FUNDAÇÃO CERTI DESENVOLVE LUZ ORGÂNICA EM PARCERIA COM A PHILIPS | Petronotícias




faixa - nao remover

FUNDAÇÃO CERTI DESENVOLVE LUZ ORGÂNICA EM PARCERIA COM A PHILIPS

Por Rafael Godinho / Petronotícias

Em breve o mercado de Óleo&Gás e demais setores poderão contar com uma nova solução em iluminação. Trata-se da Luz Orgânica, ou Oled, tecnologia que promete superar a lâmpada fluorescente em durabilidade, eficiência e segurança. Mas as vantagens vão ainda além, e poderão proporcionar novas maneiras de trabalhar a luz. A inovação, que vem sendo estudada em alguns lugares do mundo, também vem sendo desenvolvida no Brasil, por meio da catarinense Fundação Certi, em parceria com a Philips. Para conhecer mais sobre o produto e as suas vastas possibilidades, conversamos com Laércio Aniceto Silva (foto à esquerda), Superintendente de Negócios da Fundação Certi, e com o engenheiro Manuel Steidle (foto à direita, abaixo), que é Diretor do Centro de Referência em Mecatrônica da Fundação. Na entrevista abaixo, eles falam sobre sua parceria com a Philips no projeto de mais R$ 17 milhões e quais as perspectivas de utilização da nova tecnologia.

O que é a Fundação Certi? Qual é sua área de atuação?

(Laércio Silva) A fundação Certi é uma instituição privada sem fins lucrativos dedicada ao desenvolvimento de produtos e serviços tecnológicos. Está localizada no campus da Universidade de Santa Catarina, mas é independente da instituição, apesar de termos uma parceria. Os desenvolvimentos são feitos em conjunto com professores da universidade e em áreas estratégicas para o país. 

O senhor poderia citar os clientes da Fundação Certi?

(Laércio Silva) Podemos relacionar alguns clientes: Philips, Positivo, Intelbrás, Petrobrás, Weg, AOC, Embraer, Semp Toshiba, Natura, Boticário, entre outros, e o governo (Ministério da Educação, Ministério das Cidades e o Governo do Estado de Santa Catarina). Os clientes apresentam proposta e sugerimos um escopo de desenvolvimento. Uma vez aprovado, é apresentado um orçamento. Aprovado o orçamento, o serviço é feito.

Como tem sido a parceria com a Philips? Existe desde quando?

(Laércio Silva) A Philips tem suas demandas de desenvolvimento e as apresenta para nós. A parceria existe desde 2004. A comunidade européia tem um programa de financiamento de projetos chamado Programa-quadro, por meio do qual são financiadas empresas de desenvolvimento de tecnologia. Compõem-se consórcios com outras empresas, além de universidades européias. Eram grupos de 23 empresas. Na época havia a Siemens, a Motorola, a Rai Italiana, a Telecom. Participavam também outras grandes empresas, mas a principal era a Philips. Naquele momento, o projeto era combinar internet, celular e tv digital para oferecer serviços interativos à população e fazer a disseminação em várias partes do mundo. A Fundação Certi era responsável pelo desenvolvimento de uma solução que atenderia ao ambiente latino-americano. Essa relação se intensificou. Quando começou o projeto de TV digital em 2007, o sinal tinha que ser decodificado e então desenvolveríamos esse decodificador em parceria com a Philip, atendendo à demanda. Quando ficou pronto, a Philips lançou como um produto da sua linha.

Como acontece o financiamento do projeto?

(Laércio Silva) O BNDES possui uma linha de desenvolvimento de projetos chamado Funtec. É uma linha não reembolsável para projetos de inovação em áreas temáticas, conforme interesses estratégicos para o país. Uma dessas áreas é a de iluminação. Conhecendo esse programa destinado à inovação em eletrônica, vimos a possibilidade de trabalhar com a tecnologia Oled, e convidamos a Philips para participar. Procuramos a Philips por já ser nossa parceira e porque já trabalhava com essa tecnologia.

O que é a tecnologia OLED? Por que o nome luz orgânica?

(Laércio Silva) Basicamente, é uma nova tecnologia para a luz. Led quer dizer light-emitting diode. No caso do Oled, o que diferencia é que os materiais que produzirão essa luz são orgânicos. Outro diferencial é que o Led é um ponto de luz e precisa de um difusor. No caso do Oled, ele já é uniformemente difuso. Para fazê-lo, os materiais são aplicados de forma uniforme em uma superfície de vidro. Depois são fechados para não entrar nem ar nem umidade e está pronto para receber uma corrente elétrica. O Manuel pode falar mais sobre isso.

(Manuel Steidle) Gostaria de destacar alguns pontos interessantes. O Oled é uma fonte de luz suave. É bastante interessante para iluminação indoor (escritório, casa), porque não tem uma luminosidade intensa a ponto de danificar a vista de uma pessoa; lembra uma luz fluorescente. Portanto é uma substituta natural da luz fluorescente.

