fronius está com novos planos de expandir ainda mais sua atuação no segmento. O gerente da Unidade de Negócio de Energia Fotovoltaica da companhia, Alexandre Borin, conta que a empresa espera dobrar o faturamento neste ano. “Neste primeiro trimestre, nós já vendemos 40% a mais na comparação com o mesmo período do ano passado”, detalhou o executivo. Contudo, Borin diz que ainda falta uma política mais clara de incentivos do governo para o segmento fotovoltaico. Ele também se mostra reticente em mudanças no setor propostas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Apesar disso, o interesse pelo mercado brasileiro não diminuiu. A Fronius tem planos de criar dois novos estoques no país – um na região Sul e outro na região Centro-Oeste ou Nordeste. “Vamos tentar fazer uma cobertura logística melhor para fazer a distribuição dos produtos”, acrescenta. O executivo ainda revela que a companhia fará, em agosto, o lançamento de um inversor híbrido, que pode trabalhar na rede e também com a possibilidade de se conectar com baterias.

Como avalia o momento atual do mercado fotovoltaico?

O mercado fotovoltaico brasileiro tem crescido a taxas altas, principalmente nos últimos dois anos, quando o custo geral da energia ficou maior. Além disso, o preço da maioria dos equipamentos, painéis e inversores ficou bem mais atrativo no mercado internacional e, por consequência, no Brasil também. Nos últimos dois anos, o crescimento tem sido na faixa de 300%. É um mercado que realmente decolou. E como a Fronius está no país há mais tempo, consegue aproveitar esta onda de crescimento.

O ano de 2019 não está sendo diferente. Neste primeiro trimestre, nós já vendemos 40% a mais na comparação com o mesmo período do ano passado. De uma forma geral, a energia solar está se tornando bastante viável. Apesar da fonte representar muito pouco ainda na matriz energética (1%). Mas há projeções da solar chegar a 10% em cinco ou dez anos. Haverá um crescimento bastante acelerado na matriz energética. Do ano passado para cá, nós dobramos o tamanho da unidade de negócios de energia solar. Neste ano, vamos dobrar novamente.

O que ainda falta para o mercado solar se desenvolver ainda mais no Brasil?

Uma política mais clara de incentivos do governo. Acho que precisamos de mais apoio, principalmente de órgãos governamentais como a Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica] para promover esta energia. Porque a fonte solar é relativamente barata e não depende, na maioria das vezes, de investimentos públicos. Se existirem regras mais claras para incluir a energia fotovoltaica nos leilões de energia dos próximos anos, isso ajudará bastante. Hoje, a regra ainda é benéfica. Existe um sistema de compensação para a energia distribuída, que é gerada nas residências. Costumamos chamá-lo de 1 para 1. Ou seja, para cada 1 kW injetado na rede, é concedido um crédito de 1 kW para abater na conta de energia.

Mas a Aneel quer mudar as regras, por conta de um lobby das concessionárias de energia, principalmente. Essas empresas veem o consumidor final que usa o sistema fotovoltaico como um usuário a menos no sistema. A concessionária não enxerga isso com bons olhos. Então, essas companhias estão fazendo um grande lobby para reduzir essa compensação. Existem alguns cenários que a Aneel propôs ao mercado. Os estudos estão sendo feitos e também foram realizadas algumas audiências públicas neste primeiro semestre. Ainda não há definições, mas a compensação pode ser reduzida de 1/1 para 1/0,32. Isso, óbvio, torna o investimento em fotovoltaico muito menos atrativo. 

Como é a atuação da Fronius no mercado brasileiro de energia solar?