Quais são as principais diferenças em relação à lâmpada fluorescente?

(Manuel Steidle) O Oled dura de 3 a 5 vezes mais que uma lâmpada fluorescente. Isso facilita o custo operacional, porque você terá que trocar essa lâmpada com muito menos freqüência. Além disso, o Oled não usa mercúrio. A lâmpada fluorescente utiliza vapor de mercúrio e, quando é descartada, a substância vai para o meio ambiente, de modo que a questão do descarte ainda não é bem resolvida. Portanto é outra grande vantagem da lâmpada Oled, que pode ser triturada e transformada em areia. Não há materiais tóxicos no produto, o que também facilita a reciclagem.

Em que fase se encontra agora a tecnologia Oled?

(Manuel Steidle) No momento, está em pesquisa e desenvolvimento. Já temos um primeiro produto que está na fase de amadurecimento na cadeia produtiva e ainda não pode ser comercializado, e este ano estamos trabalhando num segundo produto que ainda não é publico, que será numa escala bem maior.

A luz orgânica será utilizada já na próxima Copa do Mundo de 2014 no Brasil?

(Manuel Steidle) No caso específico da Copa do Mundo, o Oled tende a ser uma iluminação para ambientes internos, por não ser uma luz focada como os holofotes, mas difusa. Ainda com relação aos eventos, o Oled é bem aplicado ao uso hoteleiro. O Oled pode ser recortado, pode ter várias formas, não tem a geometria usual. Trata-se de uma lâmina de vidro e, por isso, pode ter diversas geometrias. No momento, está apontando para iluminação na área de hospitalidade e fashion diferenciadas, e, conforme for ganhando escala, os grandes escritórios, além de shopping centers e o nosso próprio laboratório de tecnologia.

Existem ainda outras perspectivas além da diferença das formas?

(Manuel Steidle) Outra característica interessante da geração dos Oled em que estamos trabalhando (segunda e terceira geração) é o controle da temperatura de cor, seja alaranjada (quente) ou azulada (fria). De acordo com o ciclo natural diário da luz, é mais saudável ter uma luz alaranjada no início do dia e a luz azulada posteriormente. É uma luz agradável, que também contribui para o uso escolar. Foi feita uma pesquisa em Hamburgo (Alemanha) em escola, envolvendo Led e Oled, e verificou-se uma melhoria de 20% a 30% na quantidade de material lido. Por enquanto, o Oled tende a ser uma luz branca, não costuma ser multicolorida como o LedNo caso da lâmpada Oled, a gente aplica uma cor sobre a outra e no fim emite a luz branca. Se não houver mistura, é possível ter Oled monocromático. Mas o típico de uma lâmpada é ser neutra, porque comercializar luz colorida não é tão interessante, as pessoas enjoam. Uma lâmpada funcional, como de escritório, precisa ser branca.

Qual é a vantagem da luz orgânica na questão da eficiência?

(Manuel Steidle) Em eficiência energética, a curva da tecnologia Oled vai ultrapassar a fluorescente e poderá chegar a 50% de aproveitamento. A fluorescente chega a só 30%. No momento, o Oled está amadurecendo e o custo global do Oled ainda está acima das lâmpadas convencionais; mas, com a escala de produção, vai baixar. O lâmpada Oled precisará ser trocada apenas uma ou duas vezes por década.

Existem outras instituições envolvidas nesse projeto?

(Laércio Silva) No projeto a Fundação Certi conta com o Instituto de Eletrônica e Potência (Inep), vinculado ao departamento de Engenharia Elétrica da UFSC, e o Laboratório de Materiais (Labmat), que está vinculado ao Departamento de Engenharia Mecânica da UFSC, sendo os nossos principais parceiros em Florianópolis. Há também o Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer em Campinas.

(Manuel Steidle) Além da própria Philips em Aachen (Alemanha), detentora desta tecnologia específica que usamos. Porque existem outras tecnologias paralelas. Esse projeto está permitindo que o Brasil tenha um domínio tecnológico em cima do desenvolvimento de produtos Oled. Estamos participando desse conhecimento agregado e, a partir daí, desenvolvendo tecnologia e produto. Estamos solucionando como soldar metal em vidro. Outro exemplo, com o Instituto de Eletrônica de Potência, vinculado ao departamento de Engenharia Elétrica da UFSC (Inep): o ciclo de vida uma lâmpada Oled é muito grande, mas não adianta trocar a eletrônica dela toda hora. Além disso, o Oled é uma lâmpada de vidro que pode ser colada no teto, logo sua eletrônica precisa ser miniaturizada.

Deixe seu comentário

avatar
  Subscribe  
Notify of