A Fronius é uma empresa austríaca. Aqui no Brasil, temos uma subsidiária direta da Fronius Áustria, que foi constituída em 2003. A empresa tem três unidades de negócios. A primeira é a de tecnologia de solda, que foi a primeira a chegar ao Brasil. Mais tarde, a Fronius começou a comercializar os carregadores de bateria, principalmente para baterias na área de logística. Posteriormente, a última unidade foi a solar, que começou em 2011. A Fronius começou a comercializar inversores. Em 2012, veio o marco regulatório do setor, com a regra de compensação de energia, que tornou possível para a Fronius crescer neste mercado. A área de energia solar tem o maior faturamento da Fronius no Brasil. E no exterior, se somarmos toda a área da Fronius Internacional, ela é a segunda maior área, muito próxima da unidade de solda.

A empresa é provedora de um dos componentes do sistema, o inversor, que é o coração do sistema de energia solar. Ele recebe a energia que está sendo captada nos painéis e a converte de corrente contínua para corrente alternada. Depois, injeta a energia na rede. A Fronius importa esses inversores da Áustria, onde são fabricados. Aqui no Brasil, comercializamos estes produtos por meio de distribuidores e integradores de sistema. 

Quais são as perspectivas da empresa com o mercado brasileiro para o restante do ano?

Depende um pouco do que irá acontecer com a regra de compensação da Aneel. Por isso, estamos em compasso de espera para, talvez, rever os planos para os próximos anos. Nós esperamos dobrar o faturamento neste ano. No primeiro trimestre do ano, ficamos dentro da meta. Provavelmente no segundo semestre vamos atingir esse valor também. Essas são as projeções atuais, porque temos muitos mais concorrentes no mercado.

No primeiro ano da Fronius no Brasil, a empresa tinha poucos concorrentes. Hoje, dividimos o mercado com muito mais gente. A Fronius é líder do mercado. Segundo pesquisa feita por uma empresa especializada no setor, nós temos 32% de market share de energia fotovoltaica. Estamos bem na frente do segundo e terceiro colocado. 

Por fim, quais são os planos de expansão da Fronius dentro do país?

Os nossos planos de expansão de negócios estão concentrados em pulverizar mais a nossa logística. Isso passa pelo desenvolvimento de novos distribuidores. Hoje, o desenvolvimento do mercado está mais forte nas regiões Sul e Sudeste. Temos distribuidores mais fortes nestas duas regiões. O que buscamos agora é desenvolver novos parceiros para as regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste. Estão surgindo novas empresas dispostas a investir neste mercado para estas regiões específicas. Estamos buscando esses parceiros para desenvolver o mercado nessas regiões, que estão um pouco mais atrasadas em relação ao Sul e Sudeste no número de conexões com a rede.

Para isso, além do nosso estoque em São Paulo, estamos desenvolvendo planos para criar dois novos estoques – um na região Sul e outro na região Centro-Oeste ou Nordeste. Vamos tentar fazer uma cobertura logística melhor, para fazer a distribuição dos produtos, durante este ano e o próximo.

Depois disso, a Fronius tem desenvolvido tecnologias para fazer o gerenciamento de energia e armazenamento de longo prazo. A empresa na Áustria trabalha fortemente com outros equipamentos que se conectam ao inversor. Durante a Intersolar, no mês de agosto em São Paulo, vamos fazer o lançamento de um inversor híbrido, que pode trabalhar na rede e também com a possibilidade de se conectar com baterias. Então, a intenção é que nos antever a uma mudança de legislação, onde o consumidor terá duas tarifas de energia – uma no horário normal e outra mais cara entre 18h e 21h – mais ou menos como é hoje o mercado industrial. Essa mudança já está em discussão na Aneel e estamos nos preparando para isso, lançando esse inversor que se conectará à bateria no período em que a tarifa será mais cara.

Por fim, a Fronius também está trabalhando, no exterior, em sistemas de armazenamento com hidrogênio. São sistemas de armazenamento de longos períodos – mais de 12 horas -, que poderão, no futuro, suprir totalmente a necessidade de uma residência até o momento do nascimento do sol. Hoje, isso não é possível através das baterias, por conta da limitação tecnológica.

